sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Reflexão ziguezagueante

Fui abordado por algumas pessoas, que me questionaram porque motivo não tenho escrito com assiduidade neste espaço.
Confesso que a vontade não é sempe igual.
Confesso que me fui desinteressando e esquecendo.
Confesso que a vontade inicial que sentia foi ficando cada vez mais fraca.
Confesso que deixei de sentir a necessidade de partilhar com os outros os meus pensamentos e os meus sentimentos (pelo menos os partilháveis...).
Confesso que me senti um pouco cansado de ser mal interpretado - de perceber que há pessoas que estão sempre à espera de uma palavra minha para nela encontrarem um reflexo de fraqueza, insegurança, amargura ou tristeza.
Confesso que não tenho tido paciência para me expor.
Confesso que fui encontrando outros motivos de interesse - leitura, estudo, música, jantares-convívio (especialmente nesta época do ano).
Confesso que não sinto que seja relevante para ninguém eu escrever ou deixar de o fazer.
Confesso que há muitas coisas com interesse na vida - mais do que um blog, um simples e singelo blog, de autoria conhecida (os anónimos suscitam muito interesse), sem temas delicados (erotismo, violência, sexo, racismo, doutrina política, arte, cultura ou outros temas sectarizantes).
Este espaço está para a blogoesfera como as antigas "vendas" de aldeia estão para o comércio modernos nos grandes centros urbanos: é menos sofisticado mas mais genuíno e, sobretudo, mais barato, onde podemos encontrar um pouco de tudo.
Confesso que talvez não quisesse assumir isto, mas assumo.
Perguntam-se, também, com alguma frequência se estou bem, se estou emocionalmente estável e equilibrado após a derrota nas eleições de Outubro.
Estou. Sem a euforia exagerada que costuma tomar conta dos que estão mal e afirmam estar no melhor dos mundos nem a confrangedora trsisteza e melancolia daqueles não conseguem evitar "estar na fossa".
Estou bem, estou equilibrado, estou com bom senso, a reencontrar razões para (re)definir um projecto de vida, menos egoísta, mais centrado numa vontade partilhada com a família e alguns amigos chegados.
Longe vai a angústia, a mágoa ou a incompreensão.
Outros tempos virão. Que quero olhar de frente e usufruir, com prazer e qualidade.
Tenho hoje uma visão sobre a vida mais tolerante, menos apaixonada (menos colérica), mais racional.
Dou por mim a rir para dentro quando vejo outros a usar da palavra para transmitirem angústias, revoltas, sentimentos muito negativos, como ainda ontem à noite numa cerimónia a que assisti.
Penso para comigo: será que já fui assim? Será que aquilo que eu pensava, na ocasião, ser o mais correcto de dizer era, afinal, um exagero de lamúrias e suspiros de desespero?
Percebo que talvez sim. Por isso, não tenho o direito de criticar os outros.
Mas sinto que estou, nesse aspecto, diferente, menos revoltado, menos inconformado, mais tranquilo, mais tolerante, apesar de todos os problemas que afligem a minha vida (como afligem a vida de toda a gente, não é verdade?), mais "macio", menos rude, menos agreste.
Sobretudo, deixei de dar importância ao que não a tem, sejam factos, sejam pessoas.
Já não me irrita quem quer mas apenas quem eu deixo.
É isso, talvez, que deixa perplexas algumas pessoas que ter-se-ão, porventura, habituado a ver-me e a ouvir-me em permanente estado de intranquilidade e busca do inacessível.
Ainda tenho sonhos, ainda tenho devaneios, ainda tenho utopias. Contudo, mais controladas e mais comedidas.
É isso, talvez, que conduz algumas pessoas a pensarem que estou abalado e que não consegui reencontrar-me.
Deixá-los pensar. Nem me vou dar o trabalho de os desdizer ou mesmo de tentar demonstrar o oposto. Já nem ligo quando dizem: "não estás bem". Fico indeferente e gozo o momento, sozinho.
Carpe Diem.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Apreciações

SADDAM perguntou a Deus:
- Como será o Iraque daqui a 4 anos?
Deus respondeu:
- Estará destruído por inúmeros bombardeamentos americanos.
Saddam sentou-se no chão e chorou.
BUSH perguntou a Deus:
- Como serão os EUA daqui a 4 anos?
Deus respondeu:
- Estará todo contaminado por inúmeros ataques de armas biológicas de Bin Laden.
Bush sentou-se no chão e chorou.
JOSÉ SÓCRATES perguntou a Deus:
- Como será PORTUGAL daqui a 4 anos, depois do meu governo?
Deus sentou-se no chão e chorou.

Frase do dia

"Para Mário Soares, beijar velhinhas não é campanha; é cumprimentar amigas de infância".

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Nova estratégia para a Abrampolis - II

Afinal, no post que aqui coloquei no dia 15.11.2005, fui pouco preciso.
Tenho de corrigir...
Aqui escrevi então que "agora, finalmente, após as eleições e a tomada de posse de nova equipa gestionária no Município, ficámos a saber que a Abrampolis vai inflectir a sua estratégia e vai dedicar-se a outro tipo de actividades, mais viradas para a criação de riqueza, o aproveitamento de nichos de mercado específicos, nas áreas do turismo, do lazer e não só. Manterá uma vocação imobiliária mas não exclusiva".
Mais devagar!
Parece que não é assim. Para já, essa é só uma posição individual do Arqº Albano Santos. Isso mesmo fez hoje questão de transmitir o vereador Pina da Costa, para acrescentar que ainda não se pronunciou quanto à sua posição em face de uma eventual alteração de estratégia na gestão da Abrampólis.
Por outras palavras, o Presidente do Conselho de Administração da empresa pensa de um determinado modo mas não é líquido que os demais membros do Conselho de Administação e igualmente vereadores Pina da Costa e Isilda Jana pensem do mesmo modo. Ou que pensem de modo contrário. Para já, não dizem o que pensam ou não pensam sequer.
Em face do "recado" que recebi, aqui fica a correcção, num registo suave, para não perturbar o "bom relacionamento institucional".
Fui incorrecto. Tomei a nuvem por Juno. Peço desculpa aos leitores deste espaço.
Mas o meu pensamento, a minha crítica e a minha reflexão prevalece, existe e está para durar.

Citação 01

Às vezes, dizem-me que o modo de ver o Mundo que transmito, no dia a dia e no meu posicionamento partidário não é o correcto. Que há um só modo de ver o futuro do concelho ou, pelo menos, um modo mais correcto, a julgar pela expressão dos resultados eleitorais em Abrantes.
Nunca concordei e nunca me resignei. Posso não prevalecer mas não deixo de estar convencido de estar do lado certo da razão. Pelo menos, na minha maneira de ver as coisas.
Lamento não ir em "rebanho" atrás do pastor. Sinto que o futuro nos trará os espinhos da rosa, as agruras de um modelo errado e desaconselhável para Abrantes.
Posso estar mais moderado mas não mudo de postura nem na maneira de ver as coisas e assumir as posições que têm, no momento certo, de ser assumidas.
Há quem me dê razão.
"O homem razoável adapta-se ao mundo; o homem que não é razoável obstina-se a tentar que o mundo se lhe adapte. Qualquer progresso, portanto, depende do homem que não é razoável".
- Bernard Shaw, retirado do "Citador".

