segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

2008

Quando eu era mais novo e até há cerca de uns 10 anos atrás - talvez um pouco mais - fazia desejos para o ano novo que ia entrar. Escrevia-os e passava o ano com eles no bolso. Formulava votos e pedia a uma entidade divina que eles se concretizassem.
Aos poucos fui deixando esse ritual e perdendo as superstições e hoje formulo mentalmente alguns desejos básicos: ter saúde para mim e para os que me são mais chegados, ter paz e harmonia familiar, ter estabilidade profissional e tranquilidade financeira, na medida do possível para ir pagando as minhas contas e não viver em clima turbulento. São básicos estes desejos? São, mas não devemos olhar para eles de forma arbitrária. Estão dispostos por prioridades e devem corresponder ao que cada português médio, com a mesma visão da vida e do mundo que eu tenho, deseja para si e para a sua família.
É claro que estes desejos se desmaterializam em imensos outros, deles derivados.
Gostaria que os meus filhos fossem sempre saudáveis, bonitos e inteligentes.
Gostaria que os meus amigos vissem concretizados como seus desejos os que formularam e os que desejo para mim.
Gostaria que o meu partido tivese mais força e credibilidade para se afirmar mais local, distrital e nacionalmente.
Gostaria de ser aumentado e ter melhores condições de reconhecimento profissional, e que a empresa onde trabalho solidifique e ganhe forças para 2008 e anos seguintes se afirmar como uma boa empresa, com futuro, liderante.
Gostaria que não houvesse mendicidade e pobreza.
Gostaria que a droga fosse erradicada do planeta (um desejo infantil muito naïf).
Gostaria que houvesse policiamento das ruas e sensação de segurança na minha cidade e no meu concelho, de dia e de noite.
Gostaria que houvesse mais criação de empresas e riqueza no meu concelho, de modo a que, egoisticamente, eu possa sonhar que os meus filhos não terão de 'emigrar' um dia, para estudarem e trabalharem, no fundo, para serem felizes onde o destino o venha a permitir.
Gostaria que a minha cidade e concelho conhecessem um verdadeiro surto de desenvolvimento sustentado, de modo sólido e estruturado e não esta espuma dos dias onde se gasta dinheiro público mas não surgem forças internas e externas que nos façam dar o salto competitivo de que necessitamos para fugirmos à inevitabilidade de virmos a ser mais um concelho a definhar no futuro.
Gostaria que houvesse mais densidade cultural, mais dinamismo social, mais vigor da sociedade para nos podermos afirmar colectivamente como uma comunidade com futuro.
Gostaria que houvesse mais oferta em cuidados de saúde para que não haja portugueses em lista de espera, sem um médico de família.
Gostaria que houvesse capacidade para o governo decidir depressa a construção do novo aeroporto, por mim em Alcochete, numa estrutura grande, competitiva, de futuro, preparada para os grandes voos intercontinentais e as grandes rotas comerciais de passageiros, antes que Espanha o faça antes de nós, enquanto andamos entretidos em discussões mesquinhas.
Gostaria que a causa ambiental fosse assumida mundialmente como prioridade nº2, logo a seguir à da erradição da pobreza.
Gostaria que a liberdade fosse um valor universal, verdadeiramente inalienável e respeitadem todo o universo.
Gostaria que não houvesse fanatismos, extremismos, terrorismo e comportamentos como a pedofilia.
Gostaria que descobrissem a cura para todos os tipos de cancro, bem como a SIDA e que descobrissem um método eficaz e indolor para que todos pudéssemos morrer sem sofrer.
Gostaria que os automóveis deixassem de andar movidos a petróleo e passassem a usar hidrogéneo ou qualquer outro produto 'limpo' e sei que isso já é possível e só não sucede porque há muitas economias que desejam manter o uso do petróleo porque são ricas no 'ouro negro' e sem ele as suas economias - e mesmo a economia mundial - sofreriam convulsões e ajustamentos estruturais cuja dimensão e natureza ainda ninguém tentou objectivar.
Gostaria que o Benfica ganhasse o campeonato, Portugal o Europeu, que houvesse um piloto de Fórmula 1 português no topo do pelotão, que o Carlos Sousa ganhasse o Dakar, que a Vanessa Fernandes continuasse a melhor na sua modalidade, que o Ronaldo fosse o melhor do mundo e tantos outros Ronaldos, no desporto, na ciência, na gestão, na matemática, na informática, portugueses, continuassem na senda dos seus êxitos profissionais e pessoais e, desse modo, a encher-me de orgulho por ser português e a sentir arrepios quando oiço o hino nacional tocar no estrangeiro e a bandeira nacional a subir ao mastro.
Gostaria de tantas coisas mais, umas mais vastas e gerais, outras mais pequenas, mundanas no 'meu mundo', que só a mim dizem respeito, bem como à minha família.
Por exemplo, gostaria de poder começar a ter dinheiro para poder pensar em construir o meu refúgio no Codes, um pequeno espaço para estar e permanecer mais tempo naquele retiro idílico onde retempero forças e me sinto perto das origens, onde me conheço melhor e contemplo a natureza quase virgem, embora tenha ainda fresca na memória a lembraça da 'língua vermelha que varre tudo', tal como o senhor António me ensinou a chamar ao fogo. Mas sinto ali os 4 elementos (terra, ar, água e fogo), num reencontro que vai além do físico e se materializa num espaço de reflexão espiritual, de reencontro com o mundo e comigo e muito gostaria de poder começar, tão cedo quanto possível, a erguer as paredes de um futuro espaço que permita permanências mais duradouras na minha 'Quinta da Ponte Velha'. Gosto de imaginar os cheiros, sons e cores da terra que me pertence e isso dá-me imenso prazer, mesmo que me canse quando lá ando a trabalhar. É um cansaço diferente, agradável, prazenteiro até.
Gostaria também de poder continuar a viajar, com a minha família, a conhecer mundo, outras culturas, outros lugares, outros costumes, outros povos, enriquecendo a minha visão sobre a humanidade, as suas virtudes e os seus defeitos.
Muitos destes desejos serão realizados, outros ficarão por realizar, outros serão parcialmente conseguidos. Muitos vão para além de 2008, muito para além disso.
Sei que assim será e já tenho a serenidade suficiente para saber, também, que não consigo mudar o mundo - e mesmo que o conseguisse, teria sempre mais piada fazê-lo conjuntamente com outras pessoas.
Mas, nem assim, nem sabendo que muitos dos meus desejos possam ser até mesmo infantis, deixo de sonhar e de os sentir. Pode ser que...
Até lá, feliz 2008.

2 comentários:

nGaspar disse...

Caro, Pedro!

Penso que se a humanidade fosse unida, como de facto deveria ser, muitos desses desejos seriam facilmente concretizados.
Muitos dos mesmos tb fazem parte da minha lista :) inclusive o Benfica campeão! Por certo, copiámos a lista...

Um bom ano.

renard disse...

Bom Ano Yoda. Espero que esses teus desejos, os mais tangíveis pelo menos, se concretizem e que 2008 e todos os que se seguem te traga o dobro daquilo que desejas...

CV