sábado, 25 de fevereiro de 2006

XVIII Congresso Nacional do PSD

Nos dias 17 e 18 de Março pf o Congresso Nacional do PSD vai voltar a reunir-se, desta feita para discutir muito sobre a organização interna do PSD, mais do que sobre os grandes desafios do futuro de Portugal.
Havia a promessa, marcou-se o Congresso, veremos os seus efeitos.
Ontem à noite os militantes do PSD de Abrantes reuniram-se para elegerem os seus 2 representantes a esse Congresso Nacional.
Eu não fui candidato porque já sou participante no conclave por direito próprio de ser o 1º eleito na Câmara Municipal, assim como há outros companheiros e amigos como o Luís Coelho e o Mauro Xavier que já estão garantidos no Congresso por inerência das suas funções.
O confronto de ontem foi interessante. De um lado, o candidato desafiador à concelhia de Abrantes, Gonçalo Oliveira, numa espécie de primárias internas para testar a sua força e a sua mobilização. Ao longo da semana falaram-me numa mobilização em massa, rondando os 60 elementos afectos à sua candidatura.
Do outro, o ainda líder (demissionário) Armando Fernandes.
De um lado, pois, a forte motivação de mostrar serviço e de tentar provar que existe um projecto geracional forte e aglutinador.
Do outro, a visão menos comprometedora e mais serena de quem está de saída da direcção concelhia do partido, com elevação e dignidade.
Ao todo, 122 militantes com quotas pagas, entre os mais de 440 inscritos na concelhia.
Em face do que me iam dizendo, acreditei que Armando Fernandes poderia ser eleito mas que, em face dos esperados 60 militantes apregoados do lado do candidato desafiador, este sairia vencedor. Contudo, beneficiando do método de Hondt, se Gonçalo Oliveira (e Nuno Lopes e ainda Álvaro Chaleira, este último como suplente) não lograsse duplicar os votos de Armando Fernandes (e José Moreno e ainda Fernanda Aparício, esta com suplente também), seria eleito um de cada lado.
Foi nisso que apostei, foi nisso que apostámos. Não fizémos mobilização prévia, não pedimos a ninguém que pagasse quotas, não pagámos quotas de ninguém, não fizémos nenhum esforço adicional. Quisémos apenas marcar posição.
Foi mesmo assim. Palavra!
Quando abriram as urnas e vi começarem a chegar os apoiantes de Gonçalo Oliveira - alguns dos quais nunca tinha visto na minha vida, nem na sede nem nas campanhas, palavra! - convenci-me de que iria ser mesmo como eu tinha pensado. Serenamente, vi-os chegar e votar, para depois sairem.
Em toda a noite nunca se falou se os delegados de Abrantes vão defender as eleições directas ou o seu contrário. Isso não parece ter sido importante. Importante mesmo era testar a capacidade de mobilização de um candidato geracional que quer liderar a concelhia com grandes objectivos.
A doutrina, as bases programáticas e ideológicas, a consistência estratégia parecem não ter nada a ver com o assunto.
Fiquei surpreendido ao verificar, afinal, no final do plenário, na contagem dos votos, que Armando Fernandes venceu o candidato desafiador Gonçalo Oliveira por uns expressivos 61,1% dos votos. Se tivesse existido mobilização mesmo do lado de Armando Fernandes (onde me incluo) e poderíamos nós ter duplicado os votos (aos 66,7%), assegurando os dois lugares no Congresso.
Sobretudo porque, contando os apoiantes de Gonçalo Oliveira que subiram a escada da sede e descarregaram o seu voto, 4 ou 5 não votaram naquela lista. Também não votaram em branco. Votaram em Armando Fernandes. Como? Porquê? Não sei! Não entendo!
Contudo, acho que é justo ter sido assim, isto é, que quer um quer outro candidato tenham sido eleitos para irem ao Congresso.
Penso que Gonçalo Oliveira cometeu aqui, em todo este processo, um erro. Como candidato a Presidente da concelhia que queria testar a sua força e a sua capacidade de liderança, sai prejudicado nestas eleições e não poderia ter-se sujeitado a isto. Não venceu, viu fugirem votos de alguns dos seus apoiantes, não provou e no primeiro round foi batido. Não precisava de ser assim mas a recusa a uma lista consensual a isso conduziu.
Não houve revanches, não houve picardias, houve muita elevação e delicadeza de ambas as partes, excepto, claro, o evidente trago amargo do sabor que as derrotas trazem na hora de aceitar o resultado e abandonar a sede. Posso falar nisso sem complexos; já o provei e sei que é pouco agradável.
Gonçalo Oliveira ficou fragilizado mas isso não o impedirá, por certo, de concorrer à concelhia e assegurar mobilização para 24 de Março.
Aí penso que as coisas poderão ser diferentes.
Para já, parece estar sozinho no terreno. Talvez definitivamente sozinho. Pode preparar tudo com tempo mas deve, igualmente, saber ler os sinais.
Por vezes, o orgulho não é bom aliado porque pode conduzir à cegueira, à incompreesão, à intolerância, à criação de estéreis muros altos.
Gonçalo Oliveira pode vir a concorrer sem oposição.
Mas ontem não poderia ficar sozinho. O partido, até 24 de Março, ainda tem liderança concelhia e esta merecia - como merece - ir ao Congresso discutir os assuntos na agenda.
Era uma questão de dignidade, de honra, de integridade.
Nos últimos dois Congressos nacionais os candidatos de Abrantes já tinham sido Armando Fernandes e Gonçalo Oliveira, por esta ordem, em lista única.
Ontem, apesar de em listas opostas, a história e a tradição mantiveram a ordem natural das coisas: Armando Fernandes em 1º, o candidato desafiador à concelhia em último. Claro que, tal como a anedota conta, também pode haver quem leia que Gonçalo Oliveira ficou em 2º e Armando Fernandes em penúltimo, mas isso são as decorrências habituais das leituras enviesadas.
Para que conste, o único lugar de observador (sem direito a voto) foi para o candidato nº2 da lista mais votada ontem à noite, por acordo entre as listas candidatas, com o beneplático do Presidente da Mesa, Carlos Coelho. Ou seja, José Moreno irá estar igualmente, embora sem direito a voto, no Congresso de Lisboa.

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