terça-feira, 31 de outubro de 2006

Ainda a história de Albano Santos e Nelson Carvalho

Pina da Costa, actual Vice-Presidente da CMA, entregou ontem um documento na reunião semanal, onde apresenta a justificação oficial que Nelson de Carvalho alega existir para ter perdido a confiança funcional em Albano Santos. Terá sido por causa da falta de articulação entre ambos, já que NC iria para o estrangeiro e AS deveria ficar a substituí-lo, como é habitual.
Na reunião semanal, disse logo que achava o motivo muito curto. Admiti - e ainda admito - ser um acumular de situações. E, no anterior post, disse aqui que tinha tido acesso a outras informações, com outras razões.
Hoje, Albano Santos emite um comunicado seu e vai ao encontro das razões que eu conheço, porventura mal, mas já são vox populi.
Albano Santos diz algumas coisas que revelam a sua mágoa profunda para com Nelson de Carvalho. E diz outras que carecem de mais aprofundamento.
Vejamos:
- "Recuso-me a entrar em pormenores que exponham ainda mais o complicado momento da gestão camarária, e o sentimento dramático de fim de ciclo". É ele quem o afirma e sublinho: complicado momento da gestão camarária. Quão complicado e complicado porquê? Passa-se algo que fuja à normalidade, na gestão do Município? Mais, sentimento dramático de fim de ciclo. Essa é uma constatação que já faço há algum tempo. Agora acentuada. Nelson de Carvalho já "arrumou" com Jorge Couceiro, Helder Silvano, Júlio Bento e agora Albano Santos. Umdia há-de querer que alguém lhe suceda. Quem? Quem, agora, neste dramático fim de ciclo, nas palavras de Albano Santos?
- "Recuso-me a entrar neste momento de desorientação pessoal, mas acredito que pontual do Dr. Nelson de Carvalho". Admite, por isso, que NC anda desorientado. Até que ponto? E até que ponto isso afecta, em seu entender, a capacidade plena para continuar a gerir os destinos do Município. Até porque, mais à frente, AS refere que "neste momento precisa de ajuda. De toda a ajuda possível para ultrapassar esta situação" e ainda mais à frente que "esta é na minha opinião, uma crise entre Nelson de Carvalho e ele próprio". Bom, tenho uma leitura sobre o significado destas palavras, mas recuso-me a partilhá-la aqui. Se bem percebo o que AS chama a NC, nesta altura...
- "Vai ter a minha ajuda construída com silêncios oportunos, desde que, dentro do PS e da Câmara, não insistam em por em causa o meu bom nome, a honra, o profissionalismo e a dedicação à causa pública que já demonstrei ter", diz AS. Noto aqui uma ameaça velada. Se não me chatearem, até fico calado; se me chatearem, posso falar de algumas coisas que sei, poderá ser esse o significado desta frase. Pelo que conheço de NC e a alergia que tem a ameaças, a coisa não vai ficar por aqui.
- "O despacho do Presidente de revogação da minha nomeação como Vereador a tempo inteiro e como vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes é consequência natural da minha manifestação clara de perda de confiança pessoal e política no Dr. Nelson de Carvalho", escreve ainda. Afinal, não foi NC quem perdeu confiança funcional em AS - foi este quem perdeu confiançan pessoal e política em NC.
- "Essa perda de confiança pessoal deve-se ao facto de o Presidente ter posto em causa de forma muito grave a minha Palavra. Não lhe admiti que o fizesse. Não lho admito. Entendi essa atitude como mais uma tentativa de desautorização, como outras que já tinha tentado". Afinal, já havia mais chatices para trás, a coisa não era de agora apenas, tal como eu - e muitos - deduzimos. Já agora, convinha aprofundar que palavra foi posta em causa, em que contexto e a quem tinha sido dada. Julgo saber mas é preciso clarificar. Até porque a palavra terá sido dada a alguém que até terá ficado satisfeito com a exoneração de AS das suas funções, ao que me contaram. Não quero acreditar mas...
- "Recuso-me a entrar em confrontos que ponham em causa o meu próprio trabalho em prol de um projecto político para o concelho, no qual acredito, pelo qual dei muito, mesmo muito e pelo qual alterei a minha vida pessoal e profissional". Aqui, a mágoa vem claramente acima. AS reclama que mudificou a sua vida pessoal e profissional e que deu muito, muito mesmo de si para, afinal, acabar como pretenso mau da fita, saindo pela porta pequena, de modo inglório.
- "Os diferendos são naturais e são resultantes apenas de diferentes visões sobre o exercício da actividade da Câmara Municipal. Somos de gerações diferentes e com formações diferentes. Não existem outras razões". Acredito. Mas para haver visões diferentes, não pode ser de agora, assim de repente. Lá volto ao que antes dizia: as coisas já se vinham acumulando desde há tempos.
- O Comunicado termina dizendo que a relação futura de AS com a CMA "será tomada apenas depois da reunião da Comissão Política Concelhia do PS na Sexta-feira dia 3 de Novembro". Deque modo é que isto encaixa na sua vontade de continuar a desenvolver projectos para Abrantes? Não sei. AS vai continuar na CMA, como vereador em regime não presencial? Vai sair?
Aguardemos. Pode ser que me engane, mas este assunto ainda vai continuar a render durante mais algum tempo. A fractura é grande, grave e exposta.

Sem comentários: