terça-feira, 31 de outubro de 2006

O que pensam as estruturas dirigentes do PSD sobre tudo isto?

Um comentário ao anterior post coloca uma coisa a nú: o PS atravessa um mau momento em Abrantes mas o PSD está dividido.
Já o Engº Bioucas na semana passada me dizia que, se um lado chove, do outro está molhado. Não vem aqui ao caso o que eu lhe disse sobre isso e sobre os dois lados em questão - leia-se PS e PSD.
Demiti-me para ajudar a fortalecer o PSD, também. Porque havia gente com vontade de fazer mais e melhor. Porque havia gente a criticar-me, como se os resultados obtidos, em parte contra alguns militantes do próprio PSD, tivessem sido fracos. Não foram os desejáveis mas contribuí para consolidar um espaço de crescimento do PSD em Abrantes, mesmo quando pedi ajuda a militantes ditos "históricos" e esta me foi negada (hoje posso dizer isso). E houve as recentes ingerências de responsáveis distritais em todo o processo. Inadmissíveis. A gota de água. Pensavam que eu estava "agarrado" a tudo isto mas "tudo isto" vale pouco comparado com outros valores da vida.
Na verdade, quando uma Comissão Política de Secção se demite, o nível acima, neste caso a recém-eleita Comissão Política Distrital deve assumir esse vazio. Eu já não represento o PSD de Abrantes, desde a tarde em que me demiti.
Abrantes é - penso eu - um dos concelhos mais importantes em termos de dimensão e expressão política no distrito de Santarém.
Abrantes é - penso eu - um concelho onde a aposta deve ser forte.
Abrantes é - tenho a certeza - a par com Torres Novas, um dos maiores concelhos que não é liderado por autarcas eleitos em listas do PSD. Santarém, Tomar e Ourém são, juntamente com outros mais pequenos, como Sardoal, Mação e Ferreira do Zêzere, a que se junta Entroncamento, num patamar intermédio.
Abrantes é - penso eu - um concelho a ganhar em 2009. E isso tem de ser interiorizado pelos dirigentes do PSD. Neste caso, com vazio concelhio, a distrital deveria aproveitar as brechas recentes no PS abrantino.
Na sexta-feira da semana passada, soube-se da cisão entre NC e AS. No Sábado reuniu a Comissão Política Distrital do PSD.
Claro, estão a imaginar que este assunto esteve em discussão e que foi gizada uma estratégia para ganhar vantagem no terreno, não é?
Errado. As conclusões tornadas públicas dessa reunião foram duas:
"1. No sentido de contribuir para a clarificação e transparência das contas partidárias, dando particular atenção aos sucessivos reparos que têm sido tornados públicos pelo Tribunal Constitucional e pelo Tribunal de Contas, oficializar a contratação de um Técnico Oficial de Contas que assumirá a responsabilidade de contabilizar, consolidar e certificar todas as organizações contabilísticas dos órgãos distritais e de todas as Comissões Políticas Concelhias do PSD do distrito e Santarém.
2. Convocar para o próximo dia 6 de Novembro (segunda-feira) a Comissão Política Distrital do PSD de Santarém (que reúne a CPPD com todas as Comissões Políticas Concelhias, a JSD, os TSD e os Autarcas Sociais Democratas) para discussão e análise do Orçamento de Estado para 2007 e os investimentos previstos no PIDDAC para o distrito (que será votado na Generalidade, essa semana, na Assembleia da República, iniciando-se - logo de seguida - a discussão na Especialidade, momento político onde podem ser apresentadas propostas de alteração)".
É claro que tudo isso pode ser importante, mas parece que sempre tudo é mais importante do que Abrantes.
Hoje, passaram 5 dias da cisão entre NC e AS, há afirmações sérias e acintosas de AS sobre a qualidade da gestão do Município, do qual o próprio acaba de sair, enquanto detentor nº2 de responsabilidade, e nem mesmo assim as estruturas representativas do PSD reagem oficialmente a nada.
Este espaço é individual, de um cidadão, que não detém qualquer cargo oficial na estrutura do PSD.
Para que conste, estou apenas a avisar.
Penso - e sublinho - que as estruturas dirigentes distritais do PSD - e porque não as há concelhias neste momento - deveriam ter sido mais lestas a reagir. Mas não, parece que continua a mesma dedicação a este concelho.
Pode ser que Vasco Cunha e seus pares - entre os quais um militante do PSD de Abrantes, mesmo como suplente, que é autarca em Sardoal - ainda vão a tempo de perceber que é preciso explorar este episódio. Em política, é preciso ser-se implacável. Vejam o recente exemplo dado por NC: nem o seu nº2 escapou.
Pode ser que os próximos dirigentes tenham melhor sorte. É isso que eu desejo. Com vitórias, nesta fase anunciada de declíneo do projecto socialista no concelho de Abrantes.

