terça-feira, 30 de maio de 2006

A corporação do poder local

O destino não quis e não fui Presidente de Câmara. Bom, mais do que o destino, os eleitores do concelho de Abrantes.
Agora, não penso nisso.
Não fiquei, contudo, anti-autarca. Ainda assim, prometo ler o livro de Paulo Morais, ex-vice Presidente da Câmara Municipal do Porto. O livro "Paulo Morais: Mudar o Poder Local", da autoria de António Freitas de Sousa, é hoje apresentado no Porto, por Maria José Morgado.
A coisa promete, tal como prometem as afirmações feitas no livro.
Ler, interiorizar, questionar, duvidar, consolidar. Talvez exista fundamento bastante no livro para nos questionarmos, todos, sobre o sistema político partidário e a autoridade e peso cívico desempenhados, hoje em dia, pelos autarcas.
Segundo já consegui pesquisar, lê-se no livro que "neste momento, o conjunto de corporações que mandam em Portugal é muito restrito e forma um grupo bastante numeroso".
Pode ainda ler-se no livro que, segundo Paulo Morais, na entrevista a António Freitas de Sousa, o círculo vicioso instalado no poder local é "uma forma encapotada de transferir bens públicos para a posse de privados" e "uma visão obscura de financiamento dos partidos". Isto li na Visão, na edição de 25 de Maio último.
Também o "Independente", na edição de 19 de Maio, trazia uma peça sobre o assunto, sob o título de "Ex-vereador compromete PSD".
A teia é urdida, ao longo do livro, pelo que percebo do que li, em torno das "pressões" exercidas por personalidades ligadas ao próprio PSD, visando a aprovação de diversos projectos urbanísticos na cidade do Porto.
É claro que Paulo Morais está já a ser ouvido, desde há tempos, pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e deverá aí contar o que sabe e, quem sabe, implicar muita gente. Paulo Morais está ainda a ser ouvido pela Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT).
Vamos acompanhar. Para já, podemos fazê-lo através do blog do livro.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Quarta República

Tenho de confessar: o blog 4R (Quarta República) está animado, não só nos posts acutilantes e actuais, como nos comentários que revelam riqueza intelectual dos vários intervenientes.
Faz-me bem visitar aquele espaço e ali repousar enquanto absorvo o néctar das palavras.
Hoje, recomendo os post Congresso do PSD5, Congresso do PSD6, Congresso do PSD7 e Congresso do PSD8, todos do mesmo autor já aqui indicado: Pinho Cardão. Notáveis. Verdadeiras crónicas de um PSD actual, rebentando com a metodologia dos Congressos e com os notáveis, pseudo-notáveis, militantes anónimos e basistas. Põe o dedo na ferida e, de modo jocoso e crítico, expõe a nú as debilidades de uma organização partidária que encena festivais que já estão em clara perda de audiência, dando guarida a meia dúzia de enfadonhos políticos que já não conseguem aquecer os motores da máquina.
Creio que é assim nos mais variados partidos democráticos, em Portugal.
As crónicas de Pinho Cardão vão continuar, como o próprio afirma; e ainda bem, acrescento eu. Os comentários aos posts também merecem uma leitura.
Recomendo ainda a leitura do post do Miguel Frasquilho sobre a mudança de atitude de José Sócrates dos tempos em que era deputado aos tempos em que é Primeiro-Ministro. Só uma coisa se mantém coerente naquele homem: a falta de educação e a arrogância.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

O Congresso do PSD, por Rodrigo Moita de Deus

RMD, cuja moção aqui salientei, escreveu igualmente sobre o Congresso do PSD, no blog da Revista Atlântico.
Vale a pena a leitura do seu post de 22 de Maio pp. Vai longe este jovem. Não é verdade que a sua carreira política tenha durado até este fim-de-semana. Pode é haver outras carreiras que duram há tempo demasiado. Sobre isso, o futuro ainda há-de surpreender-nos.

