sexta-feira, 27 de abril de 2007

Amigo de Sócrates

Eusébio, a nossa maior glória do futebol, com a sua doença, foi o melhor amigo de José Sócrates. É que, desde que o «Pantera Negra» deu entrada no novo Hospital da Luz, o caso da licenciatura do PM ficou para segundo plano.
E, do lado do Grupo Espírito Santo, podem igualmente agradecer à melhor e mais económica campanha de marketing ao seu novo hospital. Se poucos sabiam da sua abertura, agora praticamente deve ignorar que existe.
Ah!, grande Eusébio, mesmo fora dos relvados, continua a marcar golos, seja lá em que baliza for.

Tiros no pé

Luís Filipe Menezes antecipou-se ao anunciar que Marques Mendes deverá ser o candidato à Câmara Municipal de Lisboa, em caso eleições antecipadas.
Contudo, formalmente Carmona Rodrigues não é arguido. Pelo menos para já. Por isso, Menezes terá dado um tiro no pé.
Percebe-se o segundo e o terceiro sentidos da sua proposta. E pode esta ser criticável por taticismo.
Mas não deixa de ser verdade que, se vierem a verificar-se eleições intercalares na autarquia da capital, este será um bom teste à popularidade do líder do PSD.
Por outras palavras, de modo atabalhoado e com excesso de taticismo à mistura, a proposta faz sentido.
A ver vamos...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Uma música com mais de 20 anos

Foi recuperada a música da Suzy Paula sobre o camelo "Areias".
Está engraçado. A sério... O YouTube está cada vez melhor.

Novas Oportunidades II

Ricardo Costa diz o essencial. Diz aquilo que é verdade. Infelizmente verdade.
José Sócrates terá iniciado uma viagem descendente, muito por sua culpa. Em exclusivo. Talvez por excesso de confiança e de ter deixado de medir bem o contexto que o rodeia, a verdadeira causa das coisas. Ainda só passaram dois anos e já perdeu contacto com o mundo real.
Convido-vos a lerem este breve artigo de Ricardo Costa, no Diário Económico de hoje.

Imperdível

Os últimos 30-40 segundos são uma maravilha face aos acontecimentos mais recentes. Foi no dia 14.10.2004, na Assembleia da República, era ele deputado e Santana Lopes Primeiro-Ministro.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Desafio feito pelo Zé Ná

Já disse ao Zé Ná que aceito o desafio para o Encontro de Bloggers do concelho de Abrantes e proponho mesmo que seja aberto à comunicação social.
O espaço dos blogs é cada vez mais influente em certos sectores e em determinados assuntos. Veja-se, por exemplo, o caso recente da licenciatura do Primeiro-Ministro: tudo começou no blog «Do Portugal Profundo».
Agora por cá, o Zé Ná deve marcar o dia, hora e local. Eu sugeri o dia 18 de Maio, uma sexta-feira, daqui a um mês. Mais do que tempo suficiente, penso eu.

Nova versão de «Os Lusíadas»

Recebi hoje mais um brinde. Não é que eu esteja já a levar este assunto muito a sério, mas o poema até tem piada.
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O Peito Ilustre Lusitano
(versão século XXI)
As equivalências e os termos assinados,
Que na ocidental raia Lusitana,
Por cursos nunca antes frequentados,
Passaram ainda além dos seis dias da semana,
Em betão armado e pré-esforçado,
Mais do que prometia a desfaçatez humana,
E entre gente bem mais douta edificaram
Novo currículo, que tanto sublimaram;
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E também as notícias gloriosas
Daqueles feitos, que foram omitindo
A Lisura, a Hombridade, as Virtudes valerosas
Das corporações que foram destroçando;
E aquele, que por obras viciosas
Se vai da lei da respeitabilidade libertando;
Sobranceiro, entre pares, no plenário,
Cantarei, se a tanto me ajudar o engenho sanitário.

