segunda-feira, 5 de março de 2007

Ecomuseu

Um dos assuntos que hoje foi apreciado e deliberado em reunião da Câmara Municipal de Abrantes teve a ver com o espaço do Ecomuseu, em Martinchel.

O espaço é só isso mesmo - um espaço. Vazio, sem conteúdos visíveis, sem actividades dignas de registo.
Agora, ao cabo de alguns anos de degradação física do espaço e da sua envolvente, a Câmara Municipal de Abrantes decidiu entregar à empresa Alfa Aventura a gestão do espaço, o qual passará a dar apoio à promoção turística do concelho.
Está assim morto o Ecomuseu. Mas, afinal, o que é um Ecomuseu?
Trata-se de um conceito relativamente novo, criado em França no início da década de 70 do século passado, por um senhor chamado Hugues de Varine.
Segundo o «Jornal de Notícias" de Domingo, 04.03.2007, a filosofia de um ecomuseu "tem como princípio programático a focalização na identidade de um determinado local e o envolvimento constante da comunidade onde se insere". Logo por aqui se vê que nunca tivémos um ecomuseu mas um edifício pago com o nosso dinheiro que nunca foi o que estava previsto ser.
Diz ainda o JN que "os ecomuseus privilegiam o património cultural e natural em detrimento da colecção e a comunidade em vez dos visistantes e são polinucleares, ou seja, não se restringem a apenas um espaço físico".
Podem ainda ver o que a Wikipedia define como ecomuseu.
O maior ecomuseu do mundo fica no Canadá, apesar de França e Itália serem os países do mundo com mais tradição neste tipo de equipamento. O Kalyna Country é, de facto, o maior ecomuseu do mundo, com mais de 20 mil quilómetros quadrados de área. Visitem e vejam como é diferente daquilo que nunca chegámos a ter.
Aos poucos, a política do executivo socialista vai tentando corrigir os erros do passado, embora nunca admite que a oposição tinha razão quando fazia críticas a um modelo expansionista do lado da despesa sem sopesar devidamente a necessidade de criação sustentada de riqueza. E quando falo de oposição - modéstia à parte - falo do PSD, a única que tem sido consistente e coerente e que tem "direito" a reclamar créditos pela inflexão de política que o PS vem tentando efectuar, sobretudo desde as eleições de Outubro de 2005.
Por cá, o ecomuseu do Seixal já compeltou 25 anos de actividade. Visitem também e verão todas as diferenças para o nosso concelho. "Territorialmente, o EMS integra 8 sítios (6 núcleos museológicos e 2 extensões) e gere 3 embarcações tradicionais de recreio. Funcionalmente, o EMS baseia-se na gestão integrada de serviços, por que se reparte a nossa equipa permanente de cerca de 45 pessoas, abrangendo a investigação, a documentação, a conservação, a exposição, a difusão e a educação, centradas num vasto acervo museológico e num património muito diversificado", podemos ler no sítio indicado.
Há outros em Montalegre (ecomuseu do Barroso), em Belmonte (ecomuseu do Zêzere) e em Viseu (ecomuseu da Torredeira), pelo menos.
Por cá, escolhemos a via mais fácil: entregou-se a uma empresa que explora o Parque de Lazer e Recreio de Aldeia do Mato e - em teoria - os bungallows, os tais que tardam a entrar em funcionamento, demonstrando mais um mau investimento efectuado por este executivo.
Mesmo assim, vale a pena tentar este novo rumo, porque já ficou provado que a Câmara Municipal de Abrantes não dispunha de pergaminhos para criar, explorar e manter em adequado funcionamento o Ecomuseu de Martinchel.

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