O Congresso do PSD, por Pinho Cardão

Vale a pena ler os posts de Pinho Cardão, no Quarta República, alusivos ao XXIX Congresso do PSD.
Humor, crítica acintosa mas fiel e verdadeira, recomendo uma visita.
Garanto, no mínino, uns sorrisos:
Valeu?

(Mau) Jornalismo por encomenda

Em subtítulo, uma frase categórica: "Economia portuguesa crescerá 1,5% em 2007 graças às exportações e ao investimento".
A capa do jornal remete para o suplemento de "Economia".
Pego neste suplemento e leio um título bem mais comedido, menos espaventoso: "Retoma depende de moderação salarial e da redução do défice".
Pode não parecer mas é o mesmo assunto e a mesma notícia.
No suplemento há 3 ou 4 chamadas: "A OCDE alerta que Portugal corre o risco de ver o seu rendimento afastar-se da média europeia até 2012 se não alterar a política económica seguida no passado", é um deles; "Ameças à recuperação da economia: consolidação orçamental abaixo do projectado; aumentos salariais excessivos", é outra; por fim, "o desemprego, de acordo com a OCDE, vai continuar a subir este ano, iniciando a descida em 2007, quando Portugal estará a crescer 1,5%".
Depois, vou mesmo ler a notícia, de tão confuso que fico. Parece que a manchete optimista tem pouco a ver com o conteúdo da peça e, sobretudo, com o Relatório de Primavera da OCDE.
E leio: "Portugal corre o risco de se manter em divergência face aos países europeus até 2012 se as políticas económicas seguidas até agora se mantiverem inalteradas. Se os esforços de consolidação orçamental ficarem abaixo do esperado e o crescimento dos salários superar o da produtividade, até a retoma moderada antecipada para 2006 e 2007 poderá ficar ameaçada".
Referindo-se ao conteúdo do dito relatório da OCDE, o jornalista Sérgio Aníbal escreve que o mesmo "projecta um crescimen to médio anual de 2% para o período de 2008 a 2012, ainda abaixo dos 2,1% previstos para a Zona Euro no mesmo período". Por outras palavras, deveremos continuar em desfasamento, a ficar mais longe do sonho europeu.
E o relatório vai mais longe ao apontar previsões de défice muito diferentes das do Governo de José Sócrates: défice de 5% do PIB este ano (contra 4,6% previstos pelo Governo) e de 4,5% do PIB em 2007 (contra 3,7% previstos pelo Governo).
Depois olhos para os gráficos. No crescimento médio anual previsto entre 2008 e 2012, a Irlanda lidera (3,6%), seguida da Grécia (3,1%) e da Espanha (2,5%). Todos estes países competiam connosco aquando da nossa entrada. Hoje, estão no pelotão da frente.
No gráfico da variação da dívida pública, Espanha deverá ver a mesma diminuir 15 pontos percentuais do PIB entre 2007 e 2012. A Grécia deverá ver a sua dívida pública diminuir 10 pontos percentuais no mesmo período. A média da Zona Euro será, em previsão, de menos 4 pontos percentuais do PIB. Claro que Portugal (e Itália) está do lado oposto, sendo previsível que a nossa dívida pública aumente 3 pontos percentuais do PIB entre 2007 e 2012.
Podia continuar mas penso que já fui suficientemente explícito.
Uma coisa é a notícia e o conteúdo do relatório da OCDE (negros para o futuro de Portugal), outra é o título do jornal.
É por causa destes fretes e desta falta de rigor que o jornalismo, tal como a política, também tende a perder crédito nos dias de hoje. Felizmente, no jornalismo há gente séria e de rigor - a maioria. Mas este título interessa a quem? Faz o frete a quem? O que estará por detrás deste título desconexo com o conteúdo da respectiva peça jornalística?
Não será talvel alheio a tudo isto o comentário do Ministro da Economia do Governo PS, Manuel Pinho, a este relatório, igualmente inserido no suplemento de Economia do DN: "A OCDE baseou as suas previsões presentes neste relatório nos indicadores avançados e em alguns dados concretos que estavam disponíveis há algumas semanas atrás. A verdade é que para Portugal se ficaram a conhecer dois dados muito importantes na última semana e que a OCDE não incluiu: o desemprego e o comércio internacional".
Faz lembrar a história das sondagens: só são boas quando nos são favoráveis; caso contrário, são falsas, não traduzem a realidade e resultam de manipulação de dados.
Até porque o desemprego, como sabemos, reduziu cosmeticamente mas não em concreto; e no relatório está bem explícito um crescimento previsível das exportações da ordem dos 5,6% já em 2007.
Por isso, a manchete está em perfeita sintonia com a vontade de propaganda do Governo; o conteúdo da notícia, o relatório da OCDE e a real situação que Portugal vive é que não. Mas isso parece não ser importante.