Novelas & Novelos - Acto 3

Contaram-me uma vez que certo empresário do concelho de Abrantes era bastante avarento. Toda a vida o havia sido. Trabalhava arduamente, de sol a sol, poupava muito, pagava pouco aos seus empregados e colaboradores e vivia num tempo em que o regime permitia “abusos” sobre os trabalhadores (leia-se alguma exploração por via dos baixos salários, elevada disciplina e muita exigência em termos de horários e dias de trabalho efectivos). Os trabalhadores receavam afrontá-lo, alguns tinham-lhe respeito e medo ao mesmo tempo. Nas suas costas, porém, confessavam que não morriam de grandes amores por ele.
Diziam mesmo que era um homem que não dava nada a ninguém. E não dava mesmo nada, ou quase nada, porque tudo o que tinha havia-o obtido à custa do seu labor, do seu empreendedorismo, da sua dedicação, ainda que assente na dita exploração dos seus colaboradores mais directos. Como a maior parte dos pequenos empresários do antigo regime, as suas práticas eram consentidas e os silêncios mitigavam pensamentos contrários. Ao que me contaram ele sabia que não era amado pelos seus trabalhadores, mas nas aparências tudo corria pelo melhor dos mundos. O regime facilitava o surgimento e a sobrevivência deste tipo de empresários. Nem estou a criticar porque era o próprio sistema vigente que permitia a multiplicação desta classe empresarial.
Um certo dia, na sua fábrica, perdeu dois dedos. Logo um empregado mais afoito ganhou coragem e lhe terá dito: “até que enfim que o senhor dá alguma coisa a alguém!”.
Há gente que não dá nada; há gente que partilha. Há ainda aqueles que “dão um chouriço a quem lhe der um porco”.
Vem isto a propósito das medalhas de mérito municipal que este ano vão distinguir, em Abrantes, três personagens ilustres.
Um deles é o Arquitecto Duarte Castelbranco. Homem de grande percurso profissional e académico (formou-se com 20 valores!), ofertou parte do seu trabalho ao Município, sobretudo projectos e trabalhos que foi desenvolvendo ao longo da sua vida. Tem vasta obra física realizada no concelho, em especial na cidade, mas o seu legado é nacional. A sua indigitação recolheu votação unânime na reunião de câmara, por voto secreto. Talvez este reconhecimento até já pudesse ter sido registado no passado.
Outro é o senhor João Estrada. Vai permitir a criação do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, que integrará um Centro de Investigação em Arqueologia. As peças expostas serão definitivas, o que significa que a Fundação Estrada, que o homenageado dirige, coloca as peças para exposição para sempre.
Por fim, o escultor Charters de Almeida, que doou parte do seu espólio artístico ao Município, não sem que antes (ou ao mesmo tempo) o Município lhe compre uma escultura para ser colocada no espaço ribeirinho, no Aquapolis, na margem norte. Dizem que é descendente da família dos Almeidas. Daí a sua ligação a Abrantes.
O que têm em comum os homenageados? Todos deram algo ao Município. Por outras palavras, são homenageados (recebem o chouriço) em troca daquilo que deram (seja meio porco, um porco inteiro ou mesmo uma vara de porcos).
Não está em causa o que deram à comunidade, ao concelho, à cidade de Abrantes. Deram, por certo e essa sua atitude é louvável. Aparentemente serão homenageados pelo que deram ao Município de Abrantes, aquela entidade a que nos habituámos chamar Câmara Municipal de Abrantes (não é a mesma coisa, mas enfim, assim é mais fácil de entender).