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Microsoft investe em Portugal

A notícia não me surpreende porque não é nova.
Quando o Professor Cavaco Silva foi a Vila de Rei para ser homenageado, em breves palavras trocadas com Carlos Pinto, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, fui por ele informado de que a Microsoft iria investir em Investigação & Desenvolvimento em Portugal, concretamente na Covilhã, um concelho que se vê e sente estar em pleno desenvolvimento e progresso, numa base consolidada, apostando a sério na criação de riqueza.
Não sei se é este, em concreto, esse investimento de que falámos. Talvez mas, para o focus do meu pensamento, iso agora não importa.
Hoje, o Sapo traz-me mais novidades.
Cito só o 1º parágrafo: «Concretizando uma promessa de longa data, a Microsoft Portugal anunciou hoje a criação do primeiro centro de Investigação e Desenvolvimento no domínio da fala e linguagem natural no mundo. O Centro fazia parte de um projecto patrocinado pelo ministro José Mariano Gago e acordado com Bill Gates quando este esteve em Portugal, em 1998.»
Poderíamos ser tentados a supor que o investimento poderia recair no nosso Pólo Tecnológico. Mas não...
Porquê? Porque é que o investimento por cá é tão ténue?
Porque é que o investimento neste concelho é mais público, em obra não reprodutiva, que compromete o nosso futuro, do que em capital multiplicável?
João Paulo Girbal, Director Geral da Microsoft Portugal, em declarações que surgem na peça noticiosa apontada «prevê que sejam investidos directamente no centro 10 milhões de euros nos próximos cinco anos, criando pelo menos 25 postos de trabalho directos e cinquenta indirectos».
Grão a grão enche a galinha o papo. Por cá, talvez para prevenir uma eventual pandemia da gripe das aves, nem papo, nem galinha, nem milho.
«E esta, hein?», diria o saudoso Fernando Pessa.

PSD com vantagem ligeira sobre PS

A notícia vem na TSF-Oline de hoje. Talvez também venha no DN.
"O PSD surge com uma vantagem de três pontos percentuais de vantagem sobre o PS, indica o Barómetro DN/TSF/Marktest. Como terceira força política mais votada aparece agora o PCP. Já Marques Mendes aparece com uma ligeira desvantagem em relação a José Sócrates em termos de popularidade."

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Sempre actual: os tempos não mudam

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Portugal tem futuro? Não é isto já uma herança, um código genético colectivo?

Sociedade do Conhecimento

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Alguém me enviou isto, sem crédito atribuído a autor. Peço desculpa ao respectivo autor por não o poder referir, mas quero assumir que houve alguém que fez cartoon acima reproduzido, que não eu...
Analisando o seu conteúdo e a sua mensagem, infelizmente, é assim em muito lado e em muitos serviços públicos. Portugal é mesmo o "país da cunha".
Viva!

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Uma brincadeira

Recebi, de várias proveniências, um "Comunicado" muito engraçado.
Não resisto a colocá-lo aqui:
"COMUNICADO
A Associação das Agências de Viagem Portuguesas (AAVP) quer aqui anunciar que apoia o candidato Mário Soares à Presidência da República pelas razões de seguida mencionadas:
1986
11 a 13 de Maio - Grã-Bretanha
06 a 09 de Julho - França
12 a 14 de Setembro - Espanha
17 a 25 de Outubro - Grã-Bretanha e França
28 de Outubro - Moçambique
05 a 08 de Dezembro - São Tomé e Príncipe
08 a 11 de Dezembro - Cabo Verde
1987
15 a 18 de Janeiro - Espanha
24 de Março a 05 de Abril - Brasil
16 a 26 de Maio - Estados Unidos
13 a 16 de Junho - França e Suíça
16 a 20 de Outubro - França
22 a 29 de Novembro - Rússia
14 a 19 de Dezembro - Espanha
1988
18 a 23 de Abril - Alemanha
16 a 18 de Maio - Luxemburgo
18 a 21 de Maio - Suíça
31 de Maio a 05 de Junho - Filipinas
05 a 08 de Junho - Estados Unidos
08 a 13 de Agosto - Equador
13 a 15 de Outubro - Alemanha
15 a 18 de Outubro - Itália
05 a 10 de Novembro - França
12 a 17 de Dezembro - Grécia
1989
19 a 21 de Janeiro - Alemanha
31 de Janeiro a 05 de Fevereiro - Venezuela
21 a 27 de Fevereiro - Japão
27 de fevereiro a 05 de Março - Hong-Kong e Macau
05 a 12 de Março - Itália
24 de Junho a 02 de Julho - Estados Unidos
12 a 16 de Julho - Estados Unidos
17 a 19 de Julho - Espanha
27 de Setembro a 02 de Outubro - Hungria
02 a 04 de Outubro - Holanda
16 a 24 de Outubro - França
20 a 24 de Novembro - Guiné-Bissau
24 a 26 de Novembro - Costa do Marfim
26 a 30 de Novembro - Zaire
27 a 30 de Dezembro - República Checa
1990
15 a 20 de Fevereiro - Itália
10 a 21 de Março - Chile e Brasil
26 a 29 de Abril - Itália
05 a 06 de Maio - Espanha
15 a 20 de Maio - Marrocos
09 a 11 de Outubro - Suécia
11 a 12 de Novembro - Japão
1991
29 a 31 de Janeiro - Noruega
21 a 23 de Março - Cabo Verde
02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
05 a 09 de Abril - Itália
17 a 23 de Maio - Rússia
08 a 11 de Julho - Espanha
16 a 23 de Julho - México
27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
08 a 10 de Outubro - Bélgica
22 a 24 de Novembro - França
08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França
1992
10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
09 a 11 de Março - França
13 a 14 de Março - Espanha
25 a 29 de Abril - Espanha
04 a 06 de Maio - Suíça
06 a 09 de Maio - Dinamarca
26 a 28de Maio - Alemanha
30 a 31 de Maio - Espanha
01 a 07 de Junho - Brasil
11 a 13 de Junho - Espanha
13 a 15 de Junho - Alemanha
19 a 21 de Junho - Itália
14 a 16 de Outubro - França
16 a 19 de Outubro - Alemanha
19 a 21 de Outubro - Áustria
21 a 27 de Outubro - Turquia
01 a 03 de Novembro - Espanha
17 a 19 de Novembro - França
26 a 28 de Novembro - Espanha
13 a 16 de Dezembro - França
1993
17 a 21 de Fevereiro - França
14 a 16 de Março - Bélgica
06 a 07 de Abril - Espanha
18 a 20 de Abril - Alemanha
21 a 23 de Abril - Estados Unidos
27 de Abril a 02 de Maio - Grã-Bretanha e Escócia
14 a 16 de Maio - Espanha
17 a 19 de Maio - França
22 a 23 de Maio - Espanha
01 a 04 de Junho - Irlanda
04 a 06 de Junho - Islândia
05 a 06 de Julho - Espanha
09 a 14 de Julho - Chile
14 a 21 de Julho - Brasil
24 a 26 de Julho - Espanha
06 a 07 de Agosto - Bélgica
07 a 08 de Setembro - Espanha
14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
18 a 27 de Outubro - Japão
28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau",
1994
02 a 05 de Fevereiro - França
27 de Fevereiro a 03 de Março - Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de Março - Brasil
08 a 12 de Maio - África do Sul (Tomada de posse de Mandela)
22 a 27 de Maio - Itália
27 a 31 de Maio - África do Sul
06 a 07 de Junho - Espanha
12 a 20 de Junho - Colômbia
05 a 06 de Julho - França
10 a 13 de Setembro - Itália
13 a 16 de Setembro - Bulgária
16 a 18 de Setembro - - França
28 a 30 de Setembro - Guiné-Bissau
09 a 11 de Outubro - Malta
11 a 16 de Outubro - Egipto
17 a 18 de Outubro - Letónia
18 a 20 de Outubro - Polónia
09 a 10 de Novembro - Grã-Bretanha
15 a 17 de Novembro - República Checa
17 a 19 de Novembro - Suíça
27 a 28 de Novembro - Marrocos
07 a 12 de Dezembro - Moçambique
30 de Dezembro a 09 de Janeiro 1995 - Brasil
1995
31 de Janeiro a 02 de Fevereiro - França
12 a 13 de Fevereiro - Espanha
07 a 08 de Março - Tunísia
06 a 10 de Abril - Macau
10 a 17 de Abril - China
17 a 19 de Abril - Paquistão
07 a 09 de Maio - França
21 de Setembro - Espanha
23 a 28 de Setembro - Turquia
14 a 19 de Outubro - Argentina e Uruguai
20 a 23 de Outubro - Estados Unidos
27 de Outubro - Espanha
31 de Outubro a 04 de Novembro - Israel
04 e 05 de Novembro Faixa de Gaza e Cisjordânia
05 e 06 de Novembro - Cidade de Jerusalém
15 a 16 de Novembro - França
17 a 24 de Novembro - África do Sul
24 a 28 de Novembro - Ilhas Seychelles
04 a 05 de Dezembro - Costa do Marfim
06 a 10 de Dezembro - Macau
11 a 16 de Dezembro - Japão
1996
08 a 11 de Janeiro - Angola
Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitou 24 vezes e aFrança 21 vezes), percorrendo no total 992.809 KMS o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo".
Não me dei ao trabalho de confirmar, nem possuo meios para tal. Admito que opssa ser verdade!...
Parece que, por vezes, era ao contrário; apetece-me dizer que, de vez em quando, Mário Soares visitou Portugal.
Porque não ficou por lá, por onde andou?