Correcção ao post de 22.05.2006

Ontem, durante todo o dia, tentei aceder ao meu blog, sem sucesso.
Queria efectuar uma correcção ao post sobre o Congresso do PSD.
Pessoa amiga informou-me de uma incorrecção que escrevi e que tem mesmo de ser esclarecida. Na verdade, 23 eleitos por Marques Mendes em 55 conselheiros nacionais possíveis não dá maioria absoluta. Fiz, como é óbvio, mentalmente as contas a 45 eleitos.
Com 55 conselheiros nacionais, a maioria é aos 28.
Pelo lapso, as minhas desculpas. Afinal, Marques Mendes não conseguiu aquilo que Durão Barroso também não havia conseguido.
Ao meu amigo que me avisou do lapso, os meus agradecimentos e um abraço.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

O fado dos Congressos do PSD

No XXVIII Congresso do PSD, em Lisboa (o penúltimo), o mesmo foi abafado pela Assembleia Geral do Sporting.
Quando tudo parecia que ia correr melhor desta vez, eis que o Benfica anunciou, em pleno Congresso, que Fernando Santos irá ser o próximo treinador do clube das águias - o meu, por sinal.
E pronto, lá se foi mais um pedaço da cobertura da reunião magna do principal partido da oposição.
No final, 11 listas ao Conselho Nacional mas Marques Mendes conseguiu o que Durão Barroso não havia conseguido: elegeu 23 delegados em 55 possíveis. Maioria absoluta.
Luís Filipe Menezes cresceu 2 membros, desde Pombal, há um ano, tendo passado de 12 para 14 eleitos.
As listas geracionais (Miguel Goulão, Ricardo Almeida, Ana Sofia Bettencourt) chegaram, no seu conjunto, aos 11 eleitos. É pena que as diferenças estéreis entre alguns tendam a impedir a junção destas pequeninas tendências. Se organizadas e juntas tenderiam a não precisar do acolhimento de ninguém para poderem ser, de facto e na verdade, uma tendência geracional para ser levada a sério. Como sucedeu várias vezes no passado.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

"Vender" Abrantes na A23

Abrantes tem imensos produtos regionais que pode e deve promover. Podemos falar da doçaria, com a Palha de Abrantes e as Tigeladas entre os doces mais famosos.
Mas temos vinho, queijo, mel, enchidos, artigos de artesanato, música, livros, jornais...
Enfim, há muita coisa que podemos vender a quem nos visita ou a quem passa pelo nosso concelho.
Quando as bombas de gasolina da A23, na zona de Alferrarede, ficaram concluídas, recordo-me de ter dito em reunião de Câmara que me parecia importante aproveitar aquele espaço de paragem para "vendermos" Abrantes.
Está ali uma oportunidade de negócio.