É assim a política em Abrantes. É assim que vamos distinguindo os nossos ilustres cidadãos de mérito municipal. Não estou contra os homenageados mas contesto a forma como a maioria gere estas singelas comendas municipais.
Não digo que o reconhecimento que vai ser feito não seja justo. Provavelmente será justo, mais num caso do que noutros. O que digo é que aparenta ser merecedor desse reconhecimento quem dá algo que o Município aceita receber.
Com toda a franqueza, não é fácil aceitar esta mercantilização de um gesto que deveria ser, acima de tudo, de justa homenagem pelo que fizeram em prol da nossa comunidade.
Quantos abrantinos há que deram já tanto de si e não viram o seu amor e apego à terra ser reconhecido?
Posso dar alguns exemplos, correndo mesmo o risco de ser injusto para alguns e até criticado por outros.
Já no passado fiz parte de um grupo que propôs, sem sucesso, o nome de vários abrantinos cujo trabalho político, na sequência do 25 de Abril, justificava o reconhecimento da comunidade: José Vasco (médico e político), Daniel António (comerciante e político) e Elísio Moura (presidente de Junta de Freguesia), este último proposto ainda em vida.
Mas há muitos mais que, em meu entender, por tudo o que já fizeram por Abrantes poderão merecer semelhante distinção: Eurico Heitor Consciência e José Amaral (ambos advogados), Apolinário Marçal (empresário), José da Graça (sacerdote, penso que até já foi distinguido mas não tenho a certeza), Santos Lopes (escultor), António Rodrigues (autarca de Vale das Mós), Fernando Simão (empresário e homem de obra social), entre outros, cada um na sua área, cada qual com a sua profissão, todos com trabalho à vista na nossa comunidade. Há vários homens e mulheres de bons que não deram nada à câmara mas, sentimo-lo, deram à comunidade.
De uma coisa tenho a certeza: nenhum deles precisou de dar obra física ao Município para merecer ser distinguido. O que muitos fizeram, com horas de trabalho oferecidas, literalmente, à comunidade, com sentimento comunitário de altruísmo, de empreendedorismo, de arrojo, de inovação, faz-nos pensar se atribuir medalhas de mérito a três pessoas nas mesmas circunstâncias (“deste-me património, toma lá a medalha”), cheirando mais a mercantilização da “comenda” do que a acto genuíno de reconhecimento, não fará criar a sensação, nos homenageados, de não ser esta a forma que algum dia sonharam (se é que o fizeram algum dia?) de virem a ser homenageados pela cidade de Abrantes.
A atribuição de medalhas de mérito deveria ser um motivo de festa, de alegria, de reconhecimento desprendido da comunidade pelo esforço de alguns para o engrandecimento da nossa comunidade. O que é diferente da apreciação material sobre o património tangível que nos deixam para museus e espaços de exposição.
Mercantilizar as medalhas de mérito corre o risco de diminuir a homenagem que se pretende fazer. E, ao fazê-lo, prestamos um mau serviço à comunidade e aos próprios homenageados. Poderei estar a ser injusto? Talvez.
Mas, afinal, quais os critérios que ainda subsistem para a atribuição da Medalha de Mérito Municipal?
(Disponível em 19.04.2007 na edição impressa de «Primeira Linha»)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Novas Oportunidades



