segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Post 80



Este é o 80º post deste blog.
Disseram-me que o meu anterior post era forte em demasia, que era muito cáustico, que era um duro golpe em algumas pessoas.
Acho que, se por um lado, devemos criticar mais as ideias do que as pessoas, neste caso, à míngua de ideias do outro lado, considero ter sido mesmo comedido e sinto ainda uma certa sensação de ter ficado muito mais por dizer; o que, na minha forma de ser, considero uma contrariedade que determinei sobre mim. Esquisito, não é?
Apetece-me mais, fazer mais, estar mais, pensar mais, dizer mais. Mas não devo. Há coisas que devem e têm de ser ditas nos locais apropriados.
Vejo muito bem o que está e o que pode vir a acontecer e se algumas vezes tenho um olho semi-cerrado é porque o fechei de propósito para não ver. Claro que me refiro à vida no meu partido, nada mais. Há muitas outras coisas onde seu um perfeito naïf, um ingénuo pouro. Que gosta da verdade e da transparência, com emoções e afectos à mistura. Que tem defeitos, por certo (e ainda bem) mas que procura melhorar e "crescer" a cada dia que passa.
Não há mal nenhum nisso. Já dizia o grande Almada Negreiros nos seus "Ensaios" que "a ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral". Dizia ainda Almada que "na ingenuidade tudo é de ordem emocional. Tudo".
Sábias palavras as deste homem que contrapõe a ingenuidade à "esperteza saloia".
Sobre a esperteza saloia, diz Almada que "a esperteza saloia representa bem a lição que sofre aquele que não confiou afinal em si mesmo, que desconfiou de si próprio, que se permitiu servir de malícia, a qual como toda a espécie de malícia não perdoa exactamente ao próprio que a foi buscar. Em português a maílica diz-se exactamente por estas palavras: esperteza saloia".
Fiquem bem!

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