Hoje, passados uns anos, fui lá de propósito, para ver o que Abrantes vende a quem ali tem de parar para abastecer a viatura ou o estômago, ou apenas para ir à casa de banho.
Nada, praticamente nada. Apenas vi Tigeladas e na loja de marca "Tasca", ou seja, o restaurante. Na loja das bombas, nada que indicasse estarmos em Abrantes.
Artesanato, era do Norte de Portugal, vinhos apenas os comerciais nacionais, com os alentejanos em destaque, doces só de outras proveniências, livros só aqueles esotéricos e outros falsos-profundos como os do Paulo Coelho.
Enfim, reparei que ninguém ainda tirou vantagem comercial para "vender" Abrantes naquele espaço comercial de eleição e excelência.
Quantas pessoas visitam aquele espaço diariamente? Fazem ideia do concelho onde estão? Sentem desejo de o visitar, de vir ao Castelo, aos museus, à Galeria, de visitar o Centro Histórico, o rio, as ruas, de conhecer melhor esta cidade com 8 séculos de história?
Se é verdade que há um caminho e um esforço privado a fazer, há outro que cabe às associações (Associação Comercial, Tagus, Nersant, entre outras) e outro ainda que cabe à Câmara Municipal e às Juntas de Freguesia.
Ignorar este desafio é perder oportunidades. Na minha modesta opinião...

terça-feira, 16 de maio de 2006

A culpa é dos outros

A melhor moção que vai ao Congresso do PSD está disponível através de um simples click aqui.
Imperdível, do melhor que já vi. Vale a pena ser lida até ao fim.
Palavra! Rodrigo Moita de Deus, Ana Sofia Bettencourt e Alexandre Picoto em grande estilo. O talento de RMD é, de facto, de assinalar.

Ainda as Festas de Abrantes 2006

Volto ao assunto.
Sinto que devo sublinhar o que penso poderem ser boas apostas.
A dispersão pelas ruas e praças do centro histórico, com música para ouvir e música para dançar.
O artesanato que, apesar de tudo, não poderia morrer.
O ciclo de cinema e vídeo. A exposição dos 90 anos de cidade.
O desporto, em especial o desporto para todos mas também e, sobretudo, a pesca desportiva. Uma grande dúvida sobre a caça ao pato, uma actividade tradicional das freguesias ribeirinhas do passado que parece ser ressuscitada.
A animação no Castelo.
O envolvimento das colectividades - e são tantas: escuteiros, AFC, os Patos, Clube Náutico, Benfica de Abrantes, Sporting de Abrantes, TSU, Team Baeta, Palha de Abrantes, Casa do Povo de Alvega, Cistus de Tramagal, entre outras; mas também a Associação Comercial e Serviços, a Tagus, a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Mouriscas, o Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida, a Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu.
Tenho algumas (muitas!) dúvidas sobre a aposta na Juventude no Mercado do Peixe, na cave da tradicional Praça (Mercado Diário).
Vamos ver, não quero ser nem optimista em demasia nem céptico em excesso.
Para já, fica o benefício da dúvida em alguns aspectos. Globalmente, saúdo a aproximação ao modelo que, de há muito, venho defendendo.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Festas de Abrantes'2006

