quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

30k km/h nas localidades?

Vinha no carro a ouvir as notícias. Fiquei perplexo. Não pelo facto de José Socrates agora preferir a ratificação parlamentar do Tratado da União Europeia, quando antes defendia acerrimamente o Referendo. Compreendo as razões dele e dado que até já é habitual ele mentir aos portugueses e dar o dito por não dito, nem sequer já levo a mal esta flutuação de convicções.
A notícia que me fez ficar mal disposto é a intenção de reduzir a velocidade dentro das localidades para 30 km/h. Isso não é andar e é um perigo.
Concordo que o Estado imponha estes limites se o mesmo Estado proibir construções de quilómetros contínuos de casas ao longo das estradas. Por outras palavras, arranjem alternativas de circulação fora das localidades e depois - só depois - imponham os limites que quiserem.
Eu percebo as preocupações e a vontade de reduzir a sinsitralidade em peões dentro das localidades. Arranjem barras laterais de protecção e permitam o atravessamento apenas nesses pontos, em passadeiras elevadas, precedidas de bandas sonoras. É justo.
Agora, esta solução é a mais fácil - os condutores que se tramem.
Levanto-me todos os dias às 6:45 para ir para o trabalho. Pelo caminho, passo em várias localidades, desde o final da A23 em Torres Novas, até Boleiros, em Fátima. São pelo menos 9 quilómetros que, à média de 30 km/h (sem semáforos fechados, sem camiões nem tractores, sem qualquer interrupção, portanto) passam a ter de ser feitos em 18 minutos (ou mais). É verdade que até agora os faço em metade do tempo (à média de 60 km/h, admitindo que poderei exceder aqui e ali o limite de 50 km/h, quando o posso fazer) mas, em números redondos, aumento a viagem em 10 minutos, perco em interesse de condução e diminuo a concentração na condução, porque essa velocidade é entediante.
Depois, quando há deslocações entre Boleiros (onde temos a fábrica) e Algar d'Água (onde temos ainda a sede e os escritórios), teremos de fazer os 12 quilómetros em cerca de 25 a 30 minutos (com as interrupções e os semáforos, porque a estrada está sempre em obras e é toda urbana). Multiplicando isso pelos vários carros que circulam entre estas duas instalações traduz um prejuízo enorme para a economia, porque prejudica a rentabilidade da nossa empresa. E somando os prejuízos das várias empresas e na vida dos particulares, só posso concluir que esta medida é impossível de concretizar.
Logo, regresso à minha proposta inicial: encontrem alternativas de circulação fora das localidades, proibam a construção a menos de 50 metros de estradas, coloquem barras de protecção ao longo das estradas dentro das localidades e proibam o atravessamento indiscriminado, criando zonas próprias para o efeito.
Penso em mim, é claro, mas penso também, e sobretudo, no impacto desta medida idiota na economia nacional e na perda de competitividade das empresas, que verão aumentada a sua ineficiência, a sua falta de produtividade e os seus prejuízos.
A ver vamos como a situação vai evoluir mas estou na guerra contra esta medida idiota e perfeitamente tonta, feita a pensar no facilitismo da solução. Quem terá sido o idiota?
Ou terá sido este anúncio mais uma das formas habituais de o governo tentar referendar as intenções, de medir o pulsar da população? O futuro o dirá, senão mesmo já os noticiários de amanhã.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens razão!
Não sabia é que tinhas um "amigo" tão grande na blogosfera!
Até no perfil ele se manda com indirectas a ti... Será que tem algum PICO num pé, qual pedra no sapato, provocada pelos desaires eleitorais?
Como diz o Blogger desconhecido do Palha de Abrantes, espero q ele nunca seja eleito... Para pior já basta assim....