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Peter Drucker - O adeus

O "pai da gestão moderna", um dos maiores gurus mundiais da gestão, senão mesmo o guru dos gurus, faleceu no passado dia 11 de Novembro, 8 dias antes de completar 96 anos de idade, na sua casa em Claremont, Califórnia, USA.
Peter Drucker nasceu em Viena, Áustria e fez a sua formação académica em Direito Internacional, em Frankfurt, Alemanha.
Quando Hitler chegou ao poder, mudou-se para Londres.
Poucos anos depois, em 1937, emigrou para a América, onde viria a notabilizar-se pelos seus livros e pelas teorias que concebeu e ajudou a desenvolver e que foram contributos especiais para as modernas técnicas e teorias de gestão. Durante os anos 40, naturalizou-se americano.
O mundo não seria hoje o mesmo se Peter Drucker não tivesse dado o seu especial contributo.
«Concept of the Corporation», 1946, foi um dos primeiros livros publicados já nos EUA e, segundo várias fontes, foi escrito a pedido da General Motors com recomendações que a empresa se negou a aplicar durante décadas.
«The Essential Drucker», «Managing for Results» ou «The Pratice of Management» são títulos de alguma bibliografia original. Em Portugal, edições como «Inovação e Gestão» ou «Gerindo para o Futuro» (Presença e Difusão Cultural) ajudaram (também aqui) a universalizar o ensino da economia empresarial, muito experimentada em acções de formação sobre gestão do tempo e das pessoas.
É sempre bom relembrar os grandes homens. Recomendo, por isso, aos mais curiosos, que leiam o texto de Jorge Nascimento Rodrigues sobre Peter Drucker aqui.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Nova estratégia para a Abrampolis

A mudança, a evolução com inovação, sobretudo assumindo com coragem que se mudou de opinião, de atitude e de posição na vida, são atitudes inteligentes.
No mundo da política é muito raro assistirmos a episódios destes, de assunção de rupturas com o passado, empreendidas pelos mesmos que vinham defendendo caminhos distintos.
Infelizmente. Parece que temos dificuldade em demonstrar que somos humanos e erramos, por vezes. Maldito orgulho do ser humano que, quando são os nossos adversários a mostrarem-nos que errámos, nos impede de o fazermos e de o assumirmos. Embora interiormente saibamos que o outro tem razão, resistimos a conceder-lhe esse crédito.
Explico melhor. Durante 4 anos, Pedro Marques e João Miguel Salvador, na Câmara Municipal, bem como todos os membros eleitos e Presidentes de Junta de Freguesia eleitos pelo PSD, assumiram sempre uma posição crítica face à estratégia da Abrampolis, empresa municipal de desenvolvimento detida a 100% pelo Município de Abrantes.
Para nós, era errado assumir uma vocação de mediador e operador imobiliário.
Para nós, gerir os “trocos” (não são assim tão poucos – cerca de 50 mil euros por ano) dos parques de estacionamento da cidade de Abrantes, era pouco.
Para nós, a Abrampolis deveria vocacionar-se para a criação de projectos estruturantes que gerassem riqueza, emprego, dinamização de espaços vocacionados para o turismo, o lazer, o desenvolvimento de projectos na área cultural, sobretudo isso.
Ficou sempre clara a nossa posição. Crítica, sim, mas com enunciação de outro modo de ver as coisas.
Agora, finalmente, após as eleições e a tomada de posse de nova equipa gestionária no Município, ficámos a saber que a Abrampolis vai inflectir a sua estratégia e vai dedicar-se a outro tipo de actividades, mais viradas para a criação de riqueza, o aproveitamento de nichos de mercado específicos, nas áreas do turismo, do lazer e não só. Manterá uma vocação imobiliária mas não exclusiva.
Contudo, o Orçamento e Plano Plurianual de Actividades, ontem votado e aprovado na Câmara Municipal de Abrantes, não defende ainda esse caminho. É um Orçamento e um Plano de Actividades na continuidade. Por isso mesmo, os eleitos pelo PSD na autarquia votaram contra. Foi na sequência desse voto que ficámos a saber que, passados quatro anos de andarem a defender o contrário, os eleitos pelo PS, afinal, sem quererem assumir que tínhamos razão, vão mudar a sua atitude para a gestão da Abrampolis.
Mesmo sem o fazerem de modo explícito – como se perdessem dignidade ou honra assumindo que a sua visão para a gestão da Abrampolis, ao longo dos quatro últimos anos, não foi a mais correcta, sendo a nossa mais próxima daquilo que agora vão assumir – não deixo de felicitar esta atitude lúcida de emendar, corrigir, romper, inovar que se anuncia e se espera venha a ter resultados concretos e palpáveis no terreno.
Fica o registo, pela satisfação que o assunto em mim provocou.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Cavaco Silva

Penso que, quem me conhece minimamente, sabe que não existem quaisquer dúvidas quanto ao candidato que apoiarei para a Presidência da República e em quem irei votar: Aníbal Cavaco Silva.
Recomendo uma visita ao seu site.
Considero Cavaco Silva um homem excepcional, um homem para o futuro.
Com dignidade, muita serenidade e exibindo as suas competências, vai trilhando passos seguros na sua caminhada para Belém.
Para além do site, recomendo uma visita ao nóvel blog de apoiantes de Cavaco Silva. Vale a penas visitar, ficar um pouco para absorver e voltar lá todos os dias. Já coloquei nos meus "Favoritos" e chama-se pulo do lobo. O painel de blogueiros é notável: Duarte Schmidt Lino, Fernando Alexandre, Francisco José Viegas, Francisco Mendes da Silva, J. Pedro Cardoso da Costa, João Caetano Dias, João Gonçalves, José Pacheco Pereira, Manuel Pinheiro, Paulo Lopes Marcelo, Paulo Tunhas, Pedro Lomba, Pedro Goulão, Pedro Picoito, Pedro Robalo, Rafael Lucas Pires e Tiago Geraldo.
É tudo às claras e tudo muito assumido. Como diz Francisco Mendes da Silva, no seu post Vamos lá ver se nos entendemos, "Isto é um espaço de pessoas livres, unidas num propósito circunstancial de ver uma determinada candidatura sair vencedora de um determinado acto eleitoral. Nada mais natural. No fundo, é assim que o mundo pula e avança. Muita malta diferente, meia dúzia de intenções em comum e lá se vai fazendo o que se pode".
Obrigado, pulo do lobo, pela lufada de ar fresco com que somos brindados. Agradeço mesmo sentido.

