terça-feira, 26 de setembro de 2006

REFLEXÃO DE MOMENTO

As organizações políticas tendem cada vez mais a ser um grupo organizado de interesses.
Longe vão os tempos em que as afinidades se ditavam por proximidade de ideal, por razões programáticas ou pela metodologia utilizada para as conduzir à prática.
Hoje, cada vez mais, as afinidades são por interesse.
Por isso, quero registar algumas verdades. Minhas. Discutíveis pelos outros, claro. Mas são as minhas, expressas no meu blog.
Já quase ninguém está verdadeiramente com alguém de modo incondicional. Se um cidadão quer ser líder de uma organização política, busca logo o consenso. Poucos vão a votos em listas opositoras. Eu fui. E provavelmente voltarei a ir, num futuro certo ou incerto. Mas a moda está em gerar consensos, forçar as pessoas a aceitarem o poder das oligarquias.
Assim, gera-se o poder amorfo, as meias-tintas, a paz-podre e os habituais “escolhidos” continuarão a ser escolhidos, por regras feitas por si, para si e com indefectíveis que pouco ou nada param para se questionar.
É com honra que, olhando para o panorama actual, verifico que Abrantes está à margem do sistema. Coerência precisa-se.
As pessoas pensam demasiado na táctica e subvalorizam os princípios, a honra, a lealdade. Um acordo de cavalheiros hoje nada vale daqui a nada, na maioria das ocasiões.
Conheço pouca gente que valha a pena conhecer. Mas esses gosto de os conhecer.
Sou testemunha de acordos e juras de fidelidade recíproca recente que verifico, hoje, em face de dados muito recentes, que foram apenas e só “conversa da treta”.
Outra verdade. Vale tudo, quase tudo. Por vezes, até apoiantes de outros partidos que pediram a desfiliação do seu partido de origem para poderem estar à-vontade em termos locais, para poderem sentir-se libertos para escarnecer nos candidatos do seu próprio partido apoiando outros de extrema-esquerda em troca de uns favores imobiliários, que se desfiliaram do seu partido destruindo – literalmente – o seu cartão são agora, afinal, recuperados e colocados em posição de destaque.
Assim se desvaloriza um projecto.
Por fim, uma outra verdade. Ninguém morre politicamente. Pode ser preciso esperar anos mas, com persistência, com honra, sustentado em valores firmes e convictos, estribado num projecto alternativo com sólida argumentação e alicerçado em solidariedades inquebrantáveis que vão muito para além da mera existência política, é sempre possível o regresso. Isto é válido em todos os quadrantes políticos. Acreditem no que vos digo.
Por fim uma nota. Sei que este post vai ser lido em muitos locais. Em Abrantes, em Lisboa, no eixo Torres Novas-Santarém, no Cartaxo, em Tomar, em vários espaços com distintas interpretações.
A todos quero dizer que esta é apenas uma opinião. Uma reflexão. Sem mágoa. Coerente. Honrosa. De análise do presente. Mas, também, de sinal para o futuro.
Um futuro, por certo, onde ninguém poderá fugir das suas responsabilidades, onde todos teremos de prestar contas, como sucede e deve suceder nas organizações democráticas formadas por pessoas livres.

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