Ainda a história de Albano Santos e Nelson Carvalho

Pina da Costa, actual Vice-Presidente da CMA, entregou ontem um documento na reunião semanal, onde apresenta a justificação oficial que Nelson de Carvalho alega existir para ter perdido a confiança funcional em Albano Santos. Terá sido por causa da falta de articulação entre ambos, já que NC iria para o estrangeiro e AS deveria ficar a substituí-lo, como é habitual.
Na reunião semanal, disse logo que achava o motivo muito curto. Admiti - e ainda admito - ser um acumular de situações. E, no anterior post, disse aqui que tinha tido acesso a outras informações, com outras razões.
Hoje, Albano Santos emite um comunicado seu e vai ao encontro das razões que eu conheço, porventura mal, mas já são vox populi.
Albano Santos diz algumas coisas que revelam a sua mágoa profunda para com Nelson de Carvalho. E diz outras que carecem de mais aprofundamento.
Vejamos:
- "Recuso-me a entrar em pormenores que exponham ainda mais o complicado momento da gestão camarária, e o sentimento dramático de fim de ciclo". É ele quem o afirma e sublinho: complicado momento da gestão camarária. Quão complicado e complicado porquê? Passa-se algo que fuja à normalidade, na gestão do Município? Mais, sentimento dramático de fim de ciclo. Essa é uma constatação que já faço há algum tempo. Agora acentuada. Nelson de Carvalho já "arrumou" com Jorge Couceiro, Helder Silvano, Júlio Bento e agora Albano Santos. Umdia há-de querer que alguém lhe suceda. Quem? Quem, agora, neste dramático fim de ciclo, nas palavras de Albano Santos?
- "Recuso-me a entrar neste momento de desorientação pessoal, mas acredito que pontual do Dr. Nelson de Carvalho". Admite, por isso, que NC anda desorientado. Até que ponto? E até que ponto isso afecta, em seu entender, a capacidade plena para continuar a gerir os destinos do Município. Até porque, mais à frente, AS refere que "neste momento precisa de ajuda. De toda a ajuda possível para ultrapassar esta situação" e ainda mais à frente que "esta é na minha opinião, uma crise entre Nelson de Carvalho e ele próprio". Bom, tenho uma leitura sobre o significado destas palavras, mas recuso-me a partilhá-la aqui. Se bem percebo o que AS chama a NC, nesta altura...
- "Vai ter a minha ajuda construída com silêncios oportunos, desde que, dentro do PS e da Câmara, não insistam em por em causa o meu bom nome, a honra, o profissionalismo e a dedicação à causa pública que já demonstrei ter", diz AS. Noto aqui uma ameaça velada. Se não me chatearem, até fico calado; se me chatearem, posso falar de algumas coisas que sei, poderá ser esse o significado desta frase. Pelo que conheço de NC e a alergia que tem a ameaças, a coisa não vai ficar por aqui.
- "O despacho do Presidente de revogação da minha nomeação como Vereador a tempo inteiro e como vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes é consequência natural da minha manifestação clara de perda de confiança pessoal e política no Dr. Nelson de Carvalho", escreve ainda. Afinal, não foi NC quem perdeu confiança funcional em AS - foi este quem perdeu confiançan pessoal e política em NC.
- "Essa perda de confiança pessoal deve-se ao facto de o Presidente ter posto em causa de forma muito grave a minha Palavra. Não lhe admiti que o fizesse. Não lho admito. Entendi essa atitude como mais uma tentativa de desautorização, como outras que já tinha tentado". Afinal, já havia mais chatices para trás, a coisa não era de agora apenas, tal como eu - e muitos - deduzimos. Já agora, convinha aprofundar que palavra foi posta em causa, em que contexto e a quem tinha sido dada. Julgo saber mas é preciso clarificar. Até porque a palavra terá sido dada a alguém que até terá ficado satisfeito com a exoneração de AS das suas funções, ao que me contaram. Não quero acreditar mas...
- "Recuso-me a entrar em confrontos que ponham em causa o meu próprio trabalho em prol de um projecto político para o concelho, no qual acredito, pelo qual dei muito, mesmo muito e pelo qual alterei a minha vida pessoal e profissional". Aqui, a mágoa vem claramente acima. AS reclama que mudificou a sua vida pessoal e profissional e que deu muito, muito mesmo de si para, afinal, acabar como pretenso mau da fita, saindo pela porta pequena, de modo inglório.
- "Os diferendos são naturais e são resultantes apenas de diferentes visões sobre o exercício da actividade da Câmara Municipal. Somos de gerações diferentes e com formações diferentes. Não existem outras razões". Acredito. Mas para haver visões diferentes, não pode ser de agora, assim de repente. Lá volto ao que antes dizia: as coisas já se vinham acumulando desde há tempos.
- O Comunicado termina dizendo que a relação futura de AS com a CMA "será tomada apenas depois da reunião da Comissão Política Concelhia do PS na Sexta-feira dia 3 de Novembro". Deque modo é que isto encaixa na sua vontade de continuar a desenvolver projectos para Abrantes? Não sei. AS vai continuar na CMA, como vereador em regime não presencial? Vai sair?
Aguardemos. Pode ser que me engane, mas este assunto ainda vai continuar a render durante mais algum tempo. A fractura é grande, grave e exposta.

