terça-feira, 4 de julho de 2006

CHMT

Em primeiro lugar, uma referência em tom de agradecimento. Obrigado aos que aqui postaram comentários e aos que me telefonaram dizendo que eu deveria continuar a escrever.
Obrigado, sinceramente. Quando disse que um destes dias iria deixar de escrever foi porque me começa a faltar tempo e tema. Já para não falar na falta de talento. Safo-me bem mas gostaria de saber escrever melhor, muito melhor.
Faz hoje oito dias, participei numa sessão-debate sobre o futuro do Hospital de Abrantes integrado no Centro Hospitalar do Médio Tejo.
Durante uma semana, andei a consolidar o que ouvi lá, o que já tinha visto e ouvido antes e o que vi e ouvi depois.
Começo a ter mais do que leves suspeitas de que nos estão a querer fintar e que o 'Cavalo de Tróia' de que alguém falou nesse dia e nessa sessão, está mesmo cá dentro da nossa comunidade e dentro do nosso hospital.
Lá disse-se muita coisa, sobre valências básicas, sobre partilha de especialidades, entre o que é ambulatório e o que são consultas externas, etc, etc, etc.
Certo, certinho, ficou dito que a Urologia iria para Tomar para permitir reduzir a lista de espera das cirurgias (SIGIC), porque se iriam fazer 3 vezes mais cirurgias do que era possível fazer em Abrantes. Lá disse-se que o povo de Abrantes pode continuar a revelar incompreensão mas que, afinal, esse decisão resulta de uma atitude altamente altruísta do Director de Serviços, por sinal abrantino, o Dr. Paulo Vasco, em nome dos interesses dos utentes (o valor da cada cirurgia, no SIGIC, para aqui não importa...).
Lá ficou dito que apenas as cirurgias da Urologia iriam para Tomar e que Abrantes, tal como Torres Novas, continuariam com as consultas externas e eventuais exames necessários aos utentes. O problema era mesmo a lista de espera para cirurgia, que envergonha o país. E, em nome do elevado e supremo interesse dos utentes, toca a levar as cirurgias - e só isto, todos ouvimos - para Tomar.
Então, se assim é:
- O que fazia a carrinha do Hospital de Abrantes, na tarde da passada sexta-feira, carregada até ao cimo com dossiês, documentos e mobiliário da Urologia, com destino a Tomar?
- Porque motivo as consultas externas de sexta-feira foram desmarcadas?
- Vamos mesmo continuar a ter consultas externas e exames em Abrantes?
- Quem manda, afinal?
- Qual foi o montante de equipamento adquirido pela Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes (coloquei Abrantes a negrito e não escrevi CHMT) que corre o risco de ser transferido de unidade?
- Alguém pode garantir-nos que, afinal, apenas estamos a ler tudo ao contrário e que, em rigor, nada de especial se está a passar?
- Será verdade o que foi dito nessa sessão, nomeadamente que estão a desviar grávidas de Abrantes para outras unidades, no norte alentejano e no litoral (Leiria) e que isso irá colocar em questão a sobrevivência futura da Maternidade em Abrantes e de toda a sua força de Saúde Materno-Infantil?
- Terá viabilidade a Urgência Médico-Cirúrgica e a grande urgência em Abrantes sem as especialidades?
- Alguém já leu o Plano Estratégico de 1998?
- Um plano com 8 anos continua actual?
- Quem pode garantir que a futura grande urgência de Abrantes irá contar com a presença regular de especialistas de pneumologia, cardiologia, gastroenterologia e ortopedia, entre outras?
- O investimento de 7 milhões de euros apresentado em Março/Abril de 2005 como sendo necessário para repor a capacidade hospitalar do nosso hospital vai ser feito?
- Qual o papel dos nossos deputados e dos governantes da nossa terra no exercício da sua magistratura de influência para que não continuemos a ser continuamente espoliados?
- Para quando uma rede eficaz de transportes urbanos que minimize os prejuízos de deslocação aos utentes e aos profissionais?
São cada vez mais as dúvidas que urge esclarecer. Dia 21, na Assembleia Municipal, com a presença do Conselho de Administração do CHMT, muitas delas, já para não dizer todas, terão de ser respondidas, sem dúvidas para ninguém.

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