Há 5 anos atrás, antes das eleições autárquicas de 2001, o PSD propôs um novo modelo de festas - "populares e não popularuchas", que fugissem à "farronca" mas acabassem com o esbanjamento de dinheiro público, que dessem espaço aos valores tradicionais concelhios, como o folclore, a etnografia, a música popular, entre outros.
Também sempre achámos que a organização deveria ser noutros moldes.
Desde há dois anos, pessoalmente eu venho defendendo que o modelo do largo 1º de Maio está esgotado e que urgia ser repensado.
Por tudo o que dissémos - e que eu disse - fomos e fui, por vezes, quase "crucificado". Sobretudo eu e o então redactor de um artigo sobre as festas, Armando Fernandes.
É por isso que saúdo o caminho feito pela maioria socialista na câmara, de aproximação ao que vimos defendendo, de ruptura com o anterior modelo, dando espaço ao convívio entre populações, privilegiando o contacto, promovendo a cidade (centro histórico), mobilizando todos os sectores, comercial e cultural incluídos.
Vai haver artesanato, festas populares, bailaricos, tasquinhas, desporto, cultura, comércio (cabe à Associação Comercial assegurar que os estabelecimentos estarão abertos em período nocturno), privilegiando a oportunidade de TODOS participarem. Pelo menos assim foi explicado e assim espero que aconteça.
Por isso, espero que o actual formato dê frutos. Porque me parece melhor do que o anterior; porque se aproxima mais dos pressupostos e fundamentos que o PSD vem defendendo desde há, pelo menos, cinco anos.
Tudo isto mais barato: o limite orçamental máximo do Município são 100 mil euros - 20 mil contos. Isto é tanto mais assinalável quanto os orçamentos-padrão eram superiores a 70 mil contos/ano, no início deste milénio.
Não vamos embandeirar em arco e fez bem a Câmara Municipal de Abrantes em modificar a organização e a estrutura das festas; mesmo que nunca diga - como nunca diz - por uma vez que seja, que afinal os autarcas do PSD já tinham visto e dito antes o que agora é óbvio e que vai ser realidade já no próximo mês de Junho.
Por uma questão de coerência com tudo o que vimos defendendo desde há anos, naturalmente votámos - eu e o José Moreno - favoravelmente a celebração de um contrato programa entre o Município e a Abranpolis (que vai liderar o processo das festas, com várias parcerias com privados, rompendo também aqui com o Centro Social do Pessoal do Município de Abrantes, organismo que, contudo, continua a ser "possuidor" do mair restaurante do recinto das Festas no 1º de Maio).
Não é o PSD que está de acordo com o PS; foi o PS que se aproximou de um modelo mais correcto e mais adequado, mais individualizado e menos "copiado" de outros concelhos. Não é caso para "puxar dos galões" mas também não devo esquecer a verdade dos factos. Só para que conste: o seu a seu dono.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Retoma?

Do mesmo modo que assinalei e assinalo sempre aqui quando os relatórios são desfavoráveis à conjuntura económica nacional, devo registar a revisão em alta do Banco de Portugal relativa ao crescimento económico português em 2006. Pelos vistos, passa de 0,8% para 1,0%. Faço esta correcção com satisfação, mas com igual prudência.
Só espero que seja verdadeira e não uma manobra menos lícita.
O senhor Constâncio é dado a alguns truques e jeitos. Vamos a ver. Espero que seja mesmo verdade, para bem de todos nós. E ainda é pouco, muito pouco, continuamos em afastamento face à média da União Europeia. Mas é sempre melhor do que estava previsto.
Menos bem está o comportamento da inflação, igualmente revista em alta.
O Governo já fez saber que não há revisão salarial intercalar, o mesmo é dizer que os portugeses vão continuar a perder poder de compra real.
O que diria o PS na oposição? Que águas agitaria?
Por mim, sei que os quilómetros em viatura própria para os funcionários e agentes do Estado, passaram em 2006 para 0,37 euros por cada quilómetro percorrido, contra os 0,36 euros do ano passado. Isto é um aumento de 2,8%. Os combustíveis já subiram mais de 14% desde o início do ano. Ora façam lá as contas. Agora, com os salários a perderem poder real de competitividade por força da inflação ter sido superior aos aumentos, o que nos resta?
Já sei: resta-nos continuar a ouvir Sócrates, Teixeira de Sousa e Constâncio, entre outros, a venderem o oásis que tanto criticaram e rebentarem com o resto deste país.
Será que a fuga não é o melhor dos caminhos?...

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Galo Verde

Hoje conheci um novo blog, muito interessante: o Galo Verde.
Muito interessante. Mais ainda é verificar uma enorme sintonia de preocupações com aquelas que venho aqui exprimindo neste espaço.
Vejamos o post de ontem, com o título Desilusão Total.
O Carlos (autor do blog), diz assim:
"Desilusão total para o eleitorado que acreditou nesta opção socialista. Tomou o poder com mentiras eleitoralistas, e segue vendendo a banha da cobra. A nova data para a inversão da tendência negativa em todos os indicadores económicos, passou a ser 2009! Até este momento não foi tomada qualquer medida para a diminuição da despesa pública; pelo contrário, ela aumentou drásticamente e até o número de funcionários subiu".
No seu post, o autor diz ainda que "os próximos dois anos vão ser de forte aperto financeiro para os portugueses, num cenário de aumento do desemprego, contenção salarial e agravamento dos perigos de sobreendividamento. Esta perspectiva sombria para a situação económica da população portuguesa foi ontem feita pela Comissão Europeia, confirmando a ideia de que as restrições impostas serão agora tão ou mais significativas do que as sentidas nos primeiros anos da crise económica iniciada em 2003", remetendo para um texto publicado no Sapo/Economia de ontem.
Gostei de o conhecer, Galo Verde.
O seu post sobre o CDS também não está nada mal, não senhor.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Falta de imaginação