Política nacional versus política local

Numa altura em que o tema dominante na política abrantina é a saída de Albano Santos (AS) do cargo de Vice-Presidente da CMA, com perda total de confiança funcional por parte do Presidente da Câmara, perda de tempo inteiro e perda de pelouros, entendi não falar, para já, desse assunto.
Outros, muito mais afoitos na arte de enterrar os vivos e ignorar os desfalecidos em combate, fá-lo-ão de modo muito mais eficaz. Não faltam comentadores sobre o assunto, alguns sob a capa da falsa carpideira, entoando loas e hinos a um e a outro lados.
Há dias, um desses articulistas ou comentadores oficiais, dizia que era preciso esperar para ver se os militantes do PS estariam do lado de Nelson Carvalho (NC) ou do lado de AS. Para mim, essa questão nem se coloca e colocá-la é uma patetice meramente doméstica, própria de um modo provinciano e narro de ler a política. Digo porque penso assim: há pessoas que até podem confortar AS, dar-lhe alento, telefonar-lhe a manifestar solidariedade e a dizerem que ele é o gajo mais porreiro do mundo (?!?) mas, como sucede sempre, estarão do lado de quem tem o poder, as benesses e os empregos. Logo, NC ganhou este confronto aprioristicamente. O que importa saber é qual vai ser o comportamento subsequente de AS e durante quanto tempo manterá a constância nesta nova fase da sua carreira política. Até porque a sua saída da CMA, nas funções que detinha, terá deixado algumas pessoas de sorriso contido nos lábios. Bem o sei.
E a razão invocada no Despacho de Nelson Carvalho para a quebra de confiança funcional, na minha opinião, não colhe. É um argumento fraco. Férias e representação institucional no estrangeiro resolviam-se com diálogo. O problema a sério deve ser outro. Colhi algumas informações adicionais mas, para já, prefiro não falar disso.
Bom, disse que não falaria desse assunto e já me alonguei.
O Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Miguel Frasquilho, enviou-me um PDF contendo a visão dos parlamentares do seu (e meu) partido sobre o OE’2007. Acho bem esta relação com as estruturas de base, ainda por cima porque, não sendo já presidente da concelhia do PSD de Abrantes, ainda tenho direito a algumas mordomias.
Miguel Frasquilho (MF) diz aquilo que já era sabido: “o traço fundamental que resulta do Orçamento do Estado para 2007 (OE’2007) é a incapacidade do Governo de controlar e reformar a despesa pública em Portugal”. Ou seja, põe a nu aquilo que tem andado escondido, sob o manto dos números de ilusionismo que o Engº Pinto de Sousa (José Sócrates, para os amigos, que o tratam pelos primeiros nomes) tem vindo a fabricar e que Pacheco Pereira colocou a descoberto na última semana, no programa de televisão “Quadratura do Círculo”.
Na verdade, a despesa total aumenta, a despesa corrente aumenta e a despesa corrente primária (que exclui os juros da dívida pública) aumenta também. Tudo aumenta em termos absolutos. Paradoxalmente, diminui no peso do PIB; porque a economia deve crescer a ritmo mais acelerado em 2007 e atenua o aumento da despesa do Estado. Isso pode deixar-nos felizes? Não, de todo. A verdade é que a promessa de estancar o aumento da despesa pública continua a fracassar.
O Governo mentiu quando disse que não aumentaria impostos. O Governo mentiu quando disse que não iriam ser colocadas portagens reais nas até aqui estradas SCUT. O Governo mentiu quando disse que a despesa do Estado iria diminuir. O Governo mentiu em muitas mais coisas. Como mentem muitos Governos.
Mas qual teria sido o resultado das eleições legislativas em que o Primeiro Ministro veio a vencer com maioria absoluta se este tivesse dito, olhos nos olhos, que os impostos teriam, inevitavelmente, de aumentar e que o eixo litoral norte iria ter portagens reais? Só falo nestas duas medidas emblemáticas, mas poderia recorrer a outras.
Qual teria sido o resultado final das eleições legislativas que Sócrates (vá lá, já o chamo pelo nome próprio) não fosse um mentiroso que nos engana todos os dias, controlando a propaganda que a comunicação social pode e deve difundir?
E onde é que desce a despesa pública? Nos custos de estrutura, na reorganização da máquina do Estado? Não. O corte é onde é mais fácil cortar e onde a arte e o engenho não são precisos. Corta-se no investimento público.
Alguns poderão dizer que se o corte é no investimento público, pelo menos o aeroporto da OTA e o TVG ficam adiados para as calendas. Errado! Esses são dos poucos projectos – cuja lógica de estímulo à competitividade nacional não se vislumbra – que vão continuar no OE’2007 como prioridade de investimento público.
O OE’2007 traz mais carga fiscal às famílias: aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos, aumento do IRS para os pensionistas (com a redução da dedução específica), aumento do imposto sobre o tabaco (acho bem, mas não deixa de ser mais um aumento), aumento da contribuição dos funcionários públicos para a ADSE (já explico melhor esta questão), final da isenção de contribuição para a ADSE por parte dos reformados da função pública.
Esta visão permite conter a despesa mas não consolida a diminuição do peso do Estado na economia. Porque as verdadeiras reformas na máquina do Estado estão todas por fazer, tal e qual como quando o PM assumiu o país, prometendo duras reformas em paralelo com os sacrifícios que pedia aos portugueses. Por isso, mentiu uma vez mais.
Por fim, por agora, gostaria de explicar a questão da ADSE. Porque é que a ADSE precisa de mais dinheiro? Porque as despesas aumentaram, acompanhando a trajectória normal da inflação e os salários da função pública têm estado praticamente congelados desde há anos. Como a ADSE vai buscar uma percentagem dos salários dos trabalhadores do Estado, o valor absoluto não aumenta – porque os salários não aumentam. Mas a despesa suportada pelo sistema ADSE aumentou e entrou em crise de défice de financiamento. Como o Estado não quer repor valores dos salários aos seus trabalhadores, opta por onerá-los mais para alimentar o sistema ADSE. E depois, para nos atirar areia para os olhos, diz que a ADSE não pode andar a ser financiada pelos trabalhadores que não beneficiam desse subsistema de apoio. Mais uma mentira, uma hipocrisia e uma manobra de populismo destinada a granjear o apoio dos trabalhadores em geral para esta machadada nos beneficiários da ADSE. Posso falar disto à vontade porque nem sequer sou beneficiário da ADSE. Mas custa-me ver esta falsidade que impera no governo socialista.E pronto. Nem precisei de escrever sobre política local, a qual deve assentar mais um pouco antes de eu querer pronunciar-me mais. Espero também ter paciência e tempo para voltar ao assunto OE’2007.

domingo, 29 de outubro de 2006

Os preconceitos estúpidos da vida

Como nasce um paradigma?
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada. Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de alguma surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir aescada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...".
Como dizia Albert Einstein: "É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito".
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sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Ainda a situação de hoje na CMA

