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"O conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) vai ser substituído por decisão do Ministério da Saúde, que alega "insuficiência funcional", tendo o seu presidente pedido a cessação da comissão de serviço para passar à aposentação.
O presidente do conselho de administração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), António Gomes Branco, disse à Lusa que a decisão de exoneração e nomeação de nova administração foi comunicada aos responsáveis do CHMT na passada sexta-feira.
Segundo disse, o Ministério da Saúde quer substituir o actual conselho de administração do CHMT (que reúne os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas) por "insuficiência na resposta ao que é preciso fazer" naquela unidade de saúde, o que se concretizará depois de firmado o acordo entre as duas tutelas, Saúde e Finanças.
Frisando que a substituição da actual administração do CHMT "não é uma emergência", uma vez que na base da decisão não está qualquer "queixa administrativa gravosa" mas apenas uma "insuficiência funcional", o presidente da ARS-LVT adiantou que a metodologia seguida, de informar primeiro os interessados, "leva o seu tempo".
"A apreciação feita é a de que a equipa (em funções) tem sido insuficiente na resposta ao que é preciso fazer", afirmou, sublinhando que "não há matéria disciplinar nem suspeita de irregularidades".
Silvino Alcaravela, presidente do conselho de administração do CHMT, admitiu que, após dois anos de mandato, a equipa que lidera tem revelado "algumas dificuldades de funcionamento por diversidade de perspectivas", o que, aliado a uma envolvente externa de "conflito", o levaram a concluir que "não há condições para manter a liderança".
Este facto aliado à situação de poder aposentar-se levou a que solicitasse, "há mais de um mês", a cessação da comissão de serviço, disse à Lusa.
Silvino Acaravela adiantou que no último ano trabalhou com a ARS e o Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde na definição da estratégia para o CHMT, a qual gerou divergências no seio do próprio conselho de administração mas que acredita ter traçado cenários que, no seu entender, poderão dar "algum equilíbrio estrutural" a uma unidade que assenta em três hospitais.
No seu entender, a situação complexa do CHMT decorre do facto de se estar perante uma unidade "hiperdimensionada" e com um grau de subutilização "muito elevado" - com capacidade para 800 camas, tem uma ocupação de pouco mais de 50 por cento (450).
Por outro lado, o paralelismo de serviços e a dispersão geográfica geram "só por si uma insuficiência significativa", além de que a dispersão torna difícil a atracção de recursos humanos, acrescentou.
"Qualquer mexidela que se faça é sentida tanto interna como externamente, o que perturba" o funcionamento da unidade, a qual revela "défices estruturais que apenas têm sido adocicados pelas cláusulas de convergência", afirmou.
Segundo disse, em 2006, a administração do CHMT conseguiu conter a despesa, que teve um crescimento zero em relação ao ano anterior, mas "o défice continua a ser muito elevado", o que torna "estruturalmente difícil" qualquer intervenção, a qual também não é facilitada pela envolvência externa.
Em 1998 foi elaborado um plano de complementaridades entre os três hospitais que integram o Centro Hospitalar do Médio Tejo, tendo a discussão sobre a distribuição das valências e urgências voltado a gerar polémica depois da publicação do estudo de reorganização das urgências apresentado no final de 2006 pelo Ministério da Saúde.
O aparecimento das urgências de Tomar e Torres Novas com a classificação de "básicas", mantendo-se apenas a de Abrantes como "médico-cirúrgica", originou forte reacção dos órgãos autárquicos dos dois primeiros municípios, com o Ministério a assumir o compromisso de que nada se alterará para já em relação ao previsto no plano de 1998.
Os ânimos também se agitaram em Abrantes, que alegou não aceitar a perda de algumas valências, tendo o primeiro-ministro assegurado a um grupo de manifestantes que saíram à rua no dia em que inaugurou o açude no Tejo que não haveria alterações em relação ao previsto."
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