Todos os dias parece haver novidades.
Ontem foi dia de novas decisões quanto ao futuro do Hospital de Abrantes.
A partir do próximo dia 24 de Julho, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Cirurgia vão ter de sair de Abrantes. Pelo menos, provisoriamente. Porquê?
Parece que, faz hoje oito dias, foi desbloqueada finalmente a verba para a realização das obras tão necessárias e tão urgentes no bloco operatório de Abrantes. Ainda bem que assim é.
Tecnicamente, faz sentido que, durante as obras (período aproximado de 3 meses) os serviços que requerem utilização do bloco operatório tenham de ser transferidos para outras unidades do CHMT. Otorrino vai para Torres Novas, Ortopedia e Cirurugia para Tomar.
Abrantes não tinha tecnicamente condições para continuar a manter aqui esses serviços, porque resta o bloco de partos. Manifestamente insuficiente, apesar de alguns profissionais de Abrantes terem feito alguma pressão nesse sentido. A Directora Técnica do CHMT terá argumentado bem e a sua posição prevaleceu. Disseram-me que é uma posição que, do ponto de vista técnico, é inatacável.
Coisa diferente é levar os serviços atrás. Aí poderão não existir argumentos tão sólidos que o justifiquem. Explico melhor: aceita-se que as cirurgias de ortopedia sejam feitas em Tomar mas que sentido faz levar o internamento pré e pós-operatório também para Tomar (ou para Torres Novas, no caso da Otorrino)? Porque foram disponibiliadas 26 camas em Tomar e arranjaram carrinhas para transportar os enfermeiros e demais pessoal do serviço de Ortopedia para Tomar? O serviço podia ser mantido aqui. Deslocando o serviço, vão as rotinas do serviço atrás e, depois, como assegurar o regresso do serviço a Abrantes?
Já existe historial de a Ortopedia fazer cirurgias em Tomar mas mantendo-se o internamento em Abrantes. O que agora querem fazer é diferente e não concordo, enquanto cidadão atento às questões da saúde.
Sabe-se que as urgências destas valências regressarão (aliás, a urgência de Cirurgia vai manter-se aqui durante todo o tempo), mas regressarão as rotinas e os serviços depois de terem sido transferidos para Tomar e Torres Novas?
"Gato escaldado de água fria tem medo!"
Este é que o cerne da questão: por detrás de um motivo de natureza técnica, podem estar a preparar mais um golpe, um rude golpe, para as aspirações do Hospital de Abrantes. Se assim for, será uma forte machadada no futuro do Hospital de Abrantes dentro do CHMT.
Por isso, resta-nos uma alternativa: o Ministro da Saúde ou, no mínimo um Secretário de Estado da tutela, tem de prestar garantias que os serviços agora transferidos provisoriamente, com argumentos técnicos válidos a sustentar essas decisões, após a realização das obras no bloco operatório de Abrantes, regressam à sua origem, por inteiro.
É este o desafio presente e mais premente para os profissionais de saúde, a população, o poder local e os partidos políticos. Todos juntos temos de conseguir garantir este compromisso da parte do Governo. Só o Governo o pode garantir; já não nos podemos ficar pelas palavras e boas intenções dos dirigentes locais/regionais. Até porque já vimos o que sucedeu com a Urologia, em que nos garantiram que uma coisa ia acontecer e, na prática, sucedeu o seu contrário.
Estamos mais atentos do que nunca mas será a população capaz de reagir com iniciativa e vigor?
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