Que fique claro: do ponto de vista político, a atitude do Presidente da CMA sobre o seu, até aqui, VP Albano Santos permite leituras possíveis já e depois de apurar melhor os dados em equação, a começar na reunião da próxima 2ª feira. Se me for pedida reserva, reserva terei. Por isso entendo poder escrever já, sem qualquer condicionamento, um pouco a quente é certo, mas procurando preservar a dignidade das pessoas envolvidas, meus adversários políticos mas que respeito.
A situação é triste. Ninguém pode ficar satisfeito, mas não se deve nem pode ignorar o facto político do momento, na política doméstica.
Pessoalmente, lamento o sucedido. Não fico feliz por ver alguém triste, lesado ou angustiado. Não! Lamento mesmo o sucedido e sei que nestes dias a vida não é fácil para ninguém. E lamento que tenha havido gente satisfeita com esta situação. Não é caso para isso.
Contudo, em termos políticos - e é aí que me importa focalizar a discussão - poderão ser legítimas várias leituras e interpretações.
O "Mirante" on line de hoje já traz reacções de Albano Santos. A serem verdadeiras - presumo que serão - juntam-se aos elementos materialmente relevantes já disponíveis.
Diz Albano Santos, ao contrário de Nelson de Carvalho, que afirmara serem razões de falta de confiança funcional que, afinal, foi ele - Albano - quem perdeu "confiança pessoal e política no presidente da câmara Nelson Carvalho".
E mostra algum agastamento pessoal: "Defendi-o em mil batalhas, em situações em que muitos fugiram".
Não quero tecer comentários adicionais. Não devo. Penso que apenas escrevo sobre factos, neste assunto. A personalidade dos protagonistas, a sua forma de ser e estar, entre outros, não são por mim referidos. Quem sou eu para o fazer? A consideração que tenho, pessoalmente, pelas pessoas envolvidas, leva-me a ter essa reserva. Mas, repito, politicamente há leituras a fazer. Talvez ainda seja cedo. É preciso esperar por mais dados materialmente relevantes.
Para já, e para além do link ao "Mirante", aqui fica uma réplica do comunicado assinado pelo Presidente da CMA e que é público, por ter sido profusamente distribuído. Foi fácil obter uma cópia.

Bomba na Câmara Municipal de Abrantes

Maior do que a bomba política da minha demissão e de toda a Comissão Política do PSD de Abrantes, só aquela que recebi há pouco de 3 fontes diferentes.
O até aqui Vice-Presidente da CMA, Albano Santos, perdeu a confiança funcional de Nelson de Carvalho e deixou de ser VP, perdeu os pelouros e estes foram entregues a Pina da Costa, maioritariamente, embora Nelson de Carvalho reúna alguns desses pelouros. Albano Santos deixa ainda de ser vereador a tempo inteiro.
De "delfim" e "sucessor" passa a pessoa sem confiança.
Para já e porque foi eleito pelo povo, mantem-se vereador mas deve deixar de estar a tempo inteiro.
O fax já chegou às redacções dos jornais e rádios.
Sei que Albano Santos já terá reagido mas não posso traduzir a conversa. Adivinham-se dias quentes e interessantes.
Mais comentários, para já, não faço.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Cadeia Central de Maputo

Alguns acertos

As pessoas não fazem comentários habitualmente neste blog. Mas contactam-me directamente ou telefonam-me.
O que me leva, ainda assim, a escrever aqui, para amigos e conhecidos de Abrantes, de Santarém e de vários pontos do distrito.
Algumas pessoas pediram-me que aqui explicasse detalhadamente as razões do pedido de demissão da Comissão Política.
Outras pediram-me que identificasse a tal pessoa que faltava na listagem.
Outras pediram-me que parasse de escrever sobre política local durante, pelo menos, um ano; e até que não falasse sobre nada ao telemóvel.
Não posso prometer nem uma coisa nem outra a ninguém.
Vou fazer o que me der na real gana. Não tenho compromissos com ninguém neste momento, excepto os de leadade e amizade para com alguns amigos (ah!, e os de família, claro, que quero manter intocáveis). Mas, politicamente, qual é o compromisso que tenho? O de vereador, apenas.
O que me conduz, por questão de bom senso, a que deixe liderar o partido em Abrantes com tranquilidade e respeito institucional. Claro que quero que o PSD vença as eleições autárquicas em 2009. Tenho essa ambição, assim saibam gerir bem o espaço e o tempo político. Vou dar umas tréguas a esse nível.
Por isso, em resumo, com a ressalva feita, nem vou contar tudo nem vou deixar de contar nada. Para já, como disse antes, reina o silêncio.
Também não vou largar o telefone mas não vou infernizar a vida de ninguém.
Cada coisa no seu tempo, cada qual no seu espaço.
De momento, os meus interesses são outros. Mais telúricos, mas civilizacionais, de natureza cívica, de crescimento interior.
Para já, as eleições internas deverão realizar-se, segundo apurei junto do Presidente da Mesa, no início de Dezembro.
Antes disso, no dia 10 de Novembro, haverá uma Assembleia de Militantes, onde contarei aos militantes os motivos mais detalhados da demissão em bloco da Comissão Política.
Quanto ao tal sujeito que alguns pensam ser eles mesmos, só não falo no mesmo porque a respectiva filha já aqui me ofendeu e proibiu de me referir ao nome do pai. Pronto, assim, quem é de Abrantes já sabe quem é. E não é ninguém de Santarém ou de âmbito distrital, como pensavam alguns na noite das eleições distritais, à medida que visitavam este blog e liam os posts mais recentes. Para esse peditório já dei.
Por Santarém, parece que há alguns ressentimentos. Ultrapassáveis, por certo. Mas vida e a lealdade e solidariedade políticas têm dois sentidos: dá-se e recebe-se. Dar sem receber cria desconforto.
Estive num jantar. Foi feito um acordo. Nunca mais me ligaram, nem uma justificação me deram para a alteração que ficou acordado, da boca do principal interessado. Era agora o que faltava andarem a censurar um telefonema que fiz a uma amiga, que conheci em funções profissionais... Não confundam isso com estratégia política. Mas não devo satisfações a ninguém. E o futuro será o que nós quisermos que ele seja...

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

!?!

Por aqui reina o silêncio. É o melhor, para já. Na sexta-feira algo aconteceu. É preciso ler os sinais.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

IVG

Acho bem, penso que de que...
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?", é a pergunta que vai surgir no referendo.

Começou a loucura

A corrida ao disparate começou. É normal nos governos e nos governantes ao fim de algum tempo de exercício do poder.
Primeiro isto.
Depois isto, ainda mais anedótico.
Afinal, acaba desta forma.
Porra, não quem mande neste país de anedotas permanentes em que tudo fica e passa impune?
O senhor Castro Guerra ainda é Secretário de Estado?

