Os partidos políticos são organizações complicadas. Porquê?
Porque os seus dirigentes, em geral, são complicados. São sinuosos, perigosos e não conhecem a vida banal da generalidade das pessoas. Vivem num mundo pseudo-elitista de uma nova burguesia que chegou ao poder e se tem alimentado do regime democrático do pós-25 de Abril, num verdadeiro regime de alternância de bloco central, onde coabitam pacificamente gente de várias tendências e linhas de orientação, para as quais, já há muito, as ideologias caíram para darem lugar às conveniências do aggiornamento colectivo.
Esta acusação é grosseira mas não deixa de estar correcta. No partido a que pertenço, há militantes que pensam que são donos da instituição. Alguns desses militantes são pessoas que nunca tiveram vida profissional (agora até podem já ter, mas é derivada da sua passagem pela política, quando o desejável seria que a sua actividade política derivasse da sua carreira profissional).
Por outras palavras, sempre houve e sempre haverá carreiristas da política. Os quais coabitam com outras pessoas, que têm vida própria, profissão, carreira, percurso, para além da participação cívica que fazem através dos partidos políticos.
Os partidos, em geral, estão dessintonizados dos portugueses. Por isso se regista esta crise de valores e a mais gritante crise de identificação entre o povo e os partidos. Não há causas novas, não há modelos novos, não há ideias novas. Porque os partidos são feitos de pessoas que não são novas, que estão cheias de vícios de comportamentos e de visão, que julgam que conhecem as dificuldades que as pessoas sentem mas em que, na realidade, isso lhes passa ao lado, etc, etc, etc.
Voltarei ao assunto, para continuar daqui para a frente.
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