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Portfólio 02

Voltei a remexer no baú das fotos arquivadas, em busca de algo interessante. Talvez não interesse muito, mas cá vai mais uma; desta feita, uma sombra, um auto-retrato sem visualização de feições.

Deixando o branco e preto de lado, volto às cores, para exibir uma imagem de Alferrarede só possível a partir do Outeiro de S. Pedro, local que marca o acampamento das tropas lusas, com D. Nuno Álvares Pereira, antes da partida para Alubarrota.

Em Rossio ao Sul do Tejo, poucos são os que conhecem o túnel da Rua dos Marmeleiros. Mal cabe lá dentro um carro. É estreito, baixo e, de noite, sem iluminação, assusta um pouco.

Voltarei, uma vêz mais. Por agora, chega.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Revoltei o baú das fotos - portfólio 01

Hoje, percorri o PC, remexendo no baú das fotos que arquivo.
Encontrei lixo (muito) fotográfico mas também recuperei imagens que considero interessantes. Comecemos pela imagem que recolhi em Julho de 2004, na Piscina do Pisão, em Santa Cruz (Torres Vedras).

Um mês antes, durante o Euro-2004, em futebol, houve vários dias de festa em Abrantes, com as sucessivas vitórias lusas.
Num puro acaso, registei imagens de crianças e jovens em cima de um palco, na Praça Barão da Batalha e levei, de "brinde", um recorte quase perfeito, a branco, da forma geométrica do mapa nacional. Não houve trabalho nenhum para chegar a este resultado. Apenas calhou... e calhou bem.

Andando mais para trás, em finais de Abril, vinha eu de Castelo do Bode, onde fui ver o Aquapaper, quando capturei um belíssimo pôr-do-sol, no Casal da Preta.

Mais ou menos na mesma altura do ano passado, na Covilhã, numa sexta-feira à tarde, num intervalo das aulas do Mestrado, apanhei um arco-íris.

Por aqui me fico hoje. Espero exibir mais imagens do meu portfólio amador.

domingo, 6 de novembro de 2005

Jorge Sampaio, certo ou errado?


Li no Diário Digital que o Presidente da República, Jorge Sampaio (na foto, igualmente copiada do jornal em suporte digital) falou claro sobre as receitas municipais, a sua qualidade, a necessidade de os municípios passarem a ser mais auto-sustentáveis sem se basearem nas receitas provenientes do ramo imobiliário (IMI, IMT, Licenças de Obras, etc).
Passo a citar a notícia publicada: "Jorge Sampaio aconselhou hoje os autarcas a preocuparem-se mais com as receitas geradas nos municípios valorizando o turismo em vez da especulação imobiliária. O recado do Presidente da República foi feito no âmbito da presidência aberta dedicada ao turismo".
E depois o Presidente falou de outro aspecto que reputo de interessante. Mais do que gastar a massa, é preciso olhar para a qualidade dos projectos e para o seu efeito na alavancagem do crescimento e de mais investimento para os municípios. Disse o homem que "os desafios da competitividade só se conseguirão vencer pela qualidade dos projectos que formos capazes de levar a cabo". Algo que não tem sucedido. Os projectos são aprovados e ponto final. Os organismos que gerem os fundos comunitários querem é execução, os autarcas querem é obra feita e votos, muitos votos. A conta há-de chegar um dia para pagar. Aliás, já está a chegar.
E falou do potencial do turismo. Claro, é um dos sectores-chave da nossa economia.
O problema é que, modéstia à parte, estes argumentos são, no essencial, aqueles que defendi na minha campanha eleitoral autárquica, contra o despesismo e a aplicação sem critério de milhões de euros em obras farónicas e megalómanas no concelho de Abrantes.
Há, porém, um pequeno problema: as pessoas não querem, em geral, saber disso para nada. As pessoas pensam que o dinheiro é impessoal e apenas querem ver coisas feitas, independentemente da não incorporação de critérios de qualidade dos projectos.
Essa terá sido uma das razões pelas quais perdi as eleições.
Apesar de tudo, o povo não está ainda preparado para os desafios da qualidade e muitos - os mais aburguesados - não estão sensíveis aos apelos que Sampaio agora anda a fazer.
Por outras palavras, Sampaio fez o discurso certo no momento certo, mas o povo e os autarcas - estes sobretudo - estão pouco sensíveis para as suas palavras. No dia em que um projecto de investimento, por exemplo, um espelho de água e um açude, no valor de 4 milhões de contos, forem analisados à luz da produtividade e do seu contributo para alavancar o investimento de um concelho e aumentar a sua base de riqueza produzida, emprego criado e auto-sustentação económica e financeira, alguns autarcas terão de emigrar porque, pura e simplesmente, não podem e não sabem justificar aquilo que, tal como está feito, se revela um evidente, grosseiro e desastroso mau-investimento.
Porém, por enquanto, esse julgamento é exclusivamente popular, pelo voto. E o povo, como sabemos, está ainda mais distante deste discurso de rigor do que a generalidade dos autarcas.
Jorge Sampaio salientou esta discrepância, este fosso existente entre a realidade constatada e aquela que seria a desejável, ao constatar a contradição grande "entre aquilo que se pode estar a pensar fazer e aquilo que é necessário fazer para ter qualidade".
Entendidos?

sábado, 5 de novembro de 2005

Erotismo baseado em publicidade inteligente

Recebi, há tempos, um mail que apregoava erotismo baseado em publicidade inteligente. Por outras palavras, sem exibir nada nem explicitar nada, somos impelidos a interpretar as imagens que passo a seguir a colocar neste blog. Não conheço a sua origem, por isso não posso fazer o crédito devido; contudo, elas surgem mais ou menos identificadas.
Trata-se de um belo exercício de entendimento do trabalho criativo dos profissionais a quem incumbe criar mecanismos subliminares de apelo ao consumo.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Aldrabas

Vi no Adufe e no Muro da Vergonha (onde tenho amigos) fotografias de aldrabas de portas. Acabei de aderir à recolha de imagens de belas aldrabas. Comecei por Constância e Sardoal.
Aqui ficam alguns exemplares.



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terça-feira, 1 de novembro de 2005

Dia 1, dia de todos os santos

Mais um dia, mais um ano.