Um gota de água no oceano

Isto é uma medida moralizadora. Mas é pouco, muito pouco. Um pouco de folclore mas, em concreto, quanto é que isto pesa na redução da despesa do Estado? É assim tanto? Ou, onde é mesmo necessário cortar, falta a coragem?

Tontaria

E esta, hein?
O Pedro Santana Lopes cometeu o mesmo erro...
...e acabou mal. Só que não era parolo, ao contrário deste.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Bingo

Acertámos na leitura dos sinais.
Estão lá - quase - todos os protagonistas que adivinhávamos. Só falta um, mas é como se estivesse também.
Quanto à qualidade da lista apresentada por Abrantes, seria injusto pronunciar-me antes do tempo. Espero que se realizem várias assembleias distritais para testarmos a qualidade oratória, a sua densidade política e a capacidade para argumentarem politicamente, para podermos aferir a qualidade dos escolhidos.
Aguardo com expectativa. Seria bom regressarmos à discussão das ideias, dos conceitos, também no distrito, nesta fase de revisão programática do PSD, aliás, co-dirigida pelo Carlos Coelho.
Qual o contributo dos "embaixadores" de Abrantes para este debate que o partido vai ter de fazer?
Talvez os questione localmente para ficar tranquilo quanto à sustentação das suas convicções políticas e doutrinárias. Fico bem mais tranquilo se souber que estão à altura das expectativas que os dirigentes distritais neles depositaram nesta diáspora.
Boa sorte. Com toda a sinceridade!

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Incrível

Nunca imaginei que tantas pessoas fossem ler o blog.
Uma explicação: escolhi aquela letra musical por acaso. Sucede que, após sair da sede, liguei o rádio e era essa a música que estava a passar.
Achei que a letra até fazia algum sentido com o que se tinha acabado de passar e com o que pode vir a passar-se no futuro. Só isso, mais nada.
Poderia ter escolhido algo mais erudito. Por exemplo, José Régio e a sua obra-prima "Cântigo Negro".
A letra da música é mais lirismo contemporâneo. José Régio é um clássico de todos os tempos.
A poesia faz falta à vida.
Aqui fica um excerto:
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí..."
E hoje fico mesmo por aqui!

domingo, 15 de outubro de 2006

Acerto de contas

Demiti-me!





É oficial. A Comissão Política de Secção do PSD de Abrantes demitiu-se em bloco esta tarde. 15 de Outubro de 2006, para que conste.
A Mesa da Assembleia Concelhia também.
No nosso tempo, de acordo com a nossa vontade, com o nosso calendário e sempre fiéis aos nossos princípios de ética na política, respeito pelos outros, coerência de princípios e por não serem admissíveis algumas atitudes que foram tomadas, de ingerência na concelhia.
Amanhã, em comunicado da CPS/PSD de Abrantes, a posição do colectivo será tornada pública. Aqui fica apenas o meu registo pessoal.
E porque não pretendo alongar-me - e já que este post vai ser muito lido entre as pessoas que sei que o vão ler - fico-me por aqui.
Mais livre, mas com a serenidade habitual e a responsabilidade de que continuarei a servir os eleitores do concelho de Abrantes que em mim votaram para a Câmara Municipal de Abrantes.
Foi uma decisão bem pensada, maduramente planeada com algum tempo de antecedência.
Para já, ficamos assim e, entretanto, deixo aqui um poema, que é letra de uma música alegre dos Pólo Norte, cujo conteúdo é apropriado ao momento:
A vida é tão diferente
Daquilo que sonhamos
Talvez o nosso mal seja acordar.
Ensaio o meu futuro
P’ra lá do firmamento
E agora não consigo lá chegar.

Estou a sentir
A minha voz perdida no deserto,
Mas sou quem diz
Que a vida deixa sempre a porta aberta,
P’ra que eu possa lá entrar
E quem sabe regressar
À mais pura inocência.

A vida é tão diferente
Dos sonhos que lembramos
Eu sei que o nosso mal é recordar.
Li o teu futuro
P’ra lá do nosso tempo
E agora não consigo lá voltar

Estou a sentir
A minha voz perdida no deserto,
Mas sou quem diz
Que a vida deixa sempre a porta aberta,
P’ra que eu possa lá entrar
E quem sabe te encontrar
Na mais pura inocência.
Até já!

sábado, 14 de outubro de 2006

PORTUGAL

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Luís Filipe Menezes

Não sou mais "ista" de ninguém. Mas continuo a apreciar pessoas, dirigentes, líderes, pessoas com preponderância e opinião determinante. Nem sempre nem nunca. Mas muitas vezes, assim é.
Contudo, tenho apreciado imenso os artigos de opinião de Luís Filipe Menezes no Correio da Manhã, todas as quintas-feiras.
Mais uma vez, para não fugir à regra, um notável escrito na edição de hoje, igualmente disponível na edição online.
Vale bem a pena uma visita e uma leitura atenta.
Sobretudo, "é indesculpável que, liderando o PSD a larga maioria das Câmaras, não reúna o seu Conselho Nacional para discutir a Lei das Finanças Locais". Ainda nem tinha dado por isso, dado que já não faço parte daquele órgão há uns 2 anos, mas lá que é verdade, lá isso é. E o resto também é verdade. Na íntegra.
Boa malha.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Razões de consciência

