Arrumada que foi a questão da governação do país - independentemente do excesso de zelo de Jorge Sampaio, que não perdoo pela exibição de dois pesos e duas medidas - com a derrocada do santanismo, consumada depois com a ascensão de Marques Mendes a líder do PSD, resolvido ainda o drama da morte e sucessão de João Paulo II e Rainier III do Mónaco, com o Benfica a liderar a tabela classificativa da Liga Profissional de Clubes, enquanto o Verão não estala e não surge a tradicional época dos fogos dramáticos e catastróficos, cujos contornos deverão ser adensados este ano com os efeitos da seca, enquanto também não fica mais intensa a campanha eleitoral autárquica, começa a ser evidente o vazio reformista que é tradição dos governos socialistas.
É caso para dizer que até já tinha saudades da velha tradição anestésica socialista no poder governativo.
Não sei como conseguem estes feitos os socialistas mas, pelo seu modo de estar no Governo da República, transparece sempre a ideia de que temos muito tempo pela frente para mudarmos o que tem de ser mudado, que não há pressas em decidir sobre matérias que sabemos serem urgentes e inadiáveis, que os combates dolorosos em matéria de combate ao déficite público, de redução da despesa pública primária, de relançamento da economia e de aumento da competitividade e produtividade nacionais são para irmos, de modo tranquilo e sereno, fazendo como se não fossem essenciais e prioritários, como se fossem missões secundarizadas, pormenores a que com o tempo - e se houver tempo - alguém dará resposta. Se der...
Não vislumbro nenhuma vaga reformista em José Sócrates. Vejo imagem, aparência, um look high-tech mas não vejo robustez, determinação, coragem e empenho em torno das reformas de que o país precisa.
Vejo, isso sim, um rápido saneamento de quadros dirigentes, empreendidos pelo Ministro Vieira da Silva; em dias consecutivos, "limpou" o Instituto do Emprego e Formação Profissional e o Instituto de Segurança Social. Eficaz, rápido e contra o que andaram a dizer aos portugueses. Não fico surpreendido, vá-se lá saber porquê. É o habitual "ruído dos boys e dos jobs" de que fala Pedro Adão e Silva, ex-secretário de Estado de António Guterres na sua crónica de opinião publicada hoje no Diário Económico.
É caso para dizer que até já tinha saudades da velha tradição anestésica socialista no poder governativo.
Não sei como conseguem estes feitos os socialistas mas, pelo seu modo de estar no Governo da República, transparece sempre a ideia de que temos muito tempo pela frente para mudarmos o que tem de ser mudado, que não há pressas em decidir sobre matérias que sabemos serem urgentes e inadiáveis, que os combates dolorosos em matéria de combate ao déficite público, de redução da despesa pública primária, de relançamento da economia e de aumento da competitividade e produtividade nacionais são para irmos, de modo tranquilo e sereno, fazendo como se não fossem essenciais e prioritários, como se fossem missões secundarizadas, pormenores a que com o tempo - e se houver tempo - alguém dará resposta. Se der...
Não vislumbro nenhuma vaga reformista em José Sócrates. Vejo imagem, aparência, um look high-tech mas não vejo robustez, determinação, coragem e empenho em torno das reformas de que o país precisa.
Vejo, isso sim, um rápido saneamento de quadros dirigentes, empreendidos pelo Ministro Vieira da Silva; em dias consecutivos, "limpou" o Instituto do Emprego e Formação Profissional e o Instituto de Segurança Social. Eficaz, rápido e contra o que andaram a dizer aos portugueses. Não fico surpreendido, vá-se lá saber porquê. É o habitual "ruído dos boys e dos jobs" de que fala Pedro Adão e Silva, ex-secretário de Estado de António Guterres na sua crónica de opinião publicada hoje no Diário Económico.
Quanto tempo dura um "estado de graça"? E que graça tem prolongar um estado de graça quando se sabe que maior será a desgraça que se lhe vai seguir, desgraçando a esperança e o horizonte das pessoas?
Hermínio Santos, editor executivo do Diário Económico refere que José Sócrates está cada vez mais empenhado na "blairização" da política portuguesa, passando-se (de modo farsante, acrescento eu) por um nóvel Blair à portuguesa. Uma imitação de segunda ou terceira categoria.
O país vive assim anestesiado. Uma anestesia colectiva que envolve líderes de opinião, sindicatos, patrões, corporações.
"O que faz falta é agitar a malta, é o que faz falta". Nunca foi tão verdade como agora. Nem que seja para acordar as mentes entorpecidas, adormecidas, encortiçadas que se estão a deixar levar pelo cantar doce que adormece as mentes das pessoas que ainda resistem e pensam, que não se deixam levar por esta hipnose profunda que causa letargia colectiva e atrasa o país.
Socialismo igual a imobilismo? Parece que sim, pelo menos não vejo medidas de fundo, reformas estruturais, coragem de mudar.
Assim não vamos lá.
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