Não é fácil passar por isto. Mas é bom sinal, é sempre bom sinal. Por mais que custe - e custa sempre um bocado, pelo menos a mim - envelhecer. Gostava que pudesse ser tudo mais devagar. As coisas são como são e temos de saber viver com elas e as suas regras.
Nestes últimos dias, como já referi aqui, andei por aí, passeando, desanuviando, encontrando escapes para poder enfrentar os dias que aí vêm.
Já aqui falei, igualmente, do singelo e bizarro que é os países pobres, periféricos, com sigmificativos problemas de atraso estrutural.
Aqui fica a prova do que ontem vi:

Vi ainda um belo exemplar de rabo de cavalo. Sempre gostei de um bom exemplar do rabo de cavalo. Nas mulheres de rosto fino e apurado, de cabelo comprido, um belo rabo de cavalo fica bem.
Nem mais.
Ontem vi um belíssimo rabo de cavalo, que vou aqui deixar ficar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Fim de semana prolongado

Um fim-de-semana mais prolongado faz sempre bem. Perdemos algum contacto com o Mundo, gahamos algum contacto connosco e com aqueles que vão connosco durante esses dias.
É bom. Carregamos baterias, descansamos a mente, fugimos da rotina, quebramos com o stress da agitação da vida profissional, familiar, do leva e trás as crianças à escola, à natação e demais actividades extra-curriculares.
Podemos libertar a pressão que nos invade no quotidiano e nos impede, tantas vezes, de sermos suficientemente lúcidos para não cairmos nas rotinas e não conseguirmos evitar a melancolia derivada das rotinas que se impõem com hercúlea força.
Regresso, por período curto, a um sítio que já aqui recomendei e que merece muitas e muitas visitas. Parabéns ao(s) autor(es). É o "olhares", uma notável e enorme galeria de fotos.
Vou lá e "peço" emprestada uma foto para ilustrar este escrito. Uma foto simples, harmoniosa, tranquila mas, ao mesmo tempo, com força. Todos a remar em sincronia e para o mesmo lado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Acordar

A cidade de Abrantes é bonita. Tem perspectivas muito interessantes e agradáveis.
No próximo Sábado, muda a hora, o que significa que o amanhecer passará a ser mais cedo, por volta das 6 da manhã. Felizmente, ao longo desta semana, ainda amanheceu por volta das 7, o que proporcionou a possibilidade de captar os primeiros raios de sol a partir do Alto de Santo António.

Há locais que são acessíveis a todos e outros que são reservados.
Há lugares para onde, normalmente, não olhamos mas que são igualmente bonitos.

No "meu mundo" tenho lugares reservados, que habito e que têm importância na minha vida.
Uns são públicos, outros são, naturalmente, privados. É assim com todos nós.

Por debaixo da minha janela, penso e procuro compreender o "meu mundo". Tento; não sei se consigo - mas tento e continuo tentando.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Antes de comprar um novo par de sapatos, pare e pense

Quantas vezes compramos coisas de que não precisamos?

O mundo em que vivemos leva-nos a não pensar muito nos problemas que seres humanos sentem na pele todos os dias.

Vivemos, trabalhamos, temos o nosso ordenado, compramos coisas necessárias e úteis e vamos seguindo a nossa vida.

Porém, quantas vezes cedemos e compramos algo de que não precisamos MESMO?

Por exemplo, um par de sapatos. É um exemplo. Há pessoas que têm armários cheios de sapatos com poucas horas de uso. Vale a pena olhar para a imagem que se segue.

Uma fotografia que já venceu 3 prémios internacionais e que dispensa comentários. Só nos remete para uma reflexão sobre o sentido da vida e dos nossos gastos supérfluos e desnecessários.

Cá vai, mais uma vez agradecendo ao meu amigo Nuno Romão pelo seu envio.

Lamento não poder creditar a foto, mas desconheço o seu autor. Peço desculpas por isso. Se viesse creditada, aqui ficaria o registo. Como sempre faço.

domingo, 23 de outubro de 2005

O Código Da Vinci

Comecei a lei, apenas na passada sexta-feira, o livro de Dan Brown, composto de 536 páginas.




































Bem sei que já muita gente o leu antes de mim mas, embora me tenha sido oferecido há cerca de um ano, ainda não tinha tido oportunidade de o começar a ler.
É fantástico, muito interessante. Vou na página 316, ao cabo de dois dias. Quanto mais se lê, mais se quer ler.
Lembrei-me da sua forte ligação à Ordem do Templo, aos Templários, cuja presença foi forte na nossa região.
Haverá algum fundamento de verdade nesta história? Haverá?
Eis um belo exemplar arquitectónico da sua obra (dos Templários).

Que relação pode existir entre este Castelo e o Sangreal, ou Santo Graal? Estou apenas a especular e a tirar gozo do que ando a ler, independentemente da verdade de fundo que possa, ou não, existir. Fiquei, fã da ficção de Dan Bronw, pelo menos isso...

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

A Diferença entre o Paraíso e o Inferno...

O QUE É O PARAÍSO?
.
É um lugar onde:
- a polícia é britânica;
- os cozinheiros são franceses;
- os mecânicos são alemães;
- os amantes são portugueses;
- e tudo é organizado pelos suíços.
.
O QUE É O INFERNO?
.
É um lugar onde:
- a polícia é alemã;
- os cozinheiros são ingleses;
- os mecânicos são franceses;
- os amantes são suíços;
- e tudo é organizado pelos portugueses.

(Obrigado Nuno Romão e um abraço)

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Por Abrantes, Por Justiça!

O Dr. José Amaral abordou-me há cerca de duas semanas, para me dar conta de uma situação relativa (ainda) à sisa da Central do Pego.
Inteirei-me do assunto e fiquei, desde logo, disponível para o ajudar no que fosse preciso.
Na passada semana, o Dr. Amaral informou-me que a solução seria o recurso a uma petição a enviar para o Tribunal Constitucional.
A aposta será, assim, recolher o máximo de petições que for possível.
Aceitei, uma vez mais, o desafio cívico. Ontem mesmo, comecei a difundir o texto que recebi, fazendo o resumo da história. Recebi também (e reenviei) a minuta da petição - uma por pessoa, residente no concelho de Abrantes, maior de 18 anos de idade.
*
Aqui vai o texo de introdução, para que todos possam ter acesso ao mesmo:
POR ABRANTES, POR JUSTIÇA!
APELO AOS CIDADÃOS