Há dias assim...
...nada, não me surge nada! Voltarei amanhã.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

O mau aluno, o tal das «orelhas de burro»

O post é de anteontem, da autoria de João Aldeia.
Por ser mais difícil contar do que transcrever, com a devida vénia, aqui transcrevo as palavras que me preocuparam. Cá vai:
Não é só no universo do futebol que "o que hoje é verdade pode ser mentira amanhã", e vice versa.
Ainda não há muito tempo Portugal era apontado como o "bom aluno" na aplicação dos fundos comunitários e, de uma forma geral, na sua integração na economia europeia.
Agora, segundo o jornal Público de hoje (pag. 33), reportando-se a um relatório da Comissão Europeia com um primeiro balanço do último alargamento, «Portugal é apontado aos novos membros da UE como o exemplo a não seguir no processo de aproximação aos níveis de rendimento médio da UE. À luz da experiência dos quatro antigos países "pobres" - Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda -, a Comissão considera que uma convergência bem sucedida pressupõe taxas de investimento elevadas, condições macro-económicas e laborais sólidas e uma boa gestão pública conjugada com um bom ambiente institucional. Enquanto a Irlanda preenche todos os requisitos com distinção, Portugal teve a evolução inversa, devido à "importante" perda de competitividade provocada pelo "crescimento "significativo" dos custos unitários do trabalho num contexto de mercado laboral rígido, a par dos desequilíbrios externos "que começaram a deteriorar-se de forma notável no fim dos anos 1990" e de uma política orçamental expansionista, que se tornou pro-cíclica durante a recessão de 2003."»
E aqui está, a Nação Valente e Imortal, com orelhas de burro, virada para a parede, apontada aos novos Estados membros como aluno cábula e exemplo a não seguir.
Sem comentários, a não ser um recadinho para o nosso bem amado líder Durão Barroso: "Também tu, grande bruto!?"
Comentários para quê? E, a ser assim, quanto tempo mais aguentaremos como país, soberano e inedependente? Não é só no plano económico, é mesmo no plano político? Um Estado também pode estoirar, as suas gentes podem desertar, a coisa pode mesmo piorar.
Que futuro nos assegura Portugal?
Podemos confiar no país? E o país, pode confiar nas suas gentes? Que gentes, que dirigentes, que pseudo-elites?
Ó triste fado. Convidaram-me há dias para ser membro de um site colectivo onde só se pode dizer bem de Portugal. É o Portugal Mais Positivo.
Confesso a minha impotência. Não é que não existam coisas positivas em Portugal. Claro que sim. Mas sinto mais vontade de relatar o que vai mal, muito mal. Em Abrantes, no distrito, no país. Sobretudo a este nível. Estamos tão longe de sermos bons.
E as dúvidas vão aumentando: Voltaremos um dia a ser um país com perspectivas de futuro? Se sim, quando? Será ainda durante a minha passagem pela terra? Em que posso ajudar? E posso confiar em que me peça ajuda? Os exemplos recentes têm sido contrários. Pedem-me sacrifícios mas vejo acentuar, cada dia mais, as desigualdades, as assimetrias, o caminho a percorrer é cada vez mais longo.
Parece que estou a caminhar para o mar e este cada vez mais longe...
Não gosto, fico chateado, é claro que fico chateado.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Póvoa de Varzim