O PSD vai a votos no distrito de Santarém.
Por razões que bem conheço apenas há uma lista candidata aos órgãos distritais. Não é o cenário ideal, é o possível.
Há uns anos atrás, um alto dirigente distrital defendia que os deputados deveriam estar fora dos órgãos dirigentes e que deveriam fazer política no Parlamento, deixando a acção executiva nos distritos para outros companheiros.
Não fui quem o disse – foi outro, com enormes responsabilidades. Hoje, esse senhor fica feliz, radiante mesmo, por ver os 3 deputados do PSD eleitos pelo distrito como candidatos a Presidentes dos 3 órgãos que vão a votos: a Mesa da Assembleia Distrital, o Conselho de Jurisdição Distrital e a Comissão Política Distrital.
Contradições? Não! Convicções voláteis, direi eu.
Estamos a 10 dias das eleições e ainda ninguém tem conhecimento público das listas concorrentes. “O seguro morreu de velho" e deixem lá primeiro que termine o prazo para pagamento de quotas – dia 10, hoje! – para depois serem anunciados os nomes dos escolhidos. Parece que é a partir de hoje que se conhecem os “eleitos”, vencedores à partida por ausência de oposição organizada.
Não sou – não serei – um dos escolhidos. Mesmo que fosse convidado, no actual cenário, nas actuais circunstâncias, com aquilo que antevejo ser o grupo de trabalho e a forma de trabalhar, não aceitaria. Mas isso nem se coloca porque eu jamais – jamais! – seria convidado.
Leio o programa de candidatura que me enviaram simpaticamente por mail e que está disponível no sítio http://santaremdistritais2006.com. Pergunto-me como pode haver programa de candidatura se não há lista, ou antes de haver lista. Ou, dito de outro modo, quem vier a ser convidado tem de assumir o programa e sobre o mesmo não tem direito a opinar? Ou, ainda de outro modo, será que já há lista “fechada” e apenas não é divulgada por rigor de tacticismo com receio que possa surgir (ainda) outro projecto, não de oposição (não gosto dessa palavra) mas de alternativa?
Mas, voltando ao programa. Um lema extenso, cinzento, sem inovação: “um PSD forte para servir uma Região”. Qual Região (em maiúsculas)? Somos favoráveis à criação das Regiões? Defendemos a Regionalização? Não havia outra palavra?
Depois, os eixos estratégicos. No primeiro, ficamos a saber que “a próxima Comissão Política Distrital dever ter como objectivo estratégico desencadear as acções necessárias para que, no espaço de 10 a 15 anos, possamos inverter esta tendência” de o PSD ser um contribuinte deficitário para o esforço eleitoral que o PSD tem obtido no país. Isto é, Santarém vale menos votos no PSD do que a média nacional e os novos dirigentes distritais querem mudar essa sorte.
Como? Pois é, de concreto nem uma ideia, nem uma medida, nem uma actividade – ficamos pelo objectivo estratégico. Ficamos apenas a saber que isso será possível fugindo ao rótulo de partido de direita e ao populismo, para ocuparmos o “centrão”. Ah!, ainda fiacmos a saber que isso far-se-á com um projecto reformista. Alguém arrisca alguma proposta ou medida política para esse desiderato? Não, pura ilusão rapidamente transformada em desilusão da prosa lida.
Vamos ao eixo 2: “o PSD distrital deve ambicionar estrategicamente contribuir de forma significativa – quer enquanto força política na oposição, quer como partido político com propostas para o exercício do poder – para que a região possa, a médio prazo, competir com as regiões mais dinâmicas do país e da Europa”.
Porra!, uma frase tão longa que pouco ou nada diz. Na oposição onde? Nacional? Nas autarquias? Mas temos Presidentes de Câmara eleitos pelo PSD que estão a dar o seu contributo – com o seu projecto – para aproximarmos a nossa “região” (novamente a palavra região, agora em minúsculas, não será a Região por certo) numa das regiões mais dinâmicas da Europa.
Depois chegamos às propostas de actuação interna.
Anunciar que a Comissão Política Distrital não irá tomar partido de uma qualquer disputa de poder pela liderança nacional é algo que nunca existiu e duvido que alguma vez venha a ser verdade, no PSD ou noutro qualquer partido nacional com ambição de poder. Ainda por cima conhecendo a apetência de alguns dirigentes distritais para se movimentarem bem nos corredores do poder interno do PSD da São Caetano à Lapa, com décadas de experiência e saber acumulado… Enfim, alguma coisa tinha de ser dita. Na Hungria um Primeiro Ministro está a braços com os cidadãos por ter admitido que mentiu ao povo...
Como será concretizada a medida 4, que passa pela motivação dos quadros provenientes da sociedade civil para a vida partidária? Fica por concretizar como é que isso se faz, embora este seja um princípio saudável e uma necessidade imperiosa. Mas, com os exemplos que existem na “comunidade política”, está cada vez mais difícil assegurar bons quadros nos partidos. Há adesões – e algumas boas, belíssimas – mas a maioria vem à espera de receber e não de dar.
O resto das propostas de actuação interna são pacíficas. Curtas, mas ainda assim pacíficas. Aceitáveis.
Agora, por fim, as propostas de actuação externa.
Acho bem a constituição do Conselho Económico e Social. Muito bem.
Agora, o objectivo 2, o que é aquilo "ó meus senhores"? Cito: “reivindicar os meios e recursos necessários à região e denunciar os erros do poder socialista no distrito, com recurso à actuação do grupo de Deputados na Assembleia da República”.
Passando por cima da referência, novamente, à “região” (??), acho bem que os deputados trabalhem em prol do distrito pelo qual foram eleitos mas o poder de reivindicação não se esgota no Parlamento. Então os membros do Conselho Económico e Social, que se pretendem representativos dos poderes informais a nível económico, social, cultural, desportivo, associativo e por aí fora, não podem – não devem? – ser um grupo de pressão e reivindicação ao nosso lado? Cada vez mais os jogos políticos são ancorados em desejos, reivindicações, pressões e movimentos da sociedade civil. Conceder o exclusivo das lutas aos eleitos na Assembleia da República não me parece bem. Até porque tenho o exemplo recente do trabalho (muito mau) que foi feito em torno do papel do Hospital de Abrantes no CHMT e sei que o exclusivo de protagonismo dos deputados nesse assunto ia dando maus resultados. Ainda bem que estivemos atentos e reagimos ao acontecimento. Por isso, acho mal que os deputados actuem com base nas suas 3 cabeças, exclusivamente. Até porque as bases raramente – nunca, quase nunca – são ouvidas.
Por isso, o objectivo 3 é curto. Não é de “abertura e diálogo” com estruturas representativas da “actividade económica, sindical, educativa, cultural e associativa” que precisamos; é de interacção, agir e interagir, trabalhar em conjunto respeitando as diferenças, somar em vez de subtrair, multiplicar em lugar de dividir. Estabelecer como fronteira a "abertura e o diálogo" é, nos dias de hoje, erguer uma barreira que a nada de positivo pode conduzir.
Os 3 restantes objectivos parecem-me saudáveis, normais, correntes mas sempre aceitáveis.
Findo o programa, com que pessoas o mesmo irá ser cumprido? Ainda não sabemos mas já se recolhem proponentes de assinaturas para a chamada "lista unipessoal".
Tenho dito e redito que respeito muito os Presidentes de Câmaras Municipas. Na verdade, estou e estarei sempre disponível para ajudar no que me for possível para proporcionar reeleições e vitórias para o PSD, em todos os concelhos do distrito de Santarém.
Contudo, no actual contexto de contra-ciclo, nova lei das finanças locais, necessidade de concentração em esforços de reengenharia interna nas autarquias, preparação de novo ciclo de investimentos num quadro financeiro novo e mais restritivo, a par com a necessidade de não perder simpatias no eleitorado, para ganhar novamente em 2009, alguém imagina que um Presidente de Câmara tem tempo e disponibilidade para ajudar o PSD no árduo trabalho que é necessário fazer nos próximos anos?
Por isso, entendo que, no actual contexto, não faz sentido “encher” a distrital de autarcas; por isso, defendo que os quadros dirigentes deveriam ser pluridisciplinares, trabalhadores empenhados, capazes de empreender, com vontade de meter mãos à obra; por isso, defendo que a forma de construir uma lista não deve ser exclusivamente por quotas de concelhos e, de entre esses concelhos, escolher os Presidentes de Câmara, os Presidentes ou Vice-Presidentes de concelhias (excepto em Abrantes!) ou alguém da sua estrita confiança.
Fazer isso é contribuir para fragilizar, à partida, uma equipa de trabalho. Desejo estar enganado e que a lista que venha a ser conhecida me desminta.
Caso contrário, seria tudo muito previsível e até poderia adivinhar o que se iria passar em seguida, em Abrantes. A estratégia já a conheço, a receita é antiga, o adversário sempre o mesmo, escondido em jogos de sombras. As mesmas sombras com que acusaram algumas pessoas no distrito, sob o manto do anonimato.
Quando assim é, algo vai mal. E eu penso que vai muita coisa mal (por exemplo, a inexistência de estruturas do PSD em diversos concelhos e o amorfismo e marasmo em muitos deles). Misturada com alguma coisa boa.Tudo somado, fazendo o balanço, a minha avaliação é negativa. Mas é a minha. Que também me auto-avalio e, tantas vezes, concluo que poderia fazer melhor. E tenho de fazer melhor. Mas isso não me impede de ver as limitações dos outros. E, se me ouvissemm, até poderia dizer o que penso, directamente a essas pessoas. Mas não, não há contactos, não falamos com regularidade, apesar de eu ser (por enquanto) Presidente da concelhia de Abrantes do PSD.
Nota final: Aguardo os comentários, as críticas e, sobretudo, as atitudes de represália e perseguição como "ajuste de contas" a este escrito. Sei que vão surgir. Tão certo como 2+2 serem 4.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Adeus Planeta Terra