1. Como é do conhecimento geral, o Governo concedeu isenção de sisa à venda da Central Termo-Eléctrica do Pego, feita pela EDP à TEJO ENERGIA, no ano de 1993.
2. Na Lei do Orçamento Geral do Estado para o Ano de 1994, então aprovada pela Assembleia da República, não foi considerada a obrigação de compensar o Município de Abrantes pela perda de receita resultante da isenção concedida, conforme impunha o artigo 7º, nº 7, da Lei das Finanças Locais, tendo sido rejeitadas as propostas apresentadas pelos então Deputados Jorge Lacão e Luís Peixoto, no sentido de se inscrever no Orçamento a correspondente verba.
3. À parte dos processos instaurado pela Câmara Municipal de Abrantes nos Tribunais Administrativos, o Advogado José Amaral, invocando diferentes argumentos, instaurou ele próprio, no tribunal comum, no dia 15 de Setembro de 1994, uma acção popular.
4. Nessa acção é pedida a condenação do Estado, não já propriamente a cumprir a obrigação de compensação, prevista na Lei das Finanças Locais, o que importaria, em sua opinião, violação do princípio da separação de poderes, mas sim no pagamento de uma indemnização ao Município de Abrantes, pelo seu não cumprimento, por um valor que levasse em linha de conta os financiamentos comunitários que a Autarquia poderia ter obtido, se lhe tivesse sido atribuída a verba compensatória, a que tinha direito, de 2.700.000 contos.
5. Nesse processo, ficou definitivamente assente, em 1ª instância, que o prejuízo consequentemente sofrido pelo Município de Abrantes se cifra no valor da indemnização pedida, de 10.800.000 contos.
6. A acção foi, todavia, julgada improcedente, com o argumento, utilizado no acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 1996, sobre o caso da Câmara Municipal de Braga, segundo o qual a Lei do Orçamento, ao não observar o artigo 7º, nº 7, da Lei das Finanças Locais, tacitamente o teria revogado.
7. No seu processo de acção popular, o Advogado José Amaral, logo na 1ª instância, invocou a inconstitucionalidade dessa interpretação da Lei do Orçamento Geral do Estado, cuja elaboração e aprovação pela Assembleia da República estão sujeitas às obrigações decorrentes de todas as leis em vigor.
8. Segundo o acórdão do caso da Câmara de Braga, porque a Lei do Orçamento não observou a obrigação de compensação prevista pelo artigo 7º, nº 7, da Lei das Finanças Locais, isso implicaria que estaria a revogar essa específica norma de lei, mas só naquele momento, instantaneamente, para aquele ano, visto que admite que o preceito legal, não expressamente revogado, volta depois a entrar em vigor, logo a seguir à aprovação de cada Lei do Orçamento que o ignore, e não aplique.
9. Reputando de inconstitucional esta interpretação, que em termos puramente lógicos se percebe ser falaciosa, o Advogado José Amaral recorreu do acórdão proferido pelo Supremo Tribunal de Justiça, no processo da acção popular que instaurou para o Tribunal Constitucional.
10. O Juiz-Conselheiro relator decidiu, porém, não tomar conhecimento do recurso, mandando arquivar o caso, com o falso argumento de que a questão de inconstitucionalidade não teria sido suscitada durante o processo.
11. O Advogado José Amaral reclamou dessa decisão, sendo a reclamação para a conferência normalmente decidida apenas por três Juízes-Conselheiros.
12. No entanto, a lei admite que, em certos casos, quando tal se justifique em razão da natureza da questão a decidir, o Presidente do Tribunal Constitucional determine a intervenção de todos os Juízes-Conselheiros.
13. O Tribunal Constitucional deve ser confrontado com as suas responsabilidades, pois que aos Tribunais compete administrar a Justiça em nome do Povo, com absoluta imparcialidade e total transparência.
14. Apela-se, assim, a todos os cidadãos, e em especial a todos os Cidadãos Abrantinos para que assinem a petição dirigida ao Presidente do Tribunal Constitucional, no exercício do direito consagrado no artigo 52º da Constituição, no sentido de que seja determinada a intervenção do plenário no julgamento da reclamação para a conferência apresentada pelo Cidadão José Manuel das Neves Amaral, no processo da acção relativa à indemnização pelo Estado, a favor do Município de Abrantes, pela não atribuição de verba orçamental compensatória da isenção de sisa, na venda da Central Termo-Eléctrica do Pego.
*
De seguida, vai o texto da petição, que pode ser copiado deste blog, colado em Word, impresso e entregue no consultório do Dr. José Amaral ou enviado directamente para o Tribunal Constitucional.
Exmº Senhor
Presidente do Tribunal Constitucional


______________________________________________________________________________________ residente em _____________________________________________________________________________________________
titular do Bilhete de Identidade número _____________________________,
- ao abrigo do disposto no artigo 52º da Constituição da República, exercendo o direito de petição, e dentro do absoluto respeito pelo princípio da independência dos Tribunais, que não é posto em causa, uma vez que se trata de actuar um poder discricionário, vem solicitar a V. Exª, e, por seu intermédio, a esse Alto Tribunal, seja determinado o julgamento com intervenção do plenário da reclamação para a conferência apresentada pelo recorrente JOSÉ MANUEL DAS NEVES AMARAL, no processo pendente pela 2ª Secção, sob o número 414/05 (acção popular tendente à indemnização ao Município de Abrantes, pela não compensação orçamental da isenção de sisa concedida pelo Governo, em 1993, à transmissão para a TEJO ENERGIA da Central Termo-Eléctrica do Pego) – porquanto tal se justifica em razão da natureza da questão a decidir, e assim o permite, por identidade de razão, o disposto no artigo 79º-A, nº 3, da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional.


a) _________________________________________________________________
*
Com base no exposto, inicia-se aqui um período de recolha de assinaturas para que o maior número possível de peticionários exerçam um direito que a Constituição da República Portuguesa lhes consagra. Uma tarefa difícil mas que temos de tentar.
Esta intervenção cívica de todos os abrantinos, de todos os quadrantes políticos, de todas as associações, de todos os cidadãos, é urgente e fundamental.

Uma imagem vale mais do que mil palavras

Eis a descrição política de Abrantes, no momento actual, numa simples imagem.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Há quem diga...

Há quem diga que aquilo que escrevo é psicologia, mas não deixam de ler atentamente.
Há quem diga que me falta objectividade, mas não vejo quem o possa dizer.
Há quem diga que o que escrevo não tem interesse. Então, porque sou lido justamente por essas pessoas?
Tenho pena da falta de sentido ético da vida que vejo em algumas pessoas.
Tenho pena que tenham deixado de ser felizes com a vida.
Tenho problemas (como toda a gente, ou até talvez mais do que a média) mas vivo bem, feliz, em minha casa com a minha mulher e os meus filhos, no meu mundo pequenino.
E esses, que me criticam, como é?
São felizes? Gostam de si mesmos? Gostam dos outros? Gostam do mundo?
Não me preocupam as respostas, por isso não permito comentário ao post.

domingo, 16 de outubro de 2005

Ressaca do Benfica

SLB! SLB! SLB! SLB! SLB! GLORIOSO, SLB! GLORIOSO, SLB!

Não vi o jogo, porque estava no fogo de conselho dos Escuteiros. Mas fui ouvindo o relato e, quando cheguei a casa, ligei-me na SIC Notícias e vi o resumo na TVI.
Boa malha. Nuno Gomes em forma.

E o Pinto da Costa (que é quem menos aprecio no FCP) a ficar mal. Paciência...
Mas o Benfica ainda está mal classificado na tabela da I Liga. É preciso continuar a recuperar. E ganhar já contra o Villareal para a Liga dos Campões.
Obrigado, jornal Record, pelas imagens usadas.

sábado, 15 de outubro de 2005

Fim-de-semana de Outubro

O Pedro Afonso foi para um acampamento de escuteiros.
A Mafalda foi brincar com o Tomás.
A campanha acabou. Um certo vazio.
Um casal amigo convida-nos para almoçar e acabamos por passar lá a tarde, conversando e confraternizando.
Foi fácil e foi agradável.
Chego a casa e ligo o computador, antes de sair para ir ao fogo de conselho do Jamboree, em São Lourenço. Parece que os escuteiros não foram autorizados a acampar no local onde decorreram as Festas de S. Lourenço. Não me quero aborrecer com isso. Paciência. Não vou pedir contas a ninguém da Câmara sobre isso.
Navego pelos blogs habituais, à procura de textos interessantes e pensamentos a reter na memória.
Vou ao Quarta República e encontro uma imagem que vou publicar, com respeito pelo crédito de colocação original.

Uma bela imagem, sem dúvida.