Recebi também via mail esta linda imagem do programa Novas Oportunidades.

We have kaos in the Garden II

Ainda melhor:

We have kaos in the Garden

Vale a pena uma visita. Oh se vale, sim senhor:

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Webpolls


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Vale o que vale. Mas vale!

José Sócrates safou-se mas não esclarece tudo e há dúvidas que permanecem

Começo a escrever estas breves notas sem ter lido jornais ou blogues que analisem o desempenho do Primeiro-Ministro na sua entrevista à RTP.
Não estou, pois, condicionado por outras visões.
A primeira nota é para a fraca agressividade dos entrevistadores, em especial de Maria Flor Pedroso.
Depois, no geral, José Sócrates convenceu-me. Não explicou bem as razões porque mudou para a UnI, não foi hábil a explicar os motivos que o levaram, em 1992, a preencher dois impressos na Assembleia da República (um deles assumindo-se como Engenheiro Civil - não cedeu à tentação da vaidade!) e não ficou para mim claro porque razão Luís Arouca fez questão de lhe ministrar inglês técnico.
Porém, foi hábil e o balão terá começado a esvaziar.
Contudo, repito: esta amolgadela no carácter do Primeiro Ministro vai ficar para sempre marcada.
Parece que a TVI fez uma sondagem sobre o que pensam os portugueses de todo este episódio. Não a conheço ainda mas admitdo que a imagem do Primeiro-Ministro não tenha sido fortemente afectada. Pelo menos a do Governo que ele lidera.
Até porque a oposição continua a fazer má oposição, na minha modestíssima opinião. Então esta saída de Marques Mendes de pedir uma inspecção ao assunto parece-me fora de tempo. Não é que José Junqueiro tenha razão quando diz que o Primeiro-Ministro explicou cabalmente a sua situação. Não o fez, como já disse, segundo o meu juízo. Mas a atitude de Marques Mendes parece-me um tiro à toa, que não acerta, uma vez mais, no alvo.
Mas, claro, isto é apenas a minha opinião.
Dita num momento de especial angústia: é que o Benfica acabou de ser eliminado pelo Español, de Barcelona. E isso, podem crer, é muito mais importante para os portugueses do que o folhetim das habilitações do Primeiro-Ministro (para mim não é mas para a maioria dos portugueses é, de certeza).

quarta-feira, 11 de abril de 2007

É hoje

Aguardo, como muitos portugueses, quais as explicações do Primeiro-Ministro para o caso das suas habilitações literárias.
Certo é, para mim, que a sua credibilidade já ficou irreversivelmente danificada após este episódio grotesco. E as notícias de hoje não ajudam nada: afinal são os deputados que declaram as suas habilitações literárias.
Deixo apenas aqui uma questão, para a qual não procuro resposta: e se este episódio se tivesse verificado com um dos anteriores PM's, sei lá, assim tipo Durão Barroso? Ou, melhor ainda, se tivesse sido Santana Lopes. Como ririam os chacais do PS? E quão catatónico estaria, por esta altura, o nosso país?
Há tempo para tudo. Para tudo. O tempo tudo traz, tudo leva, tudo resolve. Os Presidentes da República podem ter ganho o hábito de quererem ouvir os portugueses. Mais cedo ou mais tarde!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Os partidos e os militantes

Os partidos políticos são organizações complicadas. Porquê?
Porque os seus dirigentes, em geral, são complicados. São sinuosos, perigosos e não conhecem a vida banal da generalidade das pessoas. Vivem num mundo pseudo-elitista de uma nova burguesia que chegou ao poder e se tem alimentado do regime democrático do pós-25 de Abril, num verdadeiro regime de alternância de bloco central, onde coabitam pacificamente gente de várias tendências e linhas de orientação, para as quais, já há muito, as ideologias caíram para darem lugar às conveniências do aggiornamento colectivo.
Esta acusação é grosseira mas não deixa de estar correcta. No partido a que pertenço, há militantes que pensam que são donos da instituição. Alguns desses militantes são pessoas que nunca tiveram vida profissional (agora até podem já ter, mas é derivada da sua passagem pela política, quando o desejável seria que a sua actividade política derivasse da sua carreira profissional).
Por outras palavras, sempre houve e sempre haverá carreiristas da política. Os quais coabitam com outras pessoas, que têm vida própria, profissão, carreira, percurso, para além da participação cívica que fazem através dos partidos políticos.
Os partidos, em geral, estão dessintonizados dos portugueses. Por isso se regista esta crise de valores e a mais gritante crise de identificação entre o povo e os partidos. Não há causas novas, não há modelos novos, não há ideias novas. Porque os partidos são feitos de pessoas que não são novas, que estão cheias de vícios de comportamentos e de visão, que julgam que conhecem as dificuldades que as pessoas sentem mas em que, na realidade, isso lhes passa ao lado, etc, etc, etc.
Voltarei ao assunto, para continuar daqui para a frente.