terça-feira, 30 de maio de 2006

A corporação do poder local

O destino não quis e não fui Presidente de Câmara. Bom, mais do que o destino, os eleitores do concelho de Abrantes.
Agora, não penso nisso.
Não fiquei, contudo, anti-autarca. Ainda assim, prometo ler o livro de Paulo Morais, ex-vice Presidente da Câmara Municipal do Porto. O livro "Paulo Morais: Mudar o Poder Local", da autoria de António Freitas de Sousa, é hoje apresentado no Porto, por Maria José Morgado.
A coisa promete, tal como prometem as afirmações feitas no livro.
Ler, interiorizar, questionar, duvidar, consolidar. Talvez exista fundamento bastante no livro para nos questionarmos, todos, sobre o sistema político partidário e a autoridade e peso cívico desempenhados, hoje em dia, pelos autarcas.
Segundo já consegui pesquisar, lê-se no livro que "neste momento, o conjunto de corporações que mandam em Portugal é muito restrito e forma um grupo bastante numeroso".
Pode ainda ler-se no livro que, segundo Paulo Morais, na entrevista a António Freitas de Sousa, o círculo vicioso instalado no poder local é "uma forma encapotada de transferir bens públicos para a posse de privados" e "uma visão obscura de financiamento dos partidos". Isto li na Visão, na edição de 25 de Maio último.
Também o "Independente", na edição de 19 de Maio, trazia uma peça sobre o assunto, sob o título de "Ex-vereador compromete PSD".
A teia é urdida, ao longo do livro, pelo que percebo do que li, em torno das "pressões" exercidas por personalidades ligadas ao próprio PSD, visando a aprovação de diversos projectos urbanísticos na cidade do Porto.
É claro que Paulo Morais está já a ser ouvido, desde há tempos, pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e deverá aí contar o que sabe e, quem sabe, implicar muita gente. Paulo Morais está ainda a ser ouvido pela Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT).
Vamos acompanhar. Para já, podemos fazê-lo através do blog do livro.

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