segunda-feira, 2 de julho de 2007

Médio Tejo: Administração do Centro Hospitalar vai ser substituída por decisão da tutela

"O conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) vai ser substituído por decisão do Ministério da Saúde, que alega "insuficiência funcional", tendo o seu presidente pedido a cessação da comissão de serviço para passar à aposentação.
O presidente do conselho de administração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), António Gomes Branco, disse à Lusa que a decisão de exoneração e nomeação de nova administração foi comunicada aos responsáveis do CHMT na passada sexta-feira.
Segundo disse, o Ministério da Saúde quer substituir o actual conselho de administração do CHMT (que reúne os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas) por "insuficiência na resposta ao que é preciso fazer" naquela unidade de saúde, o que se concretizará depois de firmado o acordo entre as duas tutelas, Saúde e Finanças.
Frisando que a substituição da actual administração do CHMT "não é uma emergência", uma vez que na base da decisão não está qualquer "queixa administrativa gravosa" mas apenas uma "insuficiência funcional", o presidente da ARS-LVT adiantou que a metodologia seguida, de informar primeiro os interessados, "leva o seu tempo".
"A apreciação feita é a de que a equipa (em funções) tem sido insuficiente na resposta ao que é preciso fazer", afirmou, sublinhando que "não há matéria disciplinar nem suspeita de irregularidades".
Silvino Alcaravela, presidente do conselho de administração do CHMT, admitiu que, após dois anos de mandato, a equipa que lidera tem revelado "algumas dificuldades de funcionamento por diversidade de perspectivas", o que, aliado a uma envolvente externa de "conflito", o levaram a concluir que "não há condições para manter a liderança".
Este facto aliado à situação de poder aposentar-se levou a que solicitasse, "há mais de um mês", a cessação da comissão de serviço, disse à Lusa.
Silvino Acaravela adiantou que no último ano trabalhou com a ARS e o Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde na definição da estratégia para o CHMT, a qual gerou divergências no seio do próprio conselho de administração mas que acredita ter traçado cenários que, no seu entender, poderão dar "algum equilíbrio estrutural" a uma unidade que assenta em três hospitais.
No seu entender, a situação complexa do CHMT decorre do facto de se estar perante uma unidade "hiperdimensionada" e com um grau de subutilização "muito elevado" - com capacidade para 800 camas, tem uma ocupação de pouco mais de 50 por cento (450).
Por outro lado, o paralelismo de serviços e a dispersão geográfica geram "só por si uma insuficiência significativa", além de que a dispersão torna difícil a atracção de recursos humanos, acrescentou.
"Qualquer mexidela que se faça é sentida tanto interna como externamente, o que perturba" o funcionamento da unidade, a qual revela "défices estruturais que apenas têm sido adocicados pelas cláusulas de convergência", afirmou.
Segundo disse, em 2006, a administração do CHMT conseguiu conter a despesa, que teve um crescimento zero em relação ao ano anterior, mas "o défice continua a ser muito elevado", o que torna "estruturalmente difícil" qualquer intervenção, a qual também não é facilitada pela envolvência externa.
Em 1998 foi elaborado um plano de complementaridades entre os três hospitais que integram o Centro Hospitalar do Médio Tejo, tendo a discussão sobre a distribuição das valências e urgências voltado a gerar polémica depois da publicação do estudo de reorganização das urgências apresentado no final de 2006 pelo Ministério da Saúde.
O aparecimento das urgências de Tomar e Torres Novas com a classificação de "básicas", mantendo-se apenas a de Abrantes como "médico-cirúrgica", originou forte reacção dos órgãos autárquicos dos dois primeiros municípios, com o Ministério a assumir o compromisso de que nada se alterará para já em relação ao previsto no plano de 1998.
Os ânimos também se agitaram em Abrantes, que alegou não aceitar a perda de algumas valências, tendo o primeiro-ministro assegurado a um grupo de manifestantes que saíram à rua no dia em que inaugurou o açude no Tejo que não haveria alterações em relação ao previsto."

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