Mudo de registo. Do local para a escala planetária, com uma pincelada final pelo local.
Por vezes – tantas vezes, vezes demais – perdemos tempos com questões menores, arranjamos arrelias, temos falsos problemas que hiperbolizamos, perdemos o sono, criamos conflitos, forjamos inimizades e intrigas.
Valerá a pena o esforço perdido?
Leio as notícias relativas ao Planeta no Diário Digital de 4ª feira passada.
Selecciono 4 dessas notícias.
Título 1: “Um terço do planeta será deserto em 2010, prevê relatório”.
Alegadamente, no lead fico a saber que esta terá sido a primeira vez que um estudo quantificou o risco de seca pelas alterações climáticas.
Para alguns, esta perspectiva “equivale à condenação à morte de milhões de pessoas”.
Outros prognosticam migrações de camponeses, em níveis que não se podem sequer ainda quantificar. Enormes, por certo. Com elevadas consequências sociais provenientes dessas mobilidades em massa.
O estudo em causa, da autoria do Centro Hadley para a Previsão e as Investigações sobre o clima, não incorpora o chamado “efeito de estufa” (proveniente do CO2), o que pode implicar que as consequências reais sejam agravadas e que a situação vivida no Planeta Terra, dentro de cerca de 90 anos, seja absolutamente insustentável.
Parece que o Instituto de Meteorologia britânico tem um estudo – por publicar – que indica que, com o efeito de estufa, os efeitos da devastação ecológica sobre o planeta destruirão África, com uma grande, severa, prolongada e irreversível seca.
Este estudo baseia-se no Índice Palmer da Gravidade da Seca (PDSI), um indicador que, para mim, era totalmente desconhecido.
Há 3 níveis de seca: Moderada, Grave e Extrema.
Actualmente, 25% do Planeta Terra está em situação de seca moderada; prevê-se 50% em 2100.
Em situação de seca grave está 8% do planeta; prevê-se 40% no ano 2100.
Quanto à seca extrema, que é actualmente de 3% do planeta, poderá ser de 30% no final do século.
Estes números deixaram-me baralhado. Porquê? Porque 50%+40%+30% = 120%?!?
Esperemos que na Conferência sobre as Alterações Climáticas, que se realiza em Nairobi, em Novembro próximo, o relatório completo possa ser discutido e, mais do que tudo isso, possa começar a ganhar o apoio de alguns chefes de Estado que ignoram estas causas por completo e deviam, por isso, ser julgados por crimes contra a Humanidade. Está a ouvir senhor Bush?
Título 2: “Buraco de ozono sobre a Antártida em novo recorde, alerta ONU”
Pois, claro está. Uma coisa leva a outra e vice-versa. O planeta está mesmo doente e nós iremos todos pagar com isso, nós e os nossos filhos, netos e já não me atrevo a falar em mais gerações porque elas podem vir a não existir.
O lead diz que “o buraco na camada de ozono sobre a Antártida ultrapassou o tamanho que tinha em 2000 e atingiu a sua maior dimensão de sempre”.
Nunca houve tão pouco ozono na Antártida como agora!
Nunca é demais lembrar que o ozono filtra os raios ultravioletas emitidos pelo Sol e que a poluição e os gases corofluorocarbonetos (vulgo CFC) são os grandes responsáveis por mais este crime contra a Humanidade. Os CFC estão presentes nos aerossóis e nos refrigerantes, por exemplo.
Título 3: “Perda de recorde de ozono sobre o Pólo Sul este ano”.
É uma continuação da notícia anteriormente citada. Esta peça precisa que o buraco está a aumentar, na estratosfera, a escassos 25 quilómetros da Terra. O buraco tem agora 28 milhões de quilómetros quadrados.
Além dos riscos de saúde, designadamente em termos de cancro da pela, por efeito da não filtragem dos raios ultravioletas, advêm consequências para a vegetação, que é igualmente danificada pelos mesmos raios ultravioletas. Corremos o risco de modificar profundamente a nossa biodiversidade e o equilíbrio do planeta.
A camada de ozono diminui, em média, 0,3% por ano nos últimos 10 anos. Ou seja, 3%!
O Tratado de Montreal surgiu para tentar por cobro a esta calamidade, mas a poluição é tanta que se prevê que, pelo menos até 2026, o buraco continue a aumentar.
Título 4: “Temperatura terrestre nunca subiu tanto em 12000 anos”
No meio da notícia, algo que já sabemos mas não é demais lembrar, com novos dados: “a última vez que o planeta esteve tão quente, no meio do Plioceno, há cerca de três milhões de anos, o nível dos oceanos estava cerca de 25 metros acima do actual”. Por isso se prevê o desaparecimento de vastas áreas de litoral.
E, enquanto caminhamos para essa realidade anunciada, as pessoas vivem indiferentes ao destino fatal e inevitável do planeta Terra e do futuro da espécie humana.
Há dados científicos que indicam que “1700 variedades de plantas e espécies de animais e de insectos migraram em direcção ao Pólo Norte a um ritmo médio de 6,5 quilómetros por década durante a última metade do século XXI”.
É verdade. Em Portugal basta olhar para o caminho que os sobreiros têm feito, ganhando terreno naturalmente face ao pinheiro. A Beira Interior está a ficar povoada de sobreiros, como nunca. Sou testemunha disso mesmo.
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Resumindo: podemos perder tempo com coisas fúteis e inúteis. A causa pela sobrevivência do Planeta Terra é algo muito mais importante. Infelizmente, com poucos adeptos reais, confessos e praticantes.
Por cá, onde anda a Agenda 21 (A21) Local? Onde estão as actividades concretas, em toda a Comunidade Urbana do Médio Tejo, para o desenvolvimento da A21? Depois do fogacho que foi a reunião de Alcanena, o que existe de concreto? Quais as medidas a adoptar, com que nível de envolvimento dos agentes económicos, da comunidade educativa, da comunidade em geral?
Que passos concretos foram dados para o Desenvolvimento Sustentável?
Ao contrário, continuamos amarrados às questões menores (em termos relativos), como a nova Lei das Finanças Locais, o sequestro de 13 horas no BES de Setúbal, o final de Tempo de Viver, da TVI, o caso Apito Dourado, o discurso do “recauchutado” Hermínio Loureiro ou o Açude do rio Tejo, em Abrantes.
Até quando?

