quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ontem foi um dia giro

Ontem troquei umas mensagens com uns amigos. Tinha a ver com política e eu anexei um vídeo de um determinado autarca a zurzir nos "barões" distritais do meu partido. Devem imaginar quem é.
Um amigo respondeu:
"Aquele discurso tem de ser conhecido por todos. Façam os possíveis e impossíveis para isso. Nem toda a gente tem internet". Este era e é do 'nosso lado'.
As restantes respostas são de pessoas do 'outro lado'.
Um amigo - neste caso também adversário - a quem liguei para colher a reacção, disse que também eu posso ser apelidado de "barão". Logo eu que não passo de um mero operador de província e nunc a pertenci a órgãos distritais do PSD e, sempre que estive no Conselho Nacional do PSD nunca estive proposto pelas nomenclaturas, antes concorrendo em listas de ouotsiders, daquelas que polvilham os congressos e que me levaram a deixar de querer ser mais conselheiro nestas condições de inconsequência política. Neguei que possa eu ser um 'barão, conde ou visconde' mas admiti que seja isso que alguns tenham posto a correr: que aburguesados há de todos os lados. Contudo, a formulação inicial da ideia não foi minha: foi de alguém que quis criticar quem apoia neste acto, estando na ocasião ao lado de quem agora critica. Mas isso já foi explicado por quem de direito.
Outra amiga ligou-me ofendida porque eu dizia, no final da mensagem, que enviava este pequeno presente com amizade e carinho. Ficou ofendida com isso e pelo facto de, durante o processo eleitoral, eu ter ido convidar militantes da concelhia a que ela pertence para o nosso projecto político. Não vale a pena discutir sobre isso agora mas os militantes que lideram não são donos da vontade dos demais militantes e para disputar a liderança há que procurar quem nos apoie em todo o lado. Certo e elementar.
Por fim, o mais violento comentário que recebi veio de outro militante, cuja forma de falar é normalmente um pouco menos 'macia', até mesmo um pouco 'muculada'. Ele não o faz por mal. Mas disse-me ele:
"Não compreendi a tua mensagem. Qual foi a última vez que falamos? Qual foi a última vez que recebi um mail teu? Não me lembro". Logo por aqui se percebe que levou a mal a provocação. Mas admito que seja apenas ironia pelo facto de já há algum tempo eu não lhe enviar mails. Sim, EU não enviar porque não me recordo de algum que ele me tenha enviado nos últimos dois anos, excepto quando em funções institucionais onde contacta com os militantes. Agora, mensagem pessoal? Nicles, népia, zero.
Mas ele continuou: "Pelo caminho que temos percorrido, tenho dificuldade em compreender algumas insinuações, mentiras e acusações grosseiras que tem havido".
De quem? Minhas não são certamente. Cada coisa em seu sítio. Mas, adiante. A seguir vem a 'cobrança' e uma farpa quando ele refere, provavelmente incluindo-me, que "quando estiveram com responsabilidades (associações, clubes, lugares públicos, cargos no partido) não fizeram rigorosamente nada, ou seja, portaram-se como caciques". E aqui a linguagem desce um pouco de nível. Mas compreendo que nesta altura os nervos estão mesmo à flor da pele. Afinal, estávamos a 3 dias da votação e o grau de incerteza sobre os vencedores existe.
Há depois uma 'farpa' para outro amigo meu - que já foi dele também - e que vou passar por cima. Era bom que TODOS fossemos, de vez em quando, a votos para se perceber se temos muito ou pouco valor, em lugar de fugirmos para a crítica fácil quando alguém de quem nos dizemos amigos tem a coragem de ir a votos e perde eleições. Um pouco mais de humildade e respeito não faziam mal nenhum. Há pessoas que falam muito do voto mas nunca se sujeitaram ao mesmo, enquanto figuras de cartaz, para serem julgadas pelo que são, expostas como um livro aberto. Não têm de o ser se não quiserem mas a figura do comentador e analista de bancada é algo que me incomoda e vai grassando dentro do meu partido. Imagino que nos outros, democráticos, seja igual.
Termina este meu amigo dizendo que "a vontade e fome do poder (mais uma vez) atraiçoa-nos, pois esquecemos que os eleitores lá fora não pagam quotas, não se movem por interesses pessoais". É falso. Toda a gente tem interesses pessoais e são eles que nos movem. Pode haver uma vontade de olhar para o colectivo e trabalhar para a comunidade mas tem de haver motivação e vontade de conquistar o poder ou de querer estar perto dele. A conqusita do poder perpassa toda a história da Humanidade. Basta olhar para as inúmeras guerras desde tempos imemoriais para se perceber isto. Tudo o resto é lirismo vazio de sentido.
Como alguém disse um dia, o Homem pode cansar-se de comer, de beber, de mulheres, de quase tudo, mas um Homem nunca se cansa do poder. E é precisamente por isso que alguns dependentes continuam agarrados, como dizia o autarca, "à teta do poder". Sempre é melhor tê-lo do que não o possuir. Por isso é que há duas listas neste processo. Porque uns se querem manter agarrados para não perderem as suas influências e outros o desafiam. Penso que é normal entre a Humanidade.
Um dia li um escrito que dizia que a principal diferença entre os opressores e os oprimidos é que os primeiros parecem divertir-se bastante mais. Talvez seja esta uma outra razão para justiticar os comportamentos individuais. Ninguém quer ser oprimido, comprimido ou reprimido, por vezes até banido. Ninguém gosta e quando isso sucede, as pessoas tentam 'ajustar contas'. É igualmente normal, inato no ser humano.
Churchil dizia que os nossos inimigos estão dentro do nosso partido; nos outros partidos estão os aversários. Infelizmente, a vida tem vindo a ensinar-me que, de facto, se criam inimizades internas, porque as pessoas disputam o mesmo espaço e o mesmo poder, que já é pouco e agora pequeno, porque não prezam a lealdade, a frontalidade, não valorizam a tolerância e a opinião divergente. O poder que o PSD confere neste momento é parco? É, mas é o que temos e as pessoas disputam-nos, de acordo com as regras vigentes, sujeitas a perder e a ganhar, na expectativa de o ver crescer na alternância política. Sempre é melhor assim, com democraticidade e liberdade para dizer tudo - até disparates e asneiras - do que num regime de imposição de lideranças pela força.
Um abraço para todos. E que seja o que os militantes quiserem. Por mim, prefiro vencer mas, se perder, vou continuar a minha vida como até aqui. Será que todos podem dizer o mesmo?

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