Continuo a navegar e chego ao Extranumerário, um blog fantástico sobre poesia contemporânea. Vale a pena uma visita. O seu autor, Gonçalo Nuno Martins, que não conheço, tem veia artística.

Não resisto, após as eleições autárquicas, a transcrever o pema "A quadrilha". Cá vai:

Avelino já tem dentes do siso

Concorre com os “Malucos do riso”

E quando não vai ao bordel

Fica a ler Maquiavel

Ainda quer roubar mais vezes

Nada resta no Marco de Canavezes

O people de Felgueiras axa cool

A doutora Fátima e o saco azul

“Ela vai à bola todas as semanas

E no final paga o fino e as bifanas”

Ó Fatinha fazias cá uma falta

Nada como uma ladra pra animar a malta

Valentim é o maior do campeões

Oferece varinhas-mágicas e televisões

Festa e sardinhada na avenida

E que se lixe a câmara falida

Que o major está bem de vida

O Isaltino é um queridinho

Guarda o dinheiro do sobrinho

E ao Domingo vai à missa

Rezar pelas contas da Suíça

E se a eleição der para o torto

Compra um táxi e rouba no aeroporto

Ó ladrõezecos deixem-se de modas

O vosso problema é falta de fodas.

Não fui eu que escrevi. Mas está interessante.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

O que me pediram

Pediram-me hoje ao almoço que não escrevesse sobre coisas tristes e deprimentes. Que escrevesse antes sobre coisas alegres, sobre o prazer da vida. A história do exaurido Miguel era, de facto, triste.
Percebi, de imediato, que era uma boa verdade. Fingi não prestar muita atenção, mas quem me avisou tinha razão.
Sempre fui uma pessoa alegre, bem disposta, que tem prazer em viver.
Um outro amigo, que guardo desde a infância, mandou-me um mail a desafiar-me para, no próximo fim de semana, irmos ao autódromo do Estoril, ver a fórmula alternativa à F1 - a A1. O nosso concorrente, qualquer coisa Parente (apelido) está mal colocado na tabela mas é sempre uma promessa a parece que promete fazer qualquer coisa de interessante a correr em casa. É uma boa opção. Talvez aceite o repto e lá iremos até à AML.
Outro amigo, ex-Secretário de Estado, bem como outro amigo, seu ex-Chefe de Gabinete, telefonaram-me ontem a desafiar-me para um jantar em Lisboa, a meio da próxima semana. Sou capaz de aceitar o desafio.
Sei que tenhos bons amigos, que se preocupam comigo, que me querem ver bem disposto. E isso é muito importante e extraordinariamente gratificante na vida.
Vale a pena ter família e amigos. É meio caminho andado para a nossa felicidade. Para a minha, é. De certeza!
Bom fim de semana.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Miguel, o exaurido - Conto de ficção

Miguel vinha exaurido.
As pernas tremiam que nem varas verdes. Nunca havia pensado que poderia assistir a uma cena daquelas.
Sentou-se. Levantou-se. Sentou-se. Voltou a levantar-se. Lavou a cara no bebedouro público onde, a custo, conseguiu afastar os pombos que por ali costumam habitar em dias de calor.
A escola havia-a deixado aos dez anos de idade, quando resolveu partir com os homens dos carrinhos de choque, no final de mais uma Feira Anual. Desde então, nunca mais pegou em livro algum. Mal sabia ler ou escrever, mas em contas de cabeça era um ás, ninguém o conseguia enganar. Talvez por isso ganhou o epíteto de ministro da droga.
Essa era a sua actividade. Comprar e vender, traficar, roubar. Nunca matou e não tomava drogas duras. Sabia que não o poderia fazer, pois isso seria o seu fim. Fumava uns charros, não dispensava a sua ganza.
Nunca esteve preso. Uma vez, de noite, em pleno Inverno, após o início de novo ano, conseguiu fugir por uma vala de esgoto, após uma rusga em Almada. Andou desaparecido durante quase uma semana e, quando surgiu em casa de Matilde, a namorada, ia doente. Esteve internado durante mais de um mês no Hospital, com difteria e tuberculose. Nunca mais foi o mesmo, ficou para sempre franzino, seco de peles e de olhar, sorriso triste e pose deslombada.
Porém, naquela noite, teve de se fazer forte e corajoso.
Entrara em casa de Matilde, como habitualmente, em busca do seu sossego e de um pouco de conforto no regaço da sua amiga de infância, auxiliar num lar de crianças abandonadas. Uma mulher pobre mas honrada, amargurada pelos azares que a vida lhe trouxe mas séria, triste mas digna. Nunca disse a Miguel que uma certa vez, abortou, impedindo que o filho de ambos chegasse a nascer. Estava de esperanças há 8 semanas quando decidiu que o rebento nunca haveria de conhecer este mundo, nem o pai, nem a mãe. Para não ter de cair na mesma vida, na mesma miséria, na mesma desgraça. Fê-lo por amor.
Miguel procurou Matilde mas não a encontrou. Por isso, sentou-se e ligou o televisor. Enrolou mais um charro, que tragou com uma mini e adormeceu ainda antes do final da primeira parte do jogo entre o Benfica e o Sporting, um clássico que não lhe despertou interesse. O seu desinteresse era devido a outros interesses da sua vida.
Quando acordou, pelas quatro da madrugada, estava amarrado a uma cadeira, a casa revolvida e Matilde, em frente de si, enforcada com um bilhete pendurado no vestido e o seio pendurado por fora do vestido rasgado.
Ao longe, Miguel conseguiu ler: “NUNCA MAIS VENDAS DROGA IMPURA. ÉS O PRÓXIMO”. A assinatura era de Cajó, um cliente, que agiu assim zangado com a falta de pureza do ‘cavalo’ que Miguel lhe havia vendido.
Atrás de si, um rastilho consumia-se em direcção a uma botija de gás. E ele amarrado, impotente para se mover, sem força para sair dali.
Conseguiu ir buscar forças onde nunca pensou que elas estariam guardadas e atirou-se para o chão, rastejando em direcção à porta da rua. Estava fechada. Restou-lhe fazer novo esforço e atirar-se da janela.
Caiu do primeiro andar no pavimento de terra batida e a cadeira, partiu-se. Conseguiu fugir mais uns metros e, ao olhar para trás, viu desaparecer num colorido vermelho, amarelo e laranja, toda uma existência, uma vida e conforto.
Correu o mais que pode e foi assim que o encontrei.
Miguel vinha exaurido.