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Ainda os jornais

Ao que me contaram, Silvino Nunes irá ser colega de Margarida Trincão nestas novas andanças. Boa sorte para ambos. Os leitores de ABarca, onde me incluem, não deixarão de acompanhar esta mudança, na sequência aliás, das alterações introduzidas há 14 meses atrás pela equipa dirigida pela Patrícia Fonseca.
Eu estava a gostar do produto jornalístico. Mas sei o quão difícil é equilibrar um jornal local.
A Gazeta também muda de mãos. Pessoa amiga, empresário com interesses em vários concelhos, nomeadamente Mação e Abrantes, passa a ser o homem forte do jornal que surgiu antes da campanha eleitoral de 2005 com uma missão a cumprir.
Foi isto o que me contaram. Em breve veremos que é verdade ou não. Penso que é.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Jornais, jornalistas e directores - as mudanças

Às vezes é assim: os jornais abrem, fecham, mudam de mãos, reformulam-se. Sei bem o que isso é. Já passei por isso. Custa, por vezes muito.
Parece que, por Abrantes, assim é. De novo. Sempre.
Constou-me que a ABarca terá sido alienada à até aqui Directora da Gazeta do Tejo, Margarida Trincão.
Parece que assim será, de facto.
Margarida Trincão deixa a Gazeta do Tejo, ao cabo de cerca de um ano após o seu lançamento e após ter sucedido a Alves Jana nessa função.
O que estará na base da saída do segundo director do jornal Gazeta do Tejo, no espaço temporal de um ano?
Algum desentendimento com a administração?
Vamos aguardar pela confirmação do que aqui fica escrito.

domingo, 1 de outubro de 2006

NADA

Não me ocorre nada em concreto. Tenho várias ideias sobre aquilo que quero escrever: a última Assembleia Municipal, as eleições do PSD distrital, a Lei das Finanças Locais, a OPA sobre a PT, o trabalho no Codes...
Mas hoje a preguiça vence e não há condições para estruturar um texto em condições.
Fico mesmo por aqui. Pode ser que o Benfica me traga inspiração.