Desta vez, quase de certeza que não irei estar presente no XXIX Congresso Nacional do PSD, que se realiza na Póvoa de Varzim, entre os dias 19 e 21 de Maio.
É longe - muito longe, não há grandes motivos para discussão e fica bastante caro aos bolsos de cada um - pelo menos aos meus.
Marques Mendes sucederá a Marques Mendes e não antevejo nenhuma grande surpresa no rol dos membros que o acompanharão nas listas candidatas aos órgãos nacionais.
O único ponto de interesse que poderia haver seria se o Zé Beto Pereira Coelho obtivesse uma boa votação. Felizmente, imperou o bom senso - forçado pela Jurisdição Nacional, que vetou a lista, por irregularidades - e o Zé Beto não é candidato. Fica a contas com a Justiça, pelo que depreendo da queixa apresentada à Polícia Judiciária por falsificação de assinaturas, na tentativa de chegar as 1.500 exigidas pelas leis internas do PSD.
Ou seja, estaremos em presença de um Congresso diferente dos até aqui realizados, por força da introdução das directas e da revisão dos Estatutos, mas que antevejo sem chama, sem interesse e sem alma. Os "situacionistas" já se colaram todos à máquina interna do poder, procurando assegurar a sua sobrevivência. Muitos deles nunca tiveram, não têm nem terão profissão. Ou seja, antes de haver Congresso já se pode perceber quem vai estar e quem não vai estar na máquina do poder. Muitos deles estiveram contra Marques Mendes, quando estavam com Durão Barroso. Mas, antes, já tinham estado contra Durão Barroso quando estiveram com Fernando Nogueira.
E nesta lógica do "todos ao molho", todos se ajudam a equilibrar uns aos outros, ninguém cai, todos "amanham o peixinho". Até porque todos se conhecem já há quase duas décadas, altura em que se profissionalizaram na política dos talentos ausentes e dos curricula vazios. Bem sei que custa dizer isto assim, verdade crua e nua. Porém, é a verdade.
Infelizmente, é assim em quase todos os partidos, pelo menos nos maiores, com vocação de poder. Aparece gente boa e gente de menos qualidade; estes, normalmente, profissionalizam-se e conseguem "chutar" os "mais capazes" em termos pessoais, profissionais, intelectuais e sociais. É a teoria da boa e da má moeda, que aqui revisito.
Por isso, o que iria eu lá fazer? Maçar-me, moer-me, ver o que sempre tenho visto? Para isso, não vou; fico por cá. Talvez acompanhe na TV ou na Net. Talvez... Se vir que vale a pena. Não estou tão seguro disso e há coisas mais interessantes a fazer nesse fim de semana.

terça-feira, 2 de maio de 2006

Pic-Nic no Codes

Depois de mais uma longa e algo saturante sessão da Assembleia Municipal de Abrantes, lá voltei, no fim de semana, ao Codes, freguesia de Santiago de Montalegre, concelho de Sardoal.

Livra! A Assembleia Municipal foi mesmo longa, saturante e até, em alguns momentos, chata.
Do lado do PS, com uma bancada extensa, apenas uma estrela da companhia assume das despesas da casa. Claro, descontando a intervenção sempre bem humorada do decano Manuel Dias - que, em bom rigor, nada trouxe à discussão, excepto uns palavrões metidos de forma simpática! - e a do Presidente da Junta de São João, algo confusa, prolixa e ininteligível.
Do mais, falou o Mor, depois o Mor, ainda o Mor, a seguir o Mor, depois o Mor, novamente o Mor, a seguir o Mor e, finalmente, o Mor.
Uma bancada tão extensa em número e tão parca em intervenções. Como é que é possível?
Do lado do PSD, entre 11 elementos, usaram da palavra 9. Um contraste.

Por isso, o regresso ao Codes, em família, foi excelente. Foi um dia bem passado, um belo dia a fazer antecipar o Verão que aí vem.
Aliás, o Codes, em família restrita ou alargada, é sempre uma belíssima opção.