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Dias do futuro

No passado Domingo, foram criadas condições para mudar a minha vida, as minhas rotinas, os meus objectivos.
Posso agora olhar com mais detalhe para outras coisas que tenho deixado descuradas: a minha família, por exemplo.
O meu filho mais velho perguntou-me na Segunda-feira de manhã se eu tinha vencido ou perdido as eleições. Quando lhe respondi que perdi, ele soltou um sonoro "FIXE!".
Quis saber do seu contentamento e ele respondeu que, assim, bem vistas as coisas, eu passaria a ter mais tempo para ele, para a irmã e para a mãe.
É verdade. Tive de concordar.
Tenho pena de não logrado vencer mas já passou.
Paciência. Não foi essa a vontade dos eleitores, aceito-a. Propus um modelo diferente, as pessoas não o quiseram, sem ressentimentos as coisas seguem o seu destino. O futuro dirá se bem ou mal. Oxalá bem!
Vou, então, dar mais valor à família, à amizade, às viagens, ao trabalho, à leitura, à escrita, ao cinema, aos espectáculos de música e teatro, ao desporto.
Sobretudo, gosto imenso de escrever. E tenho tanto para passar a escrito. Experiências de vida, episódios, pensamentos, gostos, histórias...
Já (re)comecei a escrever. Para mim. Para a minha gaveta. Para meu consumo. Sinto-me bem quando escrevo e encontro o meu outro eu, do lado de lá do papel ou do monitor do computador a falar comigo e é nesse diálogo entre o ego e o alter-ego que construo as minhas mensagens.
Vou viajar quando puder e tiver disponibilidade de tempo e de dinheiro para tal.
Vou cuidar do corpo e da mente.
Vou dar mais tempo aos meus filhos e à minha mulher. E à minha restante família também.
É isso que vou fazer. Sem deixar de exercer os meus direitos cívicos. Sem deixar de, quando oportuno, exprimir a minha opinião e a minha visão dos acontecimentos. Sem deixar de participar na vida da comunidade, a diversos níveis de envolvimento, nomeadamente associativo.
Mas, sobretudo, vou tentar obter da vida o maior gozo que ela me poder proporcionar, junto daqueles que me são mais queridos e mais gostam também de mim.
Olho para a rua e vejo a chuva.
Gosto dos dias de chuva. Sim, é verdade. Gosto dos dias de chuva, mas não gosto deles frios, antes os prefiro mornos ou mesmo quentes.
A neblina do chuvisco, num dia austero de chuva forte outonal com o céu forrado a seda cinzenta impede-me de ver os recortes precisos do horizonte. Tudo fica desfocado. Tudo fica diluído e perde-se a nitidez da linha do horizonte e parte da amplitude da vida.
Quando chove, viro-me mais para dentro de mim e aproveito para pensar, para reflectir, para amadurecer ideias e conceitos, para me conhecer melhor.
Procuro encontrar melhor o horizonte, mesmo sem o ver nitidamente. Imagino-o, idealizo-o e vejo-o, sinto-o, por vezes até o consigo cheirar.
Não preciso de ver o sol para saber que ele existe. Pode estar tapado pelas nuvens mas sei que ele está lá e chegará o dia e a hora, depois das chuvas em que ele ressurgirá brilhante para mim e para todos. Não o quero só para mim. Sei que o sol faz falta, como o faz a chuva, o orvalho, a vida florescente na Primavera e todos os equilíbrios da natureza.
Não preciso de ver a linha do horizonte todos os dias porque sei que ela existe, ainda que por vezes escondida.
Serão estes os dias do meu futuro.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Falta menos de um mês

Todos os dias estou mais e mais confiante.
Há muitos anos que não via tanto entusiasmo e tanta gente em redor de um projecto político em Abrantes.
Este entusiasmo é contagiante e estou cada vez mais motivado. Penso que isso se reflecte no entusiasmo que, por sua vez, contagia toda a equipa de candidatos e as pessoas que, espontaneamente, vão aderindo à nossa odisseia.
É cada vez mais nítido o que vai acontecer. Podem crer.
No dia 9 de Outubro, Abrantes vai decidir. Penso que vai decidir bem.

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

O princípio das escolhas

E pronto. Faltam apenas 39 dias para as eleições autárquicas.
Ainda não existe sorteio de ordenação das listas candidatas nos boletins de voto.
O Tribunal de Abrantes só ontem deu por findo o processo de formação de listas. O CDS, que tinha manifestado vontade de concorrer a 4 freguesias, afinal, não conseguiu juntar gente suficiente para concorrer na principal freguesia do concelho: São Vicente.
Concorrem a Tramagal, Alferrarede e São João. Vale o que vale. Respeite-se!
A CDU concorre a 14 freguesias. O Bloco de Esquerda também se fica por poucas: São Vicente, São Facundo e Rossio ao Sul do Tejo.
Só PS e PSD concorrem a todas. Um sinal claro que quem está neste processo para disputar a vitória final.
Sinto um grande descontentamento das pessoas relativamente ao poder vigente. Sinto-o e espero que esse descontentamento se materialize em algo de positivo para a candidatura em que estou envolvido.
Sinto, sobretudo, que Abrantes merece experimentar outro caminho, outro modelo.
A equipa de pessoas que reuni enche-me de orgulho. Não o digo apenas porque estamos em época de eleições. Não! De facto, estou mesmo orgulhoso. Gente boa, gente capaz, gente de trabalho, gente inteligente e criativa, gente de muitas profissões, mais e menos novos, mulheres e homens, raparigas e rapazes, ricos e menos afortunados, enfim, uma lista de quase quinhentas pessoas que são bem o espelho da nossa comunidade.
Em Abrantes, vota-se muito por tradição. E o "punho fechado" está muito enraizado. Felizmente, começa a deixar de estar e muitas são as pessoas que sempre votaram no PS que afirmam ir mudar, pela primeira vez, a sua posição.
Na nossa equipa, se vencermos, cumpriremos o mandato na íntegra.
Não sei quantos cabeças de lista à Câmara Municipal podem afiançar que o farão. Mas não é eticamente aceitável que alguém entenda concorrer e, ao cabo de alguns dias ou meses, em caso de hipotética vitória, abandone as suas funções e deixe um nº2 que as pessoas não escolheram a liderar o concelho. Seria um logro, uma fraude. Em eleições autárquicas, de grande proximidade entre eleitos e eleitores, quem vota escolhe, sobretudo, pessoas. Não podem ficar quaisquer dúvidas de que, votando em mim ou em Nelson Carvalho, quem quer que vença, deve cumprir o seu mandato até ao fim.
Quem votar em mim, vota também na minha equipa mas não está a escolher o José Moreno para Presidente da Câmara.
Do mesmo modo, quem votar em Nelson de Carvalho não pode estar a votar, afinal, no Albano Santos.
É preciso clarificar este aspecto e não podem ficar dúvidas por esclarecer. As pessoas de Abrantes merecem este esclarecimento.
Alguém tem receio de dar uma palavra clara, inequívoca, simples e directa sobre o que pretende fazer após o dia 9 de Outubro, em caso de vitória?
EU FICO!
Digam lá os outros como é ou como será.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

A indústria dos incêndios?

Na Carreira do Mato, um senhor que conheço dizia-me: "Há uns anos atrás, um incêndio era um acidente, uma catástrofe; mas hoje, é um negócio, como qualquer outro".
Aquelas palavras ficaram a bater na minha cabeça.
Na véspera, tinham-me afiançado na Atalaia que havia circulado uma carta anónima (que não vi e ninguém tem, aparentemente...) que avisava que entre as festas de Carvalhal e as da Carreira do Mato, o norte do concelho teria de arder.
Também ouvi gente dizer que os interesses subjacentes aos incêndios até passavam pela caça, de gente que não quer pagar e quer o regime livre de regresso.
Não sei ao certo. Sei apenas que estamos sempre a perder e sei que negligenciámos demasiado os aspectos da prevenção.
No campo político, não coube nas prioridades do PS de Abrantes. Por mais que digam o contrário.
É claro que a culpa não é toda da Câmara. Mas se cada um fizesse a sua parte - e se a Câmara tivesse feito bem a sua! - tudo poderia ter sido diferente, para melhor.
A juntar a estas preocupações, vem o sub-Director de Informação da SIC, José Gomes Ferreira, juntar um artigo seu, que apenas transcrevo por o subcrever inteiramente.
"A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.
Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.
Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:

1- Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?

Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?

Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?

Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.

Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...

Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?

Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país. Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime.

Